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Tilt no olfato e paladar: os sintomas do coronavírus

Deixar de sentir cheiro e gosto é mais comum do que parece: a perda súbita de olfato e paladar é um dos sintomas mais característicos da Covid-19, e com tratamento adequado, a recuperação é mais rápida

Luiz

Publicado em 24/11/2020 às 22:23

Atualizado em 24/11/2020 às 22:35

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O coronavírus tem uma característica especial: ele afeta em particular o epitélio olfatório, o que causa a falta de olfato e paladar de uma hora para outra / Cookie Studio/Freepik

O sentido do olfato só é possível porque o epitélio olfatório, que fica no nariz, faz todo o trabalho de identificar as moléculas de odor e levá-las ao cérebro. Lá há um neurônio e as células de suporte, que o auxiliam nesse trabalho. Não fosse por eles, não conseguiríamos distinguir o cheiro de pão saindo do forno ou de vazamento de gás.

E sentir esses cheiros é fundamental para nossa existência, até por questão de segurança. Mas o coronavírus tem uma característica especial: ele afeta em particular o epitélio olfatório, o que causa a falta de olfato e paladar de uma hora para outra. Tanto é assim que é esse sintoma que acende o alerta. “A perda de olfato é muito comum. Estimamos que dois terços dos pacientes apresentam esse sintoma, que está sendo um dos mais comuns da Covid, e ajuda a fazer o diagnóstico”, afirma Fabrizio Romano, otorrinolaringologista do Hospital Moriah.

Mas e na gripe, que também deixamos de sentir cheiros e gostos? O caso é diferente. “Na gripe, há uma diminuição do olfato porque o nariz está entupido, e as moléculas de odor não chegam no epitélio olfatório. Com a Covid não é isso que acontece. O paciente respira normalmente, o nariz não está entupido, e ele perde o olfato”, conta.

Para entender o tilt que o coronavírus causa no olfato e paladar, é importante entender como sentimos cheiro. O neurônio que está no nariz fica exposto: ele recebe as moléculas de odor e as transforma em um sinal elétrico que vai até o cérebro, que interpreta como um cheiro. As células de suporte o ajudam nesse trabalho. “O coronavírus ataca as células de suporte e causa uma inflamação, o que acaba cortando essa transmissão para o cérebro e perdendo o olfato subitamente”, explica.

A perda do paladar vem a reboque porque é o olfato que dá o gosto específico dos alimentos. A língua identifica o doce, salgado, azedo, amargo e umami (característico de alimentos de origem oriental), e ela não é afetada pelo coronavírus. Assim, os pacientes continuam sentindo esses sabores, mas não o gosto da comida. “A pessoa passa a comer coisas mais salgadas ou mais doces, porque é só isso que ela percebe”, afirma.

Em casos de inflamação mais leve, o paciente volta a sentir cheiro em alguns dias ou semanas. Por outro lado, quando a inflamação é mais intensa, o neurônio morre, e o sentido demora meses para voltar. “São as pessoas que têm essa perda de olfato mais prolongada. Por sorte, o neurônio olfatório é um dos únicos do corpo que se regeneram, então há uma regeneração neuronal, mas isso demora meses”, diz.

Por isso que é fundamental dar atenção à perda de olfato e procurar um otorrinolaringologista para já iniciar um tratamento e a recuperação deste sentido. “Usamos medicamentos anti-inflamatórios na fase inicial. Há medicações que ajudam o neurônio a se regenerar, que usamos em uma fase mais tardia”. Nos casos mais graves, há a terapia olfatória, que é quase uma fisioterapia: o paciente inala cheiros conhecidos e, mesmo sem senti-los, pensa no odor que ele tem. Por exemplo: ao cheirar eucalipto, ele pensa no aroma de eucalipto. “Assim, ele reconecta o neurônio que sente aquela molécula com a parte do cérebro que interpreta como eucalipto”. Assim, dá para reparar o tilt no olfato e paladar e voltar a sentir cheiro e gosto como antes.

Como sentimos cheiro

Tudo começa com as moléculas de odor que atingem o epitélio olfatório. Lá, elas estimulam o neurônio e as células de suporte, que transmitem um sinal elétrico ao cérebro, que identifica qual é o cheiro. O coronavírus inflama as células de suporte e interrompe todo o processo.

Barulho que não existe

Embora menos frequente, o zumbido no ouvido vem aparecendo como sintoma da Covid-19, junto com a perda de olfato e paladar. "Ele não é tão frequente quanto a perda de olfato e ele não está tão bem estudado porque ele pode ser causado por muitas coisas, inclusive por estresse, bruxismo, ansiedade e excesso de cafeína, por exemplo, e também por perda auditiva. Assim, não sabemos exatamente se o coronavírus provoca diretamente esse zumbido ou se não é algo indireto, por estresse, ansiedade", explica o otorrinolaringologista Fabrizio Romano.

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