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Cotidiano

Após ser agredido por GCM, padre Júlio Lancelotti celebra missa

Sacerdote fez ato em desagravo a ação truculenta da Guarda Civil Metropolitana, que deixou moradores de rua feridos na sexta-feira Da Reportagem De São Paulo

17/09/2018 às 20:44

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Dois dias após a agressão que sofreu da Guarda Civil Metropolitana (GCM), o padre Júlio Lancelotti celebrou, na manhã do último domingo, uma missa na Capela da Universidade São Judas Tadeu, na Mooca, em que denunciou os ataques à população de rua e celebrou a memória do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo-emérito de São Paulo e importante nome da luta pela democracia. Falecido em 2016, dom Paulo faria 97 anos no mesmo dia em que a GCM atacou o Núcleo de Convivência São Martinho de Lima, no Belenzinho, zona leste de São Paulo.

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“Não desviei o rosto de bofetões e cusparadas”, foram as palavras do profeta Isaías durante a primeira leitura da missa. Ainda machucados, moradores de rua que haviam sido agredidos pelos GCMs participaram do culto. Um deles, J.O., de 55 anos, levava uma ferida seca no alto da cabeça, embaixo do boné, consequência de um golpe de cassetete.

Outro, chamado U., comentou que, na sexta-feira, dia das agressões, o “rapa” havia levado tudo o que ele tinha. “Eu estou vestindo roupa que foi doada pelos meus irmãos de rua para vir na missa hoje, que eu mesmo estou sem nada”, disse.

Padre Júlio homenageou os agredidos e pediu que contassem o que tinham sofrido. Na sua vez, diante do microfone, J.O. só conseguiu dizer: “Por que fazem isso com a gente? Se eu estou esmolando, eu estou pedindo, não estou roubando”. Ficou tonto e logo depois saiu da capela. Sentia-se mal. “Vou procurar um lugar para morrer”, disse.

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Vários nomes ligados à luta pelos direitos humanos falaram ao longo da missa. “Eu me sinto muito emocionada e impotente. Nós temos que nos revoltar e dizer um basta. Eleição não resolve nada”, disse a deputada federal Luíza Erundina (PSOL), que, como prefeita de São Paulo, em 1990, foi quem assinou o convênio pioneiro com o São Martinho de Lima.

Para o padre Júlio, tanto as agressões de sexta-feira como as ameaças que recebeu no início do ano têm relação com a radicalização política brasileira. “A ascensão dessa direita raivosa está liberando os fantasmas na cabeça de muita gente”, disse. “As pessoas estão achando que podem fazer o que quiserem”.

MP-SP abre inquérito

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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) instaurou inquérito para investigar a ação da GCM, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB), contra o padre Júlio Lancellotti e os moradores de rua.

Segundo documento, os promotores Eduardo Valerio e Bruno Simonetti apuram se houve truculência na ação ocorrida no centro comunitário da rua Siqueira Bueno. “Tiraram coisas dos moradores de rua, inclusive materiais recicláveis, que eles vendem para poder sobreviver”, afirmou o religioso.

Pedras foram jogadas contra os guardas, que revidaram com spray de pimenta, armas de choque e balas de borracha. “Me deram socos na barriga, usaram spray de pimenta no meu rosto e me chamaram de padre de merda”, disse Lancellotti.

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