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Ex-Corinthians é citado em esquema do PCC que usava atletas base

Fotos e mensagens obtidas em quebras de sigilo reforçam suspeitas sobre o papel do ex-meia no circuito de agenciamento

Thacio Mello

25/09/2025 às 14:20  atualizado em 25/09/2025 às 14:21

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Ex-jogador teria avaliado jovens atletas em rede de agenciamento investigada por lavagem de dinheiro

Ex-jogador teria avaliado jovens atletas em rede de agenciamento investigada por lavagem de dinheiro | Reprodução/Lance

O jogador Danilo Gabriel de Andrade, conhecido somente como Danilo, foi citado em investigações que o ligam a um esquema de lavagem de dinheiro associado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O ex-atleta era indicado como uma espécie de “crivo técnico” (expressão usada por investigados) na seleção de jovens jogadores.

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As investigações que relacionam Danilo ao esquema são conduzidas em conjunto pela Polícia Federal (PF), pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

As apurações começaram a partir da investigação de seis homicídios relacionados ao PCC. Os crimes ocorreram entre 2021 e 2024. Segundo documentos obtidos pelo Gaeco e pelo MP-SP, havia um esquema de lavagem de dinheiro sendo operado pela facção. Esse esquema ocorria por meio do agenciamento de jovens atletas.

Danilo atuava como avaliador técnico dos jovens, que eventualmente poderiam ser abordados por empresas agenciadoras ligadas ao PCC. O ex-atleta trabalhava como técnico das categorias de base do Corinthians.

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Até o momento, não há informações que liguem diretamente Danilo às transações investigadas envolvendo os jovens agenciados. No entanto, o Gaeco obteve, por meio de quebra de sigilo, mensagens de WhatsApp em que o nome do ex-jogador é citado.

Danilo era tratado como “crivo técnico” e avaliava o potencial dos atletas. Veja as imagens extraídas das conversas:

Felipe Tancredi anunciava no grupo que fechava o contrato de jogadores com o Corinthians | Reprodução/Lance
Felipe Tancredi anunciava no grupo que fechava o contrato de jogadores com o Corinthians | Reprodução/Lance
Danilo era citado diversas vezes durante as conversas, sendo considerado "crivo técnico" para os envolvidos | Reprodução/Lance
Danilo era citado diversas vezes durante as conversas, sendo considerado "crivo técnico" para os envolvidos | Reprodução/Lance
Durante as conversas eram compartilhadas informações de transações envolvendo o jogador Du Queiroz | Reprodução/Lance
Durante as conversas eram compartilhadas informações de transações envolvendo o jogador Du Queiroz | Reprodução/Lance
Felipe Tancredi era acionado diversas vezes durante a conversa | Reprodução/Lance
Felipe Tancredi era acionado diversas vezes durante a conversa | Reprodução/Lance
Outros jogadores eram citados pelos participantes do grupo | Reprodução/Lance
Outros jogadores eram citados pelos participantes do grupo | Reprodução/Lance
Propostas e transações eram propostas e confirmadas pelos participantes | Reprodução/Lance
Propostas e transações eram propostas e confirmadas pelos participantes | Reprodução/Lance
Maços de dinheiro eram exibidos para os outros participantes | Reprodução/Lance
Maços de dinheiro eram exibidos para os outros participantes | Reprodução/Lance
Um dos participantes indica que o jogador Du Queiroz precisava de uma chuteira e outro confirma a compra | Reprodução/Lance
Um dos participantes indica que o jogador Du Queiroz precisava de uma chuteira e outro confirma a compra | Reprodução/Lance
Participantes do grupo comemoravam o firmamento de um contrato | Reprodução/Lance
Participantes do grupo comemoravam o firmamento de um contrato | Reprodução/Lance

Os diálogos apresentados são de um grupo no WhatsApp chamado “Sports” e datam de junho de 2021, demonstrando a lógica de aproximação dos investigados com os atletas:

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  • Referência institucional: os investigados buscavam respaldo junto ao ex-presidente do Corinthians: “Já pedimos referência pro Duílio”;
  • Avaliação técnica: na sequência, Danilo era acionado para avaliar o jovem.

Nas mensagens, Filipe de Lucca Morais Tancredi, dono da FFP Agency, relata ter conversado com Danilo e afirma que o jogador analisado seria “o melhor” do time, com “pegada do Paulinho”, em referência ao meio-campista ídolo do Corinthians.

As investigações apontam que ao menos um atleta formado pela base do Corinthians foi agenciado por uma das empresas investigadas. O meio-campista Du Queiroz era agenciado pela FFP Agency em 2021, segundo registros de mercado.

A conversa menciona ainda uma procuração e uma solicitação de “100k” frente a uma oferta de “50k”, sem especificar se os valores se referem à entrada, comissão, luvas ou mesmo qual é a moeda em questão.

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Corrupção na Polícia Civil e 'Outro PCC'

Dentro da mesma apuração, que investiga as seis mortes atribuídas ao PCC entre 2021 e 2024 e o uso do agenciamento de atletas para lavar dinheiro, quebras de sigilo telefônico autorizadas pelo Judiciário e executadas pela PF abriram um segundo eixo de investigação.

Foram identificados policiais civis suspeitos de oferecer cobertura a aliados e membros da facção. Esse braço paralelo foi apelidado por investigadores de “Outro PCC”, em referência ao envolvimento de policiais civis em práticas de corrupção.

Entre os nomes sob averiguação está o do investigador Marcelo Roberto Ruggieri, conhecido como “Xará”. Em arquivos digitais atribuídos a ele, peritos da Polícia Federal encontraram uma sequência de fotos com armamento de grosso calibre. Em uma das imagens, Danilo aparece ao seu lado, segurando uma pistola na mão.

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Os registros não indicam irregularidades diretas relacionadas ao armamento nem envolvem o ex-atleta em qualquer crime. No entanto, aproximam personagens centrais dos dois eixos da investigação. A foto foi tirada em 2013, período em que Danilo ainda era jogador do Corinthians.

Para o Gaeco e a PF, o material visual ajuda a dimensionar os vínculos entre o grupo de policiais investigado e o circuito de agenciamento e valorização de atletas, o mesmo em que, anos mais tarde, Danilo passaria a ser citado nos chats como referência técnica para contratações.

A hipótese em análise é que esse “Outro PCC” atuava não somente nas ruas, mas também na proteção e facilitação de negócios vinculados ao futebol.

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*Com informações do Lance

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