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Veja quais setores podem travar com a nova tarifa de Trump

Presidente dos EUA anunciou aplicação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras; medida entra em vigor a partir de 1º de agosto

Thacio Mello

11/07/2025 às 14:00  atualizado em 11/07/2025 às 14:18

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Carnes, café e aço são os mais afetados com nova política comercial americana

Carnes, café e aço são os mais afetados com nova política comercial americana | Patrick Semansky/AP/Estadão Conteúdo

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afetarão vários setores da indústria brasileira, entre eles os de carne, café e aço, que devem sofrer os efeitos imediatamente.

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Isso porque esses setores têm como principal mercado os EUA. Trump anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, na quarta-feira (9/7). A medida entra em vigor a partir de 1º de agosto e faz parte de uma nova ofensiva comercial do governo americano.

Para os economistas, o impacto como um todo deve ser pequeno, mas pode ser grande em setores dependentes do mercado norte-americano.

O Brasil destina pouco mais de 10% de suas exportações para os EUA. Essas vendas representam aproximadamente 1% do PIB do País. Alguns líderes empresariais de segmentos exportadores lamentam que questões geopolíticas tenham se sobreposto à diplomacia. 

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Analistas lembram, no entanto, que as medidas fiscais do presidente dos EUA costumam ser instáveis. Portanto, há incerteza na dimensão do impacto que a ação pode oferecer.

Reação dos brasileiros

Perfis de Trump foram alvo de protestos virtuais de brasileiros. Entre as mensagens, há xingamentos direcionados a Trump e ofensas aos Estados Unidos. Já os perfis do ex-presidente no X (antigo Twitter) e na Truth Social, até o momento, não haviam sido afetados.

Setores que são alvos primários das tarifas impostas:

Combustíveis

O mercado estadunidense representa aproximadamente 13% das exportações de petróleo brasileiro, porém a XP vê que o impacto pode ser facilmente mitigado. O que sustenta a teoria mercadológica é a redistribuição das exportações.

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Empresas petrolíferas menores podem sofrer com a queda dos preços. Por outro lado, a Petrobras está menos exposta, devido à boa parte das vendas serem feitas diretamente ao mercado chinês e à exploração do pré-sal.

O etanol brasileiro deve driblar as tarifas, por deixar uma pegada de carbono menor do que o etanol produzido nos EUA, o que deve atenuar a percepção do impacto.

Celulose e mineração

No setor de papel e celulose, a gigante brasileira Suzano também possui cerca de 15% de suas exportações para os EUA e pode “enfrentar atritos de curto prazo”, segundo o Citi, que espera que a empresa realoque os volumes no médio prazo.

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A Gerdau se beneficia de ter grande parte de suas operações em território norte-americano, enquanto a Companhia Siderúrgica Nacional e a Usiminas já sentiram o golpe das tarifas aplicadas sobre o aço.

Por outro lado, a mineradora Vale exporta em pouca quantidade para os EUA, segundo o Citi. Nesta quinta-feira (10/7), o setor foi um dos poucos a registrar alta no pregão da Bolsa de Valores. Agora, o mercado trabalha com a expectativa de que o setor consiga negociar cotas.

Suco de laranja

A CitrusBR, entidade que representa o setor exportador de suco de laranja, explica que, da safra 2024/25, os EUA representaram 41,7% das exportações.

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A entidade diz que a tarifa de 50% sobre o produto representa um aumento de 533% sobre os 415 dolares em tributos cobrados sobre a tonelada do suco brasileiro.

Considerando a cotação da Bolsa de Nova York de 9 de julho (3.600 dolares por tonelada), cerca de 2.600 dolares, ou 72% do valor total do produto, seriam recolhidos em tributos, impossibilitando as exportações para o mercado.

Como consequência, a entidade aponta a interrupção das colheitas no campo brasileiro, desorganização no campo fabril e paralisação do comércio com base no cenário de incertezas.

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Carnes

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa 43 empresas do setor, informou que o cenário geopolítico não deve se transformar em barreiras ao abastecimento global e à segurança alimentar.

As exportações de carne bovina para os EUA cresceram 102% em receita e 112,6% em volume, com o rebanho bovino americano no menor nível desde a década de 1950. Os frigoríficos norte-americanos têm necessitado do fornecimento do Brasil.

O frigorífico Minerva, cujas ações chegaram a cair 9,5% na manhã de ontem, é visto como uma das empresas mais afetadas, à medida que aproximadamente 15% de suas receitas brutas dos últimos 12 meses foram geradas por exportações para os EUA, segundo a XP.

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Café

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o Brasil deve sofrer com o aumento das tarifas; os custos devem impactar toda a cadeia produtiva. A Abic comenta também que os EUA são o país que mais consome café no mundo.

O produto brasileiro responde por 30% do mercado de café nos Estados Unidos. Os contratos futuros de café, com vencimento em setembro deste ano, subiram 1,3% na Bolsa de Nova York.

Bens de capital

Entre as empresas que podem ser atingidas pela medida de Donald Trump está a Embraer, fabricante nacional de aviões. Os EUA representam 60% do mercado de jatos executivos da empresa.

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A Embraer mantém fábrica nos EUA, com 500 funcionários, e atua no país há 45 anos. Relatório de analistas do Citi aponta que, no setor de transporte, a Embraer é a empresa mais afetada pela tarifa de Trump.

O banco lembra que 55% da carteira de pedidos firmes da Embraer vêm de companhias dos EUA, com os jatos E175-E1 representando cerca de 97% das encomendas.

As ações da fabricante brasileira de aviões chegaram a cair 8,4% até o fim da manhã de quinta-feira, primeiro pregão pós-anúncio da taxa.

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Aço e alumínio

Há temor no setor do aço e alumínio. Trump já havia imposto tarifas de 50%; agora, com as novas decisões, a tarifa total sobre o aço e o alumínio chega a 100%.

A diretora de Assuntos Institucionais do Instituto Aço Brasil, Cristina Yuan, avaliou ontem em reunião na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados que a decisão de Trump “inviabilizará a exportação de aço e alumínio”.

Agropecuária

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou ontem uma nota em que defende o diálogo diplomático diante do impasse.

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“Trata-se de uma medida unilateral que não se justifica à luz do histórico das relações comerciais entre os dois países, sempre marcadas pela cooperação e pelo equilíbrio”, afirma o texto.

A entidade também alertou que “a economia e o comércio não podem ser penalizados injustamente por questões de natureza política”.

Segundo analistas, o impacto sobre empresas exportadoras de commodities tende a ser mais limitado, tanto pela baixa exposição ao mercado dos Estados Unidos quanto pela possibilidade de redirecionamento das vendas para outros países.

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