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Nilson Regalado

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Pero Vaz, fazendeiros, sitiantes, a ganância, a ditadura dos adubos e o rombo no seu bolso

O consolo é que a iminente falta de adubo deverá impactar menos os pequenos sitiantes da agricultura familiar

04/03/2022 às 18:43  atualizado em 04/03/2022 às 18:49

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Supermercado

Supermercado | Tânia Rêgo/Agência Brasil

uando Pero Vaz de Caminha redigiu ‘a certidão de nascimento’ da Terra Brasilis, em 1º de maio de 1500, ele eternizou a célebre frase: “dar-se-á nela tudo”. Adaptada aos dias atuais, a sentença de Caminha sugeria que na terra recém-descoberta “em se plantando, tudo daria”. Naqueles dias, a exuberância da Pindorama fascinou os portugueses, afinal a biodiversidade era avassaladora, fazendo crer que a terra aqui era muito fértil.

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E era!

Pois bem, 522 anos depois, a célebre frase de Caminha já não é mais tão precisa.

A agricultura intensiva e sem esmero enfraqueceu o solo. O desmatamento deixou a terra exposta ao sol que resseca e à chuva que leva embora sua camada superficial, justamente a mais fértil.

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Resultado: o Brasil se transformou no maior importador mundial de fertilizantes!

O problema é que desde o ano passado o mundo enfrenta uma crise no fornecimento de adubo, como antecipou esta coluna no primeiro dia de 2022...

Pior: nos governos Temer e Bolsonaro a Petrobras resolveu privatizar quatro fábricas de fertilizantes que possuía, tornando o Brasil refém de Rússia, China e Canadá.

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E vai faltar alimento na mesa dos brasileiros?

É importante deixar claro que a crise na oferta de fertilizantes, agravada pela guerra Rússia/Ucrânia, afetará mais o agronegócio exportador de commodities agrícolas. Ou seja, as grandes fazendas produtoras de bens exportáveis, como soja e milho. E isso, consequentemente, afetará também os preços das carnes, outra commodity agropecuária.

O consolo é que a iminente falta de adubo deverá impactar menos os pequenos sitiantes da agricultura familiar.

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E são justamente os agricultores familiares que fornecem até 70% do que chega à mesa dos brasileiros diariamente.

Portanto, frutas, verduras, legumes, feijão e derivados de leite não têm justificativa para uma escalada vertiginosa nos preços!

A não ser pela ganância de atravessadores, especuladores e atacadistas!

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Os agricultores familiares têm mais capacidade de se adaptar à carência de fertilizantes porque dispõem de recursos biológicos capazes de suprir as necessidades da terra, especialmente em termos de nitrogênio. Esse mineral forma a trinca de macronutrientes essenciais para a fertilidade do solo, junto com o fósforo e o potássio, integrantes da consagrada fórmula NPK, que se tornou sucesso no campo após a Green Revolution dos anos 1960.

Não há uma pequena propriedade no Brasil que não possua ao menos uma vaca e um galinheiro. E o esterco desses animais misturado a restos de poda pode se transformar em importante fonte de nutrientes para o solo.

Portanto, prezado/a leitor/a, a falta de fertilizantes pode até provocar uma melhoria imprevista da biologia dos solos no Brasil, com ganhos ambientais notáveis.

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Porém, para isso, será necessário que engenheiros agrônomos valorizem práticas capazes de tornar o Brasil menos refém do interesse econômico dos gigantes da indústria química mundial...

Filosofia do campo:

“Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas...”, Pero Vaz de Caminha (1450/1500), navegador português.

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