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O coronavírus causa habitualmente febre, tosse, dor de garganta e falta de ar – mas ele também afeta outras áreas do corpo
20/05/2020 às 01:00 atualizado em 20/05/2020 às 11:50
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Após o anúncio do governo estadual de flexibilizar a quarentena, os casos e mortes pelo novo coronavírus continuam crescendo no Estado | Glen Carrie/Unsplash
A pandemia da Covid-19 é bastante dinâmica: começou na China, atingiu praticamente o mundo todo e vem causando outros sintomas aparentemente sem relação com infecções respiratórias. Médicos e pesquisadores que tratam da doença relatam sinais como frieiras nos dedos dos pés, perda do olfato e paladar, diarreia, bolhas que aparecem na pele no tronco e membros, dores musculares e calafrios.
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Como se não bastasse, em casos mais raros, problemas cardíacos, renais, nas articulações e até AVC (Acidente Vascular Cerebral) entraram no rol de sintomas associados ao coronavírus. Mas, diferente do que se imagina, essas reações não são incomuns quando se trata de infecções por vírus ou bactérias.
"Outros vírus também podem causar isso, até o influenza, da gripe. Não é regra, não é comum, mas pode acontecer", avisa o pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor titular de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Um desses sintomas incomuns é a perda de olfato e paladar, que pode ser "exclusivos" do coronavírus. "Esse é um sintoma novo, e tem atingido um número grande de pacientes, até 30% deles", conta. E esses sintomas menos comuns podem ser causados por uma "traição" do próprio sistema imunológico ao organismo.
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Quando uma pessoa é contaminada por um agente infeccioso, o sistema imunológico o identifica como corpo estranho. Os glóbulos brancos são os primeiros a notar isso, e já começam a lutar contra o invasor. Logo em seguida, anticorpos se juntam nessa batalha para conter a infecção, e nesse processo são criadas substâncias para facilitar o trabalho do sistema imunológico. Uma delas são as citocinas e, por razões ainda não muito compreendidas, em algumas situações, o corpo produz uma quantidade muito maior de citocinas do que seria adequado.
É o que se conhece como "tempestade de citocinas", que causa inflamações em várias partes do corpo - é quando se descobrem sintomas tão incomuns como arritmias, problemas renais, frieiras, diarreia e AVC. "São reações inflamatórias que podem atingir qualquer órgão e o corpo todo", explica.
Mas esses sintomas não são a regra - mesmo os que conhecemos, como febre, falta de ar, tosse e dor de garganta não atingem todas as pessoas. A maioria delas é assintomática ou, no máximo, desenvolvem sinais leves da Covid-19. Ter o sistema imunológico em dia é um enorme aliado para barrar os estragos.
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E há outro fator que deve ser levado em consideração: a agressividade do agente contaminante. Há casos que um tipo de vírus pode desencadear reações mais graves do que outros, por exemplo. "Na epidemia da Sars [Síndrome Respiratória Aguda Grave, que apareceu em 2002 na China, causada por uma outra versão de coronavírus], o vírus era mais agressivo, proporcionalmente matou mais pessoas que a Covid-19, mas tinha mais dificuldade de contaminação", diz Fiss. Na dúvida, lavar as mãos, cuidar da higiene e da saúde ainda são o melhor remédio.
Além da tosse e falta de ar
Vale lembrar que nem sempre o coronavírus causa todos esses sintomas. A maior parte das pessoas que entram em contato com o vírus é assintomática. Os sinais mais comuns são febre, dor de garganta, tosse e falta de ar. Mas outros vêm aparecendo - e em locais bem incomuns.
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- AVC (cérebro)
- Alteração no paladar e olfato (nariz)
- Problemas renais (rins)
- Bolhas no tronco e membros (costas)
- Diarreia e problemas digestivos (intestino)
- Artrite (joelhos)
- Frieiras (dedos dos pés)
Sensor de sintomas
Um adesivo, colocado entre o pescoço e o tórax, identifica e monitora alguns dos sintomas mais comuns da Covid-19. Desenvolvido pela Northwestern University e o Shirley Ryan AbilityLab, dos Estados Unidos, o aparelho detecta o tipo, a duração e o tempo dos acessos de tosse, e indica se a doença vem se agravando. Além disso, ele detecta a frequência cardíaca e a temperatura do paciente. O aparelho, que foi desenvolvido para acompanhar a recuperação da fala e deglutição de pacientes que tiveram AVC, foi ajustado para os sintomas da infecção por coronavírus. Por enquanto, 25 pacientes estão utilizando o dispositivo, e os dados coletados pelo adesivo, que se assemelha a um Band-Aid, são analisados pelos pesquisadores, que verificam a evolução dos sintomas.
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