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Estação de Tratamento de Água do Guaraú, responsável pelo Sistema Cantareira | /Mauricio Rummens/Governo do Estado de SP
Cerca de 30% da água tratada é perdida antes de chegar às torneiras da Capital e da Grande São Paulo. A afirmação é Luiz de Campos, geógrafo e co-fundador do projeto Rios e Ruas, criado em 2010 para revelar a importância dos rios de São Paulo e de denunciar o tratamento dedicado às águas na Capital.
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"O maior absurdo é que é perdido tudo depois da água percorrer cerca de 80 quilômetros e ser tratada. É uma água que vale ouro", diz. A perda se dá principalmente por vazamentos das tubulações da Sabesp e ligações irregulares feira por moradores, os "gatos".
Em 2014, o envelhecimento da tubulação da Sabesp atingia metade da rede de distribuição de água em áreas centrais de São Paulo, de acordo com reportagem do "Estadão". Levantamento da própria Sabesp revelava que 51% do sistema de alguns bairros tinha mais de 30 anos de uso. Em 2017, houve 29 grandes obras, de acordo com a companhia. Em 2018 foram anunciadas mais 18 intervenções desse tipo. Mas parece estar longe de ser suficiente para evitar a perda colossal.
Para explicar essa situação, o geógrafo detalha o caminho feito pelo Sistema Cantareira, o maior administrado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) destinados a captação e tratamento de água para a Grande São Paulo, que atende cerca de 9 milhões de pessoas. Esse sistema é responsável por cerca de 40% do abastecimento na região metropolitana. A Sabesp retira do Cantareira por volta de 30 mil litros por segundo. Há outros sete que atendem a região.
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Campos explica que o Sistema Cantareira começa nas represas Jaguari e Jacareí, a cerca de 80 quilômetros da Capital. Depois, as águas seguem para as represas Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, essa última em Mairiporã. De lá, a água é bombeada para subir a Serra da Cantareira e chegar à represa Águas Claras. Só então o líquido chega na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guaraú. Depois, enfim, a água é distribuída para a Grande São Paulo, quando ocorre o desperdício.
Para piorar a situação, diz o especialista, a perda maior não é visível. "Quando alguém passa por uma rua e vê uma adutora que estourou, fica chocado com o desperdício de toda aquela água tratada. Mas tem muito mais água vazando diariamente que ninguém
enxerga".
Ele também explica que, para a Sabesp, o desperdício de água não é um problema econômico, já que na conta de água não é cobrado pela água que sai da torneira. Metade da conta é referente ao serviço de captação, tratamento e distribuição da água, e a outra metade se refere ao esgoto.
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"Então, para a Sabesp, não importa quanto se perde. Vamos supor que ela trouxe 100 litros de água da represa Paiva Castro, mas só conseguiu distribuir 40 litros. Se esses 40 litros serviu para todo mundo, o 60 litros que ela perdeu não é perda de dinheiro. Porque ela não cobra pela água, mas pelo serviço".
Em nota, a Sabesp afirmou que o combate às perdas de água é um desafio permanente da companhia e que mantém o Programa Corporativo de Redução de Perdas atuando na troca de ramais e hidrômetros, na inspeção das tubulações para identificação de vazamentos e fraudes, além da setorização para melhorar a eficiência operacional. "O índice de perdas de água por vazamentos registrado pela Sabesp em 2018 foi de 19,9%, que é compatível com o de muitos países desenvolvidos. A este índice é somado o indicador de perdas por fraudes, de 10,2%, totalizando 30,1%, ou seja, bem abaixo da média nacional de 38%. Em 2018, a Sabesp investiu cerca de R$ 645 milhões no programa, com recursos próprios e financiamento da JICA (Japan International Cooperation Agency)". (Bruno Hoffmann)
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