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Moradores já fizeram série de protestos contra túnel na zona sul de São Paulo | Carollina Gomes
Após mais uma audiência pública, realizada na segunda-feira (8/9), lideranças políticas e parte dos moradores da Vila Mariana revelaram expectativa em conseguir barrar a licitação para a construção de um túnel na avenida Sena Madureira, na zona sul de São Paulo. O projeto é do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
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Ativistas do movimento “Não ao túnel na Sena Madureira” apresentaram uma contraproposta à gestão municipal. Já a vereadora Marina Bragante (Rede) sugeriu a criação de uma câmara técnica com outros vereadores, moradores e órgãos municipais para debater o projeto.
“A prefeitura me confirmou que essa instância será realizada, e vamos acompanhar de perto para garantir que seja um espaço real de escuta e de busca por alternativas. Audiência pública não pode ser protocolo, mas servir para ouvir a população”, afirmou a parlamentar.
Já outros moradores se mostraram mais reticentes sobre o futuro do debate. Questionada pela Gazeta se estava esperançosa sobre a suspensão do projeto como está desenhado atualmente pela prefeitura, a arquiteta e urbanista Camila Pinotti disse que ainda não é possível ter o sentimento.
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“Esperança não sei se é a palavra. É um processo antigo, havíamos conseguido liminares para barrar a obra por questões ambientais. O que temos percebido é que a prefeitura tenta dar uma roupa nova para uma licitação antiga”, afirmou ela.
A especialista também afirmou que os grupos contrários à obra têm tido muita dificuldade de conseguirem ser ouvidos de fato. “Há consultas públicas, mas tentam não registrar a reclamação dos moradores do bairro como um todo e da comunidade Souza Ramos”, contou.
Ela também reclamou que a audiência de segunda não teve transmissão, o que dificulta o tema chegar a todos os interessados.
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Alvo de polêmicas desde quando foi apresentado, o projeto proposto pela gestão Nunes pretende construir dois túneis que ligariam a região da rua Sena Madureira à avenida Ricardo Jafet, já no bairro do Ipiranga.
A proposta, para parte dos moradores, não resolve os problemas de trânsito do local e traz impactos sociais e ambientais significativos.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) argumenta que a “obra beneficiará mais de 800 mil pessoas diariamente, e os estudos foram atualizados para ampliar os ganhos socioambientais e de mobilidade urbana. As árvores serão mantidas e o atendimento habitacional está garantido aos moradores atingidos pelo projeto”.
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Na semana anterior, durante a primeira audiência pública, houve muita confusão e empurra-empurra. Os moradores alegaram que a prefeitura levou pessoas que nada tinham a ver com a região só para defenderem a ideia e causarem confusão. A prefeitura negou a acusação.
O auditório onde aconteceu o primeiro encontro tinha espaço para apenas 172 pessoas.
Durante a segunda audiência pública nesta semana, num espaço bem maiores, moradores reiteraram serem contrários ao viaduto na avenida Sena Madureira. Apresentaram também uma opção que consideram “mais barata e eficaz para o município”.
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“O túnel proposto não resolve o gargalo no cruzamento da rua Domingos de Morais com a rua Monsenhor Manuel Vicente. Será uma obra cara, que manterá o problema”, afirmou o arquiteto Lucian De Paula, participante do movimento.
“Não é uma solução moderna para a mobilidade urbana, pois um túnel não reduz congestionamentos, ao contrário, irá concentrar e atrair mais carros para a Sena Madureira e vias do entorno. É um fenômeno chamado tráfego induzido, ou seja, estimula o uso de carro”, explicou, por sua vez, o geógrafo e especialista em mobilidade urbana.
Ambos, ao lado de outros especialistas, escreveram a contraproposta. Há o risco, segundo eles, de impactos urbanísticos e paisagísticos gritantes e, principalmente, do despejo dos moradores Comunidade Souza Ramos, que vivem na região há mais de 70 anos.
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Na contraproposta apresentada à prefeitura, o grupo defendeu que, em vez de gastar mais de R$ 500 milhões no túnel, seria mais barato e eficiente criar um retorno pelas ruas Cunha, Mairinque e Sena Madureira.
A proposta, que inclui a desapropriação de um posto de gasolina desativado, se inspira em ações consideradas bem-sucedidas da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) nas décadas de 1990 e 2000, que eliminaram gargalos similares nas ruas Afonso Celso e Luís Góis com a criação de ilhas para pedestres e a Praça Michie Akama.
Com o redesenho, disseram os ativistas, além de melhorar o fluxo de veículos, será possível ampliar a Praça Lasar Segall e instalar novos equipamentos de uso público.
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Com isso, o movimento garante que nem as famílias das comunidades Souza Ramos e Luiz Alves serão despejadas para uma região mais distante como o novo projeto da Prefeitura prevê e barra os retrocessos ambientais.
O projeto construído pelos técnicos ligados ao movimento destaca que, com os recursos para a criação do túnel, é possível construir 30 quilômetros de corredores de ônibus ou 2 mil quilômetros. Daria, ainda, para garantir cerca de 3, mil moradias de interesse social.
A contraproposta destaca também os impactos ambientais que vai forçar o transplante de mais dezenas de árvores, além da ameaça à nascente do córrego Embuaçu, sem recuperação até hoje.
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“Não dá para fechar os olhos para tudo que a Prefeitura de São Paulo vem passando por cima para levar essa obra adiante. São crimes contra os direitos humanos e o meio ambiente. Um desenvolvimentismo ultrapassado como prova o nosso estudo técnico”, afirmou a ativista.
Alvo de polêmicas desde quando foi apresentado, o projeto proposto pela gestão Nunes pretende construir dois túneis que ligariam a região da rua Sena Madureira até a avenida Ricardo Jafet, já no bairro do Ipiranga.
A proposta, para parte dos moradores, não resolve os problemas de trânsito do local e traz impactos sociais e ambientais significativos.
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A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) argumenta que a “obra beneficiará mais de 800 mil pessoas diariamente, e os estudos foram atualizados para ampliar os ganhos socioambientais e de mobilidade urbana. As árvores serão mantidas e o atendimento habitacional está garantido aos moradores atingidos pelo projeto”.
Na semana anterior, durante a primeira audiência pública. Na semana passada, houve muita confusão e empurra-empurra. Os moradores alegaram que a prefeitura levou pessoas que nada tinham a ver com a região só para defenderem a ideia e causarem confusão. A prefeitura negou a acusação.
O auditório onde aconteceu o primeiro encontro tinha espaço para somente 172 pessoas.
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