Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é visto por parte da direita como o candidato natural à Presidência da República em 2026. Ele mantém avaliação positiva entre os eleitores paulistas dois anos e oito meses depois da posse.

O mandatário, porém, ao menos oficialmente, segue rechaçando a ideia. Em um evento com empresários, na última semana, disse que não pensa nem por um segundo sobre o tema.

“Sabe quanto tempo eu perco pensando nisso? Zero. Estou extremamente focado no projeto de São Paulo, extremamente focado. Até porque o que nos preocupa é o legado, o que a gente pode deixar”, afirmou a empresários.

Há uma série de lideranças, contudo, que quer que o carioca que comanda São Paulo busque o Palácio do Planalto. A avaliação geral é que nenhum candidato de direita teria chance de conquistar o governo paulista caso Tarcísio tente a reeleição.

O ex-prefeito de Santo André e presidente estadual do PSDB, Paulo Serra, já indicou que só disputaria o governo em 2026 caso o atual mandatário não esteja na disputa.

Para o cientista político Elias Tavares, Tarcísio é “a peça-chave” do jogo político paulista em 2026 na disputa estadual.

“Se ele disputar a reeleição, a centro-direita tende a se alinhar em bloco ao seu redor. Como costumo dizer, com Tarcísio no páreo, a eleição se torna muito mais previsível e confortável para ele”, afirmou o especialista.

Uma pesquisa do Instituto Opinião Pesquisa/Govnet divulgada em julho com exclusividade pela Gazeta mostrou que a maioria dos eleitores paulistas prefere Tarcísio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2026. 

Lealdade a Bolsonaro, apesar dos filhos

Tarcísio tenta escapar de conflitos com os filhos de Bolsonaro e mantém publicamente lealdade ao ex-presidente. Tarcísio, ao menos neste momento, só sairia para a Presidência com a anuência do seu padrinho político.

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, indicou nesta semana, durante um evento com empresários na capital paulista, que o governador é o nome mais forte para representar o partido em uma eventual candidatura à Presidência da República em 2026.

Valdemar afirmou que o governador já sinalizou disposição para migrar ao PL caso decida disputar o Planalto.

A questão é que há outros nomes com forte apelo eleitoral. Um deles é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que carregaria consigo o peso político do bolsonarismo considerado mais radical por algumas alas da própria direita. A ideia de Bolsonaro, contudo, é de lançar a esposa ao Senado.

O governador Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o governador de Minas Gerais (Novo), Romeu Zema (Novo), também têm alto apelo eleitoral e vislumbran uma candidatura em 2026.

Caiado já indicou que a direita pode lançar uma série de nomes, e depois se unir em um eventual segundo turno.

Segundo a revista Veja, um levantamento apresentado a Bolsonaro mostrou que somente o governador de São Paulo e seu homólogo do Paraná teriam chances de vencer Lula (PT) em 2026.