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Cotidiano

Lutador morre em torneio amador de MMA em Manaus

Depois de ter vencido os dois primeiros rounds do combate, o jovem sofreu dois duros golpes na cabeça no terceiro round, passou mal e sofreu uma parada cardíaca ainda no octógono Por Folhapress De São Paulo

02/04/2019 às 19:35

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O lutador amazonense M.F.C.D., de 20 anos, morreu na noite do último sábado (30), após ser nocauteado durante o Remulos Fight Night, torneio amador de MMA disputado em Manaus. Depois de ter vencido os dois primeiros rounds do combate, o jovem sofreu dois duros golpes na cabeça no terceiro round, passou mal e sofreu uma parada cardíaca ainda no octógono. Ele chegou a ser levado à unidade de emergência do Serviço de Pronto-Atendimento (SPA) de São Raimundo, na zona Oeste de Manaus, mas não resistiu.

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De acordo com o laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Manaus, o lutador deu entrada no SPA de São Raimundo às 21h15 e a morte foi confirmada às 23h45 de sábado. No laudo inicial, consta a observação de suspeita de overdose. A causa da morte ainda não foi confirmada pelas autoridades locais.

O treinador disse que o lutador, atleta da categoria peso-galo, tinha problemas com drogas - ele também eximiu de culpa a organização do evento.

"Eu lembro exatamente a última coisa que disse para ele: 'vai lá e segura, você já ganhou os dois primeiros rounds e só faltam mais três minutos para você levar mais essa vitória para casa'. Mas, no início do terceiro round, ele ficou grogue, levou dois diretos e foi nocauteado. O professor [juiz] logo parou a luta e o M.F. logo se sentou no chão, chegou a demonstrar uma reação. Mas, em seguida, teve uma convulsão ainda no ringue. Foi uma fatalidade", analisou o treinador.

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O lutador fazia parte do projeto social Formando Campeões, que ajuda jovens com dependência química por meio das artes marciais. "Somos um projeto muito carente em Iranduba (Região Metropolitana de Manaus). Eu cuido do projeto com a minha esposa. Não temos nenhum apoio. Mas, mesmo assim, batalhamos para ajudar estes jovens que estão numa situação delicada", contou o técnico.

"O M.F. estava conosco há três anos. Ele era usuário de drogas e teve algumas recaídas. Usava cocaína, maconha e oxi. Toda vez que ele voltava a usar drogas, eu tirava o quimono que havia dado a ele. Depois, ele se arrependia, se recuperava e voltava a treinar cada vez mais forte. Essa era a terceira edição que ele estava competindo do torneio, já havia ganhado em 2017", revelou o treinador.

"Vou lembrar para o resto da minha vida da frase que o médico me disse: ele poderia ter morrido andando ou correndo na rua. Não tinha como evitar. Em duas horas no pronto-atendimento, ele sofreu quatro paradas cardíacas", acrescentou.

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Familiares do lutador e espectadores que estavam no Remulos Clube, local onde ocorreu o evento, afirmam que não havia uma ambulância para pronto-atendimento. O presidente da CAMMA-AM (Comissão Atlética de MMA do Amazonas), admitiu que a ambulância que estava no local não era equipada com uma UTI móvel, mas que havia, sim, um veículo com uma equipe médica.

"O M.F. foi atendido muito rápido. Nos eventos maiores, contamos com uma ambulância completa. Mas o aluguel é de R$ 4.800,00. Não temos como arcar com esse valor. Então, fechamos patrocínio com a empresa responsável pela ambulância e pegamos uma ambulância mais simples, que custa R$ 800,00 para acompanhar o evento. Ele foi levado ao SPA por um carro particular para agilizar o atendimento. Tanto que o treinador dele estava num carro com ele e eu estava em outro,com o proprietário da casa que realizou o torneio. A ambulância foi logo atrás e, inclusive, o evento só voltou a ser disputado depois que a equipe médica retornou ao clube", disse o dirigente da entidade.

O treinador do jovem também negou problemas. "Foi atendido muito rápido pela equipe médica que estava no local. Não tinha mais nada o que fazer. O torneio contou com todo um suporte. Havia à disposição um neurocirurgião, técnicos de enfermagem, enfermeira, mas nada evitou que ele morresse duas horas depois da luta".

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Questionado pela reportagem se o lutador apresentava sinais de ter utilizado drogas antes do combate, o técnico do jovem afirma que não havia suspeitado. "Ele estava normal. Se eu tivesse alguma dúvida, teria cancelado a luta na hora. Ele passou por exames na sexta-feira (29) e estava limpo, mas ex-alunos nos disseram depois que ele passou a noite usando drogas. Não parecia ter usado nada. Estava suando muito, mas isso é normal, adrenalina da luta. Ele foi muito bem nos primeiros rounds, mas foi abalado no terceiro assalto e caiu, foi então que começou a ter convulsões", disse.

EVENTO TEM FORMATO ESPECIAL PARA AMADORES

Segundo o presidente da CAMMA-AM, as lutas amadoras do Remulos Fight Night têm o tempo de cada round encurtado, de cinco para três minutos, para preservar os atletas. "Proibimos cotoveladas e joelhadas frontais, que são golpes perigosos. Nos preocupamos com a saúde do atleta. Procuramos lutadores de projetos sociais que querem uma ascensão na vida por meio da luta. Eles vivem num mundo perigoso, na corda bamba, e a única esperança é o esporte. Eles se inspiram no José Aldo, que também é daqui de Manaus."

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Para o presidente, o histórico de drogas também pode ter causado a morte do lutador. "Não acho que foi fatalidade, mas não quero colocar culpa no garoto. Mas sei que ele foi resgatado mais de dez vezes da boca de fumo. O pessoal do projeto Formando Campeões me contou que até os traficantes da região onde ele morava avisam ao treinador para evitar que ele volte a usar drogas", comentou.

"Pedimos alguns exames de sangue, principalmente de HIV e outros de doenças venéreas. Só não conseguimos arcar com a ressonância magnética porque é muito cara. Queremos ajudar esses garotos. É fácil criticar, mas os familiares nunca foram resgatar ele numa boca de fumo", acrescentou o dirigente.

O presidente da comissão afirmou que os organizadores do torneio Remulos Fight Night irão arcar com os custos do velório e do enterro, que já ocorreram no último domingo (31).

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