Os ciclones e as chuvas excessivas na Região Sul estão prejudicando severamente as plantações de trigo. Maiores produtores do Brasil, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão colhendo o cereal agora na primavera, mas a qualidade do grão está muito ruim. Assim, parte da safra não poderá ser utilizada para alimentação humana, servindo apenas à produção de ração animal. E essa constatação cresce à medida que a colheita avança. Resultado: o preço da saca de 60 quilos do trigo, que vinha em queda livre desde julho de 2022, mudou a trajetória. A cotação disparou no mercado brasileiro na primeira quinzena deste mês, com alta de 12%.

E a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era positiva para o trigo. A área plantada cresceu 12,1%. Mas, o clima não ajudou e a produtividade caiu 18,6% em relação a 2022.

De acordo com a Conab, a nova safra deve somar 9,63 milhões de toneladas, contra 10,55 milhões de toneladas da temporada passada, que foi a maior de todos os tempos no País.

Em termos percentuais, isso significa que o Brasil colherá 8,7% menos trigo neste ano, e um grão de pior qualidade. Isso obrigará o País a buscar no exterior, em dólar, o cereal necessário para suprir o consumo interno, estimado em 12 milhões de toneladas.

O caos climático que derrubou a produção de arroz na Índia, responsável por 40% de todo arroz colhido no mundo, e na Austrália, outro importante fornecedor no mercado global, também impactou a produção agrícola na África.

Com uma queda de 25% nas entregas de cacau, os preços dispararam nas bolsas de Nova Iorque e de Londres nesta semana. No mercado norte-americano, o valor dos contratos bateu recorde de 45 anos.

E o motivo para essa tensão é a terceira quebra seguida na produção de cacau na Costa do Marfim e em Gana, na costa oeste da África. Esses países são responsáveis por dois terços da colheita global de cacau.

Segundo a Agência Reuters de notícias, os preços nos portos dos dois países já subiram 75% nesta safra, que começou oficialmente no dia 1º de outubro.

Portanto, o chocolate deve ficar ainda mais caro nas próximas semanas, a menos que chuvas significativas beneficiem os pomares da África. A colheita na região vai até março.

Calor extremo...

A segunda onda de calor da primavera aumentou a preocupação de agrônomos e produtores de café da Região de Franca (SP). Em Alfenas e Guaxupé, no sul de Minas Gerais, as temperaturas chegaram a 38 graus Celsius nos últimos dias. E isso aconteceu após a abertura das primeiras floradas, em setembro e outubro, na primeira fase da formação dos frutos.

...já prejudica cafezais...

Segundo a Fundação Procafé, a planta de café arábica suporta até 30 graus. Com temperaturas acima desse patamar e baixa umidade, o risco é iminente de redução no tamanho dos frutos.

...em SP e em MG

Segundo agrônomos da Fundação, as condições adversas já comprometem a safra 2023/24 e, caso o clima continue hostil, o impacto negativo pode se estender até 2025. Em nota divulgada na última terça-feira, o Conselho Nacional do Café foi enfático quanto aos riscos para as próximas duas safras.

Esse é só o começo!

Conforme relatório divulgado nesta semana pela Organização das Nações Unidas, o Planeta aqueceu “apenas” 1,2 graus Celsius até agora, em média. E a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera é recorde. Se a humanidade continuar despejando os níveis atuais de GEE na atmosfera, o aquecimento global atingirá 2,8 graus nas próximas décadas...

Fogo, gasolina e adubo

As queimadas; o uso de combustíveis fósseis como gasolina, diesel e carvão; e a aplicação indiscriminada de fertilizantes na agricultura são as principais fontes de gases do efeito estufa. O limite de 1,5 graus de aquecimento é apontado como relativamente seguro pelos cientistas, e deveria ser perseguido pelos 195 países signatários do Acordo de Paris.

As focas...

Há muito tempo, elefantes-marinhos e focas-de-weddel viraram aliados dos cientistas na Antártida. Elas auxiliam na medição da temperatura e da salinidade no mar. Porém, agora, elas ajudaram a promover uma revolução na geografia do continente gelado.

...e os segredos...

Chips inseridos nos mamíferos revelaram um largo e profundo cânion na Baía Vincennes, costa leste da Antártida. O cânion, até então completamente desconhecido, tem profundidades que superam os 1.700 metros. A descoberta foi revelada neste mês pela Scientific American Magazine.

...dos cânions da Antártida

Conhecer a dinâmica das águas profundas na Antártida pode ajudar o homem a prever os efeitos do aquecimento global no degelo do continente. Apenas 25% do assoalho marinho está documentado em alta resolução...

Filosofia do campo:

“Uso a palavra para compor meus silêncios”, Manoel de Barros (1916/2014), poeta mato-grossense.