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Com 31 anos de idade e deixando o futebol europeu, o atleta que tinha tudo para ser o melhor brasileiro pós-Pelé acaba no nível de jogadores inferiores a ele
14/08/2023 às 11:33 atualizado em 14/08/2023 às 12:35
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Neymar: de melhor pós-Pelé a frustração dos brasileiros amantes do futebol | Lucas Figueiredo/CBF
É difícil admitir isso, ainda mais quando se trata de um jogador fantástico como é o caso de Neymar Jr. Porém, com sua ida ao futebol saudita se confirmando, é oficial tudo aquilo que diversos críticos do atleta diziam anos atrás: Neymar prejudicou (e muito) a própria carreira.
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Importante frisar duas coisas antes de continuar o raciocínio:
1. Neymar não é um fracasso, muito longe disso. O único jogador do Santos a levantar uma Copa do Brasil como craque do time e o único além de Pelé a ser protagonista na conquista de uma Libertadores. Vencedor da Copa das Confederações em 2013 pelo Brasil. Maior artilheiro da história da seleção brasileira, superando inclusive o rei Pelé. O primeiro craque a trazer um ouro olímpico no futebol, sendo o craque daquela decisão. Artilheiro e campeão de uma UEFA Champions League com direito a artilharia do torneio e gol na final.
Isso sem contar grandes atuações como contra o PSG naquele 6 a 1, contra o Cruzeiro sendo aplaudido de pé pelos rivais, ou na estreia da Copa de 2014 contra a Croácia. Os gols antológicos contra Flamengo (vencedor do Puskás), Internacional (pela Libertadores), ou o do chapéu de costas contra o Villarreal. Até mesmo ter colocado a bola embaixo do braço e feito um golaço contra a Croácia em uma prorrogação de quartas de Copa do Mundo. Isso tudo foi histórico, gigante. Mas ainda assim, Neymar podia mais, e ele mesmo deve saber disso.
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2. O quesito criticado nesta coluna é a figura Neymar jogador, dentro das quatro linhas. Mas é fato que, quando um atleta de alto nível acaba aparecendo mais fora de campo do que dentro, é porque tem algo de errado. E Neymar vive isso já há alguns anos. Portanto, será inevitável mencionar isto em algum ponto desta coluna
Brasileiros pós-Pelé
Para mim, se excluirmos desta lista os atletas da época do rei, o melhor brasileiro no futebol é Ronaldo Fênomeno. Neymar tinha potencial para ser maior que ele, ou ao menos chegar perto. No fim, Ronaldo tem muitos degraus acima do camisa 10 da seleção na última Copa.
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Diversas vezes já ouvi ou até participei de debates sobre "Ronaldinho x Neymar", e sigo na mesma opinião: Neymar foi melhor. Ronaldinho tem Copa (como coadjuvante) e duas bolas de ouro (uma merecendo mais ser de Thierry Henry). Neymar tem muito mais jogos memoráveis na seleção brasileira, mais longevidade na Europa e números individuais mais expressivos. Mas considero o debate muito válido, e só por este fato, já comprova-se como Neymar decepcionou. Ele tinha habilidade para ser muito mais que Ronaldinho, para evitar qualquer comparação. No fim, Ney terá o mesmo fim de Ronaldinho Gaúcho: uma memória afetiva de quem o viu em campo, que aumentará o tanto que de fato ele jogou em sua carreira.
Comparação com sua geração
Neymar surgiu quando CR7 e Messi já reinavam, e em seu declínio físico e técnico viu surgir grandes craques recentes, como Haaland, por exemplo. Vejamos como os outros três cuidam e cuidaram de seu físico ao longo da carreira, ou em quantas polêmicas extracampo estiveram envolvidos.
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O maior artilheiro da história da seleção brasileira raramente se lesionava até deixar o Barcelona, é verdade. Mas uma hora o corpo cobra o preço da farra. Não consigo acreditar que a sequência de lesões no PSG, exceto aquela no pé, pouco antes da Copa de 2018, tenha sido por puro azar. Se um atleta não é regrado como deveria, uma hora seu corpo não aguenta. Defendo que na hora livre, fora de jogos e treinamentos, qualquer pessoa pode fazer o que quiser em sua vida pessoal. É um direito de todos os jogadores poderem curtir como bem entenderem. Porém, é um dever que essas curtições não afetem dentro de campo ou dos treinamentos posteriormente. Com Neymar afetou.
Não posso deixar de citar a culpa que também carrega seu pai em muitas das escolhas e pressões depositadas em cima dele. Ou considerar o fato de que acima de tudo o jogador ainda é um ser humano, e que todos os holofotes pesam demais e uma escolha errada acarreta em muitas consequências. Mas errar uma vez é normal, errar mais de uma vez..
Desperdício de talento e péssima gestão de carreira
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Aos 31 anos e tendo que deixar o futebol europeu rumo à Arábia Saudita por ser "sua única opção", o jogador e seu staff têm que rever suas decisões ao longo da carreira de como uma potência como Neymar chegou a este nível. 31 anos é pouco, pouco demais. Messi ganhou uma Copa e prêmio de melhor do mundo após esta idade. CR7 brilhava na Champions League e também levava Bola de Ouro para casa. Neymar Jr deixa o futebol europeu sem deixar saudades em um PSG fracassado continentalmente, com poucos jogos nos últimos anos e sem um prêmio individual.
Se, seis meses antes do Neymar deixar o Barcelona rumo ao Paris Saint-Germain, me perguntassem em que clube ele renderia, eu responderia sem pestanejar: "em qualquer clube do mundo. 10 e faixa, titular em todos". Se me contassem que ele iria para um PSG e não daria certo como se esperava lá, encerraria sua trajetória (ao menos por agora) com apenas uma Champions, e não ganharia mais nada relevante na carreira após isso e que sofreria com lesões, eu chamaria a pessoa de louca. Li que nem um grande hater de Neymar seria tão cruel escrevendo um roteiro de sua carreira como ele mesmo (junto ao seu staff) foram. E é exatamente por aí. Uma pena, um jogador talentoso, com ótima cobrança de falta, de pênalti, capacidade de driblar como ninguém, bom chute com as duas pernas e de dentro e fora da área nem se lembre mais de seus dons e tenha esquecido como jogar bola.
Melhor dizendo, não se esqueceu. Apenas aparenta não sentir mais vontade nenhuma em exercer a profissão. Fugir da pressão e holofotes? Tudo bem, é um direito dele. Messi deixou a Europa por opção após levantar a Copa do Mundo pela Argentina, na maior atuação individual da história de um mundial. CR7 deixou a Europa em baixa, sendo reserva de um Manchester United, mas com protagonismos e grandes conquistas. Nosso craque brasileiro deixa a Europa com... bem, na verdade é só isso, ele só deixou a Europa mesmo.
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