Polícia encontra corpos dos homens que saíram do interior de SP para cobrar dívida

Os corpos dos quatro homens que desapareceram após sair de São Paulo para cobrar uma dívida em Icaraíma, no noroeste do Paraná, foram encontrados nesta sexta-feira (19/9).

A informação foi confirmada pelos delegados Gabriel Menezes e Tiago Andrade Inácio, da Polícia Civil do Paraná (PC-PR).

Os homens foram identificados como Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza.

De acordo com as últimas informações atualizadas da polícia, os suspeitos de envolvimento no crime são pai e filho: Antonio Buscariollo, de 66 anos, e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22. Até o momento, os dois são considerados foragidos.

De acordo com um dos delegados, foram realizadas escavações na mesma região onde a picape que os homens estavam havia sido localizada, no último dia 12 de setembro, em Icaraíma.

O trabalho de escavação começou ainda nesta quinta-feira (18/9).

"Por volta das 6h do dia 18/9, as equipes policiais iniciaram a mobilização para buscas dos corpos dos desaparecidos, na área rural de Icaraíma, após informações surgidas no âmbito das investigações", informou a nota da polícia.

Os corpos das vítimas foram encontrados em um ponto com plantas jogadas por cima, a cerca de 500 metros de distância do local.

Em comunicado emitido nesta sexta (19/9), a polícia informou que as investigações prosseguem para identificar os autores do crime, mas em sigilo para não prejudicar o trabalho dos agentes.

O pai de uma das vítimas teria recebido uma carta anônima dizendo onde o carro das vítimas estava, informou o coronel Hudson Leôncio Teixeira, secretário de Segurança Pública (Sesp) do Paraná. Um informante também teria ajudado com as investigações.

O veículo das vítimas estava coberto por uma lona, dentro de um bunker, com marcas de sangue e disparos de arma de fogo. De acordo com a Polícia Militar do Paraná (PM-PR), o local fica a nove quilômetro de distância "da propriedade que possa ter relação com o crime”.

O caso

Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso viajaram no dia 4 de agosto, de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, para cobrar uma dívida em Icaraíma, no noroeste do Paraná.

Segundo investigação da polícia, eles foram contratados por Alencar, que se juntou ao grupo quando eles chegaram à cidade.

Os agentes acreditam que ainda no dia 4 de agosto, os homens foram até o distrito de Vila Rica do Ivaí para cobrar o devedor. Após o primeiro contato, eles combinaram de voltar no dia seguinte.

No dia seguinte, imagens de câmeras de segurança de uma panificadora em Icaraíma mostra os quatro homens conversando no balcão, por volta das 10h.

De acordo com a família, eles pararam de responder mensagens por volta das 12h. O registro da câmera de segurança do comércio é o último divulgado.

A esposa de Robishley procurou a polícia do estado de São Paulo no dia 6 de agosto para relatar o desaparecimento do marido e dos outros dois amigos que viajaram com ele.

Suspeitos

No dia 6 de agosto, policiais foram até uma propriedade localizada no distrito de Vila Rica do Ivaí, em Icaraíma, onde os quatro homens haviam estado para cobrar a dívida.

No local, estavam Antonio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, que receberam a equipe e foram levados à delegacia para prestar depoimento.

Segundo o delegado Gabriel Menezes, pai e filho confirmaram que havia uma negociação envolvendo a venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois familiares deles, mas afirmaram que não tinham ligação direta com a dívida que estava sendo cobrada.

Após deixarem a delegacia, os dois passaram a ser tratados como suspeitos. Desde então, não foram mais localizados, e mandados de prisão temporária foram expedidos contra ambos.

Com o avanço das apurações, a Polícia Civil passou a trabalhar com a hipótese de que eles tenham participado de uma emboscada contra os quatro homens, no momento em que a cobrança seria feita.

As autoridades, no entanto, não divulgaram detalhes sobre essa linha de investigação.

De acordo com a polícia, Antonio já tinha passagem por posse ilegal de arma de fogo, enquanto Paulo não possuía antecedentes criminais.

Outros familiares que também viviam no imóvel deixaram o local e desapareceram. Eles são investigados no inquérito, mas os nomes não foram divulgados.

Dívida a ser cobrada

A Polícia Civil informou que a negociação em questão envolvia a compra de uma propriedade rural de Alencar por parte da família de Antonio e Paulo, no valor de R$ 255 mil.

Segundo o delegado Gabriel Menezes, Alencar, morador de Icaraíma, vendeu a propriedade à família e acertou que o pagamento seria feito em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada.

Porém, nenhuma dessas parcelas foi quitada, e esse seria o débito que Robishley, Rafael e Diego foram contratados para cobrar.

Ainda conforme o delegado, familiares das vítimas relataram que os três atuavam há cerca de 13 anos na atividade de cobrança de dívidas.

No registro do boletim de ocorrência feito pela esposa de uma das vítimas, o valor mencionado foi de R$ 1 milhão. Outras pessoas ouvidas pela polícia falaram em uma quantia de R$ 100 mil. Contudo, até o momento, apenas o valor de R$ 255 mil foi confirmado oficialmente durante a investigação.

Buscas e apreensão de veículo

Desde o dia 6 de agosto, a polícia iniciou diligências para tentar reconstituir os passos dos quatro homens, mas nem eles nem o veículo utilizado foram encontrados de imediato.

Imagens de câmeras de segurança da propriedade onde vivia a família Buscariollo chegaram a ser coletadas, mas a polícia não informou se nelas havia indícios relevantes para a investigação.

No dia 8 de agosto, um carro pertencente aos suspeitos foi apreendido. O automóvel passou por perícia da Polícia Científica, mas os resultados não foram divulgados.

As buscas na região continuaram diariamente após o registro do desaparecimento.

Foram empregados diferentes recursos, como sonar ,equipamento que usa ondas sonoras para localizar objetos em meio aquático, cães farejadores do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) do Corpo de Bombeiros de Curitiba, além de helicópteros equipados com câmeras de filtro infravermelho capazes de identificar calor humano.

Mesmo com o uso da tecnologia, as equipes não obtiveram resultados imediatos que levassem ao paradeiro dos desaparecidos.