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JUSTIÇA

Começa júri de suspeitos de matar e carbonizar família no ABC

O caso aconteceu em 2020; os corpos foram encontrados carbonizados no porta-malas de um carro

Joseph Silva

Publicado em 21/02/2022 às 13:27

Atualizado em 22/02/2022 às 18:50

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Ana Flávia Menezes Gonçalves (esq.) ao lado do irmão e dos pais; crime brutal foi cometido na terça-feira / /REPRODUÇÃO/ARQUIVO PESSOAL

Quase dois anos após o triplo assassinato, começa na manhã desta segunda-feira (21) o julgamento de cinco suspeitos de matar e carbonizar uma família encontrada no porta-malas de um carro na noite de 27 de janeiro de 2020, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. 

O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) anunciou que somente os participantes do julgamento, como testemunhas e advogados, poderão ficar nas dependências do Fórum de Santo André, também no ABC, em decorrência da pandemia da Covid-19. 

 

 

A previsão é a de que os trabalhos durem cerca de três dias, por conta do tamanho do processo, com mais de 3.000 páginas, e também por se tratar de cinco réus. São eles: Anaflávia Martins Gonçalves, filha e irmã das vítimas, e sua namorada, Carina Ramos de Abreu, os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, primos de Carina, além de Guilherme Ramos da Silva. Todos estão presos. 

Os cinco são acusados pelo Ministério Público de matar e carbonizar os corpos de Romuyuki Gonçalves, 43 anos, de sua mulher Flaviana Gonçalves, 40, e do filho Juan Gonçalves, 15. Os corpos das vítimas foram encontrados no carro da família, um Jeep Compass, no limite entre São Bernardo e Santo André, também no ABC, na madrugada de 28 de janeiro do ano passado. Anaflávia e Carina foram presas no dia seguinte, e os outros suspeitos dias depois. 

O advogado Epaminondas Gomes de Farias, assistente de acusação contratado pela família das vítimas, afirmou, em janeiro do ano passado (quando os suspeitos prestaram depoimento à Justiça), que os cinco acusados arquitetaram e executaram o triplo assassinato. 

À época em que as duas suspeitas prestaram depoimento, o advogado de defesa delas, Sebastião Siqueira, afirmou que suas clientes disseram que participaram do planejamento de um assalto, que precedeu o triplo assassinato, mas foram pegas de surpresa com a violência. A motivação para o crime seria o fato de o bando não ter encontrado dinheiro na casa das vítimas, segundo investigação da Polícia Civil. 

"Elas não mudaram uma vírgula [em seus depoimentos] desde que foram presas e levadas à delegacia. Já os outros acusados não responderam a nenhuma pergunta feita pelo juiz [em janeiro de 2021]", afirmou o defensor. 

À polícia Juliano Oliveira Ramos Júnior, um dos acusados pelo crime, afirmou após ser preso, em 2020, que o triplo assassinato ocorreu após o aval das duas mulheres. 

A advogada Alessandra Martins Gonçalves Jirardi, que defende Juliano e Jonathan, afirmou também na ocasião que, por orientação dela, seus clientes permaneceram em silêncio durante a audiência no início do ano passado. 

Segundo a defensora, eles vão se manifestar no julgamento, quando forem arrolados para falar pelo juíz Lucas Tambor Bueno, que preside os trabalhos em Santo André. "Vamos apresentar nossa versão em frente ao conselho de sentença [jurados]", afirmou na ocasião. 

Ela adiantou que irá apresentar testemunhos e provas supostamente indicando que Anaflávia e Carina decidiram sobre a morte da família, versão diferente das duas acusadas. Os dois clientes dela, acrescentou, não participaram do triplo assassinato, mas "somente do roubo." 

A defensora disse ainda que o julgamento será "uma batalha" entre advogados de defesa, durante a qual cada um irá sustentar a versão de seus clientes. "Nós iremos apontar o dedo para elas e elas para a gente", afirmou também à época. 

Diferentemente de Alessandra, o advogado das duas acusadas afirmou que Anaflávia e Carina acreditavam que ocorreria um roubo simulado, junto com os outros três acusados. "Mas por fim, como não encontraram dinheiro na casa, os outros três 'deram cabo da família'. Minhas clientes foram envolvidas nisso e não queriam que acabasse como acabou", afirmou. 

A defesa de Guilherme Ramos da Silva não foi localizada até a publicação desta reportagem. 

O crime Romuyuki e Flaviana Gonçalves, além do filho do casal, Juan Victor, foram rendidos na noite do dia 27 de janeio de 2020 em casa, em um condomínio de Santo André. Seus corpos foram encontrados no porta-malas do carro em chamas da família, um Jeep Compass, na madruga seguinte, na estrada do Montanhão, em São Bernardo. 

A casa foi encontrada toda revirada pela polícia. A perícia achou na ocasião marcas de sangue, inclusive nas calças de AnaFlávia, que havia sido lavada. 

A filha do casal foi presa, juntamente com a namorada, um dia após o encontro dos corpos. Os demais suspeitos foram detidos posteriormente, conforme as investigações evoluíram.

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