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Polícia

São Paulo lidera alta em mortes causadas por policiais no País

Crescimento na Capital chegou a 61% em comparação ao ano anterior

Hebert Dabanovich

24/07/2025 às 12:45  atualizado em 24/07/2025 às 12:50

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O número de policiais mortos também aumentou, passando de 29 para 32

O número de policiais mortos também aumentou, passando de 29 para 32 | Divulgação/SSP

Segundo dados da 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira (24/7), o estado de São Paulo teve um aumento significativo nas mortes cometidas por policiais em 2024.

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O crescimento na Capital chegou a 61% em comparação a 2023, seguindo na contramão do Brasil, que registrou uma queda de 3,1% nas Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP).

Maior do Brasil

Esse aumento foi o maior dentre todas as 27 unidades da federação. Em 2023, foram 504 pessoas mortas por policiais civis e militares em serviço ou de folga.

Já no ano passado, 813 pessoas morreram pela polícia. O número de policiais mortos também aumentou, passando de 29 para 32.

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De acordo com a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, o crescimento das mortes causadas por policiais é um dos principais motivos do aumento de mortes violentas intencionais na capital paulista.

Este fator também entrou na contramão do Brasil, que teve queda de 5,4%. Somente cinco estados do País tiveram um crescimento nas mortes violentas no último ano. 

O aumento de 7,5% no total das mortes violentas intencionais em 2024 incluem homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, morte decorrente de intervenção policial e policiais como vítimas.

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Já os homicídios dolosos tiveram queda. O estado obtém a menor taxa de mortes violentas do país: 8,2 por 100 mil habitantes.

# Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP) Total 2024 Variação (%)
1 São Paulo 813 60,9
2 Bahia 1.556 -8,6
3 Rio de Janeiro 703 -19,3
4 Pará 606 12,2
5 Paraná 400 16,6
6 Goiás 372 -28,8
7 Mato Grosso 214 -5,5
8 Minas Gerais 200 45,5
9 Ceará 189 30,7
10 Rio Grande do Sul 147 -4,6
11 Sergipe 145 -36,9
12 Amapá 137 -25,5
13 Mato Grosso do Sul 86 -34,9
14 Santa Catarina 79 -1,6
15 Espírito Santo 78 19,2
16 Maranhão 76 22,4
17 Alagoas 75 13,6
18 Pernambuco 68 -42,5
19 Paraíba 55 -20,7
20 Tocantins 50 15,5
21 Amazonas 43 -27,8
22 Piauí 30 19,7
23 Distrito Federal 15 -44,7
24 Acre 10 -33,6
25 Rondônia 8 -11,4
26 Roraima 5 -62,7

Casos relacionados

Em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, dois policiais foram presos após atirar e matar um homem que já haviam se rendido, no último dia 10 de julho. O crime foi registrado pelas câmeras corporais dos agentes.

Outro caso foi a do investigador da Polícia Civil, morto por um PM da Rota, no Campo Limpo, também zona sul da Capital.

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Ele foi afastado das atividades. Na época, a polícia chegou a dizer que o agente agiu dentro do protocolo.

Este é o segundo ano consecutivo em que as mortes causadas por policiais teve um aumento. No ano passado e em 2023, operações realizadas pela polícia na Baixada Santista foram consideradas mais letais desde o massacre do Carandiru.

Menor número de mortes da história

Já em 2022, com a ampliação do programa Olho Vivo, pelo qual as câmeras foram acopladas nos uniformes dos PMs, o estado de São Paulo registrou o menor número de mortes por policiais em serviço da história.

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Nesse mesmo ano, a taxa de mortalidade de adolescentes em intervenções policiais teve uma redução bastante significativa, chegando a 80,1%.

Com as 813 mortes em 2024, o estado retornou ao patamar anterior à introdução das câmeras corporais. Em comparação ao ano de 2022, antes do governo Tarcísio, o aumento das mortes praticadas por policiais militares aumentou 91%.

Em dezembro, o governador admitiu ter uma visão equivocada sobre o uso das câmeras corporais na farda dos policiais e que estava convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial.

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Após um acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Militar de São Paulo iniciou, em junho, a troca das câmeras corporais utilizadas pelos agentes.

Foram distribuídas 2.955 novas unidades em 19 batalhões, com previsão de chegada de até 15 mil dispositivos até o fim de 2024.

O novo modelo, diferente do anterior, não grava de forma ininterrupta. A gravação agora depende de acionamento remoto pelo Copom, que também permite o registro retroativo das imagens.

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A mudança faz parte de um cronograma que inclui ainda outras 3 mil câmeras previstas em um aditivo de contrato.

A Polícia Militar afirma que toda a substituição dos modelos antigos (Axon) pelos novos (Motorola) será concluída até dezembro. A fabricante também confirmou que a entrega total será feita até o fim do ano.

Em maio de 2024, o governo paulista já havia contratado câmeras que não registram continuamente. Na época, especialistas alertaram que a alteração poderia dificultar investigações envolvendo violência policial, já que a ativação do equipamento dependeria da decisão do agente.

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No mesmo mês, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública publicou uma portaria que orienta o uso das câmeras por agentes de segurança pública.

O texto recomenda a gravação ininterrupta, mas não determina a obrigatoriedade da medida para todas as ocorrências.

Antes de ser homologada, a mudança passou por testes em São José dos Campos. A Defensoria Pública, junto com as organizações Justa e Conectas, conseguiu uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso que condicionou a troca dos equipamentos à comprovação da eficiência do novo sistema.

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Após uma série de audiências, o acordo foi fechado em maio de 2025.

Como funcionavam as câmeras antigas:

  • Gravação contínua durante todo o turno;
  • Cerca de 10 mil equipamentos em operação;
  • Distribuição sem priorização de áreas com alta letalidade;
  • Uso não era obrigatório em operações críticas;
  • Funcionamento dependia apenas da ação do policial;
  • Não havia transparência sobre a alocação ou acesso direto às imagens.

Como funcionam as novas câmeras:

  • Gravação não é ininterrupta;
  • Equipamento é acionado automaticamente pelo COPOM e via Bluetooth;
  • Se desligado manualmente, volta a gravar em até um minuto, com conteúdo anterior preservado;
  • Total de dispositivos subirá para 15 mil, com 80% alocados em áreas de alta ou média letalidade;
  • Uso obrigatório em grandes operações, incursões em comunidades vulneráveis e ações após ataques a policiais;
  • Imagens poderão ser acessadas pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público sem necessidade de autorização judicial;
  • A SSP divulgará os batalhões equipados, o número de câmeras e as regras de uso;
  • Policiais que não acionarem corretamente os dispositivos poderão ser punidos;
  • Relatórios sobre infrações serão publicados a cada seis meses.

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