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Como um artigo e 15 dias de prisão mudaram o rumo de Jair Bolsonaro | Lula Marques/Agência Brasil
Em 1986, um artigo publicado na revista Veja foi o ponto de virada na vida de Jair Bolsonaro, então capitão do Exército. A repercussão do texto resultou em sua prisão, um episódio que, por sua vez, impulsionou sua entrada definitiva na política brasileira.
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A punição sofrida por Bolsonaro não só marcou sua carreira, mas também serviu de catalisador para sua popularidade futura e projeção nacional junto à base militar.
Os fatos que levaram o ex-presidente Jair Bolsonaro à condição de preso domiciliar em 2025 têm raízes profundas em sua trajetória.
Já nos anos 1980, antes mesmo de entrar para a política, ele viveu 15 dias recluso em um quartel, após assinar o artigo “O salário está baixo”, na revista Veja.
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O capitão de 31 anos defendeu, no texto, aumento salarial para a tropa e denunciou a "crise financeira" que atingia os militares.
Segundo Bolsonaro, havia uma “crise de falta de perspectiva funcional” no Exército, afetando diretamente moral, autoestima e até o futuro da juventude brasileira.
Em suas próprias palavras: “A situação é dramática. Os oficiais estão abandonando o Exército. (...) Um Exército desprestigiado é um país vulnerável. E o Brasil, com sua dimensão continental, não pode ser um país vulnerável”.
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A postura contestadora do então militar resultou em 15 dias de prisão disciplinar.
A punição de Bolsonaro gerou solidariedade entre seus pares, de acordo com cobertura da Folha de S. Paulo na época. O clima ficou tão tenso que houve tentativa de manifestos e passeatas dentro da vila militar, revelando o impacto do episódio nas Forças Armadas.
Sua defesa da classe militar marcaria, dali em diante, todo o seu percurso público — inclusive o surgimento do slogan “Brasil acima de tudo”.
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No ano seguinte, o nome de Bolsonaro voltou aos holofotes. Desta vez, pela acusação de planejar atentados com explosivos em unidades militares, situação que foi julgada pelo STM (Superior Tribunal Militar).
Absolvido por 8 votos a 3, Bolsonaro evitou a expulsão do Exército, iniciando, ainda em 1988, sua carreira política como vereador.
Especialistas ouvidos pelo portal CNN enfatizam que a prisão em 1986 foi “determinante” para a entrada de Bolsonaro na vida pública, abrindo caminho para o discurso em defesa dos interesses militares.
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O bordão “Brasil acima de tudo”, lançado na década de 1980, acompanhou Bolsonaro até a Presidência, tornando-se símbolo do movimento que leva seu nome.
Segundo o pesquisador Leonardo Paz Neves, da FGV, em entrevista ao portal CNN, a frase agora carrega forte carga ideológica e política.
Como aponta o cientista político Leandro Consentino, do Insper, Bolsonaro sempre apelou ao sentimento nacionalista: “Ele exerce o mesmo papel nos dois momentos... sempre usando o nacionalismo como mola mestra”.
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Em 2025, Bolsonaro voltou ao noticiário por enfrentar prisão domiciliar, determinada pelo STF devido a “reiterado descumprimento das medidas cautelares”.
O episódio reacendeu manifestações de apoio público, assim como ocorreu no passado, mas desta vez com alcance nacional graças às redes sociais e à exposição midiática.
Assim, sua trajetória mostra como episódios de contestação e punição serviram, ao longo dos anos, para fortalecer sua imagem perante parte expressiva da população brasileira — em especial, o segmento militar e conservador.
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O trajeto de Bolsonaro, do quartel à Presidência, evidencia a força das narrativas de resistência, nacionalismo e desafio à ordem estabelecida no Brasil contemporâneo.
Conforme resume ele próprio: “Amo o Brasil e não sofro de nenhum desvio vocacional. Brasil acima de tudo”.
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