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Cotidiano
A Amazon diz iniciar em São Paulo uma ação disruptiva, que se diferenciará por realizar entregas inclusive em domingos e feriados
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Vista da favela de Paraisópolis | Eduardo Knapp/Folhapress
Maior empresa de e-commerce do mundo, a Amazon inaugurou em Paraisópolis sua operação de entregas em favelas do Brasil.
Em parceira com a Favela Llog, startup da Holding de Favelas em conjunto com a Luft Logistics, a Amazon diz iniciar em São Paulo uma ação disruptiva, que se diferenciará por realizar entregas inclusive em domingos e feriados.
"A ideia é que o mercado se contamine com essa operação, que ela seja exemplo, já que ela beneficia os compradores e tem grande impacto social na comunidade, pois 100% dos entregadores moram no local", diz Rafael Caldas, 40, líder da Amazon Logistics no Brasil.
Segundo ele, a chegada da Amazon às favelas é fruto do amadurecimento do e-commerce no país ocorrido na pandemia. "Em Paraisópolis, iremos aprender ao máximo, superar os problemas de enderaçamento, que são a maior dificuldade em comunidades."
Um dos destaques é parte da equipe ser originária do projeto Redenção, da Cufa (Central Única das Favelas), que garante emprego a egressos do sistema carcerário no país.
Um exemplo é Francildo Phênnes Alves de Souza, 35, coordenador do QG da Favela Llog em Paraisópolis.
Após ser preso em 2008 por assalto à mão armada, Phênnes diz que hoje tem o emprego que sempre desejou.
"Essa oportunidade, de trabalhar perto de casa, de ter um salário digno e de poder estar próximo da família, é tudo o que jovens da favela, como eu era, desejam. É surreal", diz ele, que já trabalhou como motorista de perua escolar e usou o veículo para entregar alimentos na pandemia.
Além de resignificar sua presença na favela e perante os filhos, ele diz que a chegada da Amazon a Paraisópolis é um marco na favela. "Essa multinacional acredita em nós e no potencial da favela. E eu digo a todos: 'Acredite: sempre há chance de recomeço'", diz.
Quem também está na operação da Favela Llog é Thales Athayde, 26, filho de Celso Athayde, escolhido o Empreendodor Social do Ano em 2021 pela Fundação Schwab e CEO da Favela Holding. "Aqui em Paraisópolis devemos entregar até 2.000 pacotes por dia. A Cufa está há 15 anos aqui em Paraisópolis, e a Favela Vai Voando [empresa de turismo da holding], há 10. Não atuamos em combinação com crime, e o objetivo é fomentar o empreendedorismo local e a geração de renda", afirma Thales.
Segundo ele, deixar o Rio, onde vivem os dois irmãos, e vir para São Paulo foi para se desafiar a fazer dar certo iniciativas como a Favela Llog, em joint venture cujo lucro é dividido com a Luft Logistics.
Fundada em 2015, a Favela Llog respondia por 12% da holding, o que deve crescer agora após a parceira com a Amazon. A expertise de logística da empresa foi consolidada ao fazer chegar as doações na pandemia e por já estar presente em 100 favelas e 10 bairros do Rio de Janeiro, onde já realiza entregas da Natura e da P&G.
Agora o plano que se inicia com Paraisópolis, Heliópolis e Capão Redondo, em São Paulo, tem previsão de estar em 300 favelas até o final do ano.
De acordo com Celso Athayde, 16 outras empresas estão em tratativas para fazer parte da operação. "A Favela Llog não era muito expressiva, porque é uma startup que dependia de plano de expansão sólido. Mas agora deverá representar uma outra realidade e teremos essa posição em breve, assim que as 16 empresas entrarem para o projeto."
E, diz Celso, não há pressão para expansão rápida. "Temos compromisso com uma gestão que seja referência para a abertura de novo sólido mercado que iniciamos e queremos incentivar."
Se esse novo modelo se consolida em Paraisópolis, até o final do ano deve se espalhar pelo Brasil em ações da Favela Brasil Xpress, liderada por Gilson Rodrigues e Givanildo Pereira, e com a naPorta, liderada por Edu Lyra, da Gerando Falcões, que pretende estar em 24 comunidades.
São as favelas, que abrigam 17 milhões de pessoas com poder de compra da R$ 120 bilhões por ano, de vez no mapa do ecommerce no Brasil.
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