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- | Gazeta de S.Paulo
Estamos nos tornando referência mundial pela forma que temos abordado o enfrentamento ao coronavírus, enquanto o brasileiro está há três meses submetido implacavelmente a perturbações psicológicas derivadas do descaso presidencial com a gravidade do surto e da ineficiência de decretos com posteriores revogações assinados por governadores e prefeitos na tentativa de evitar o avanço do SARS-CoV-2.
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Neste momento, assistimos ao surgimento de uma casta de "empreendedores" que reconheceram na excepcionalidade dos fatos a oportunidade para fazer a grana fácil crescer. Desde a edição da MP que alterou a Lei 13.979 de 2020, possibilitando que empresas impedidas de fornecerem às administrações públicas pela prática de irregularidades pudessem voltar a supri-las com serviços, equipamentos e insumos voltados à contenção da pandemia, sem que passassem pelos crivos de certames licitatórios, percebemos que o palco para a farra do boi estava montado. Rapidamente, houve inúmeras investigações da Policial Federal e Civil, tais como as operações Quimera, Assepsia, Dinheiro sujo, Para Bellum e Dúctil, que possuem como objeto o desvio de dinheiro público oriundo de fraudes perpetradas pelas contratações emergenciais, tipificadas como associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, entre outros ilícitos.
A partir dessas circunstâncias, secretários e servidores públicos estão sendo presos e governadores a caminho de perderem os mandatos. Se nos EUA a luta contra o racismo teve como lema "eu não consigo respirar", advindo da frase proferida por George Floyd enquanto era asfixiado por um policial em Minneapolis, aqui poderíamos utilizá-la no contexto da virulência pandêmica, ou seja, "eu não consigo respirar, porque roubaram o meu respirador".
As consequências serão de grande amplitude, uma vez que a malversação do erário público ultrapassou todos os limites e adentrou diretamente nas residências, desorganizando a vida das famílias, no campo da saúde por óbitos e sequelas ou na dimensão econômica através da perda de negócios, renda e emprego. Pelo que tudo indica, na esfera da opinião pública presenciaremos os prefeitos em busca da reeleição pagando o preço da fúria popular, justamente por serem os primeiros a se posicionar diretamente na linha de tiro.
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*Nilton César Tristão é cientista politico do Opinião Pesquisa
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