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Cotidiano

“Defendemos eleições únicas a cada 4 anos”, diz Mário Covas Neto

Em visita à redação da Gazeta, o candidato ao Senado pelo Podemos falou que dará prioridade as reformas Por Marcelo Tomaz De São Paulo

03/10/2018 às 21:21

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O vereador paulistano Mário Covas Neto (PODE), de 59 anos, disputa em 2018 sua primeira eleição majoritária. Amante da velocidade, foi campeão da Stock Car Light e presidente da associação de equipes e pilotos da categoria antes de entrar de cabeça na política.

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Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1985, atuou na coordenação das campanhas de seu pai, Mário Covas Júnior (1930-2001), ao Senado Federal (1986), ao Governo de São Paulo (1990, 1994 e 1998) e à Presidência da República (1989).

Natural de Santos, foi secretário de Governo em Caraguatatuba entre 2010 e 2011. Em 2012, se elegeu pela primeira vez vereador por São Paulo com 60.697 votos, sendo reeleito em 2016 com 75.583 votos. No mesmo ano, virou presidente do PSDB na capital paulista.

Covas Neto anunciou sua saída do partido em março deste ano, após divergências com o ex-prefeito e agora candidato ao governo de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB). Se filiou ao Podemos, onde é postulante ao cargo de senador na coligação do atual governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB). Em visita à redação da Gazeta, o candidato falou que dará prioridade as reformas e defendeu eleições únicas.

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Gazeta de S.Paulo - Você é vereador eleito e cumpre mandato, mas resolveu concorrer ao Senado. Como acredita que o eleitor julgue essa prática?

Mário Covas Neto - Independentemente do resultado eleitoral, eu continuo vereador. Eu não precisei, felizmente, faltar em nenhuma sessão que ocorreu na Câmara Municipal de São Paulo. Se eu for eleito, entendo que a população estará aprovando a ideia de que eu saia de um lugar e vá para outro. Neste caso, a decisão não é tanto minha, é do eleitor. Não precisei deixar meu cargo, ao contrário de quem estava no Executivo. Tenho, inclusive, propostas sobre isso.

GSP - Quais razões o levaram a deixar o PSDB?

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Covas - Eu sai porque não acredito mais que o PSDB possa voltar a ser o que foi um dia. O PSDB foi criado como um partido com uma identidade ideológica, mas era um partido ético, que brigava pela ética.

O viés democrático era muito claro no PSDB, com a participação dos filiados nos processos de decisão. O partido não tinha donos. Haviam lideranças, mas não donos. Isso hoje mudou.


GSP - Mudou em que sentido?

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Covas - O partido era forte e havia tanta sintonia entre suas bases que, em seis anos, ganhou os governos federal e estadual, onde estava até hoje. Ao longo do tempo, entretanto, isso foi se perdendo, o partido começou a ser mais tolerante com coisas que não aceitava no início, a democracia interna foi sendo esquecida e ele começou a se transformar no MDB que combatia no passado, uma legenda composta por feudos.

Desde a minha primeira campanha eu pregava que o PSDB deveria voltar às origens. Ter um teor mais crítico, não tolerar certas práticas relacionadas ao exercício do poder. O poder aproxima pessoas que estão interessadas nele. Elas se infiltram pela máquina partidária, pela estrutura e interferem entre partido e governo.

Como dirigente, buscando atender o ideal democrático do PSDB, lutei pelas prévias municipais que aclamaram Doria como candidato em 2016 quando o preferido da cúpula tucana era o Andrea Matarazzo. Quando assumiu, ele se transformou no dono do partido ao invés de promover essa busca pela essência original dos tucanos.

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GSP - Por isso houve racha?

Covas - Os problemas não demoraram. A presidência da Câmara Municipal de São Paulo, que poderia ser do PSDB – como é tradicional nas casas legislativas onde uma legenda forma maioria –, foi dada para atender interesses de governabilidade. A partir daí, exercer a presidência do PSDB na cidade se tornou tarefa conturbada. Tentei com diversas iniciativas, mas não houve interesse no governo de aproximar partidos e população dos administradores da máquina pública.

Durante meus quatro anos como opositor de Fernando Haddad (PT), eu votei diversos projetos do governo. Os que me pareciam bons, eu ajudava a aprovar. Aqueles que eu não achava de interesse da população, votava contra e dava meus motivos. Não me parece razoável que, sendo situação e vendo um projeto com imperfeições, você deixe de apontá-las e sugira mudanças. Esse era meu papel, mas o dono do partido não admite que você não seja um cordeiro.

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GSP - O ponto crítico desse rompimento foram as discussões na CCJ por causa dos projetos de desestatização?

Covas - Queriam que se falasse sim a tudo. Na CCJ, eu não votei contra nenhum projeto do governo. Mas eu dava voz a oposição, o que o regimento permite e era meu dever como presidente. O presidente (Milton Leite, do DEM) passou por cima das regras das comissões para acelerar o processo, o que eu critiquei. Se no governo do PT eu já criticava essa banalização das regras, de que maneira aceitaria isso no governo do meu partido? Não, eu me insurgi contra. Eu estava contra a forma, a prática e não contra o projeto do governo.


GSP - Quando você tomou a decisão de sair?

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Covas - Durante o carnaval deste ano eu escutei na rádio que o PSDB ia me tirar da CCJ porque eu “não estava alinhado” ao prefeito. Eu reuni minha bancada, perguntei se isso era verdade e percebi que, apesar de ninguém admitir com clareza, era isso o que aconteceria. Nesse momento resolvi sair. Não dá para ficar em um partido que não pratica a democracia interna. Vejo hoje que grande parte da militância também pensa assim.


GSP - Como o senhor enxerga a possível disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) no segundo turno?

Covas - A solução dos extremos é ruim porque o Brasil vai continuar dividido, o que gera consequências econômicas. Não por acaso, eu defendo a candidatura de Alvaro Dias, que sei ser uma pessoa equilibrada. Se eu for eleito, a minha tarefa é procurar contemporizar e ajudar que os extremos não prevaleçam.

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GSP - Acredita que haverá clima para tratar das reformas política, trabalhista e previdenciária no próximo ano?

Covas - Será necessário haver, porque algumas são realmente urgentes. A previdenciária precisa acontecer, sob pena de logo não existirem mais recursos para sustentar o sistema vigente. Isso não quer dizer que eu defenda as propostas feitas até agora. Sobre a reforma trabalhista, eu concordo em grande parte com o que foi aprovado e acredito que em breve será possível observar seus efeitos e revisar alguns pontos.

A reforma política também tem que acontecer e rápido. Não tem sentido ter tantos partidos neste País, não tem ideologia para tudo isso. A gente defende que eleições gerais e municipais aconteçam juntas a cada quatro anos, e não mais uma a cada dois anos, porque a disputa presidencial concentra atenção e o custo do processo eleitoral é alto. A gente também propõe que o suplente de senador seja o segundo colocado na eleição. Também implantar o voto distrital para os deputados federais, usando como base o colégio eleitoral de São Paulo. A Câmara dos Deputados deveria ter a mesma dimensão para todos os estados. Se fizer isso, reduz de 513 deputados para cerca de 300, com a representação correta. Haverá economia de verba de gabinete e vai ao encontro do que cidadão quer — ele acha que há muito desperdício num sistema que, muitas vezes, é o toma lá dá cá.

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GSP - E quanto as reformas de gestão, tributária e fiscal?

Covas - É importante estabelecer limites para o governo, mas é necessário que o Estado interfira na economia em áreas que quer desenvolver. Por outro lado, não há sentido em aumentar o seu tamanho simplesmente para lotear cargos. A reforma fiscal é necessária e, junto com ela, a tributária, em que você possa dar aos municípios mais recursos e atribuições.

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