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Cotidiano

Bolsonaro se une a PSDB e União Brasil em seis estados do país

Iniciativa do presidente empareda os partidos que nacionalmente tentam construir uma terceira via

Maria Eduarda Guimarães

09/05/2022 às 11:40  atualizado em 09/05/2022 às 12:02

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Bolsonaro

Bolsonaro | Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro

A adesão informal de candidatos da centro-direita a Jair Bolsonaro (PL), que marcou a reta final do pleito de 2018, começa a ganhar novo fôlego em 2022, faltando cinco meses para as eleições.

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Em busca de palanques fortes que ancorem sua candidatura à reeleição em outubro, Bolsonaro iniciou um movimento de aproximação com pré-candidatos a governador de PSDB e União Brasil em seis estados e já recebeu apoio público em quatro deles.

A iniciativa do presidente empareda os partidos que nacionalmente tentam construir uma terceira via e amplia o isolamento das possíveis candidaturas de Luciano Bivar (União Brasil), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB).
O apoio a Bolsonaro já foi selado em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Rondônia. Também há movimentos de aproximação no Ceará e na Paraíba.

Aliados de Bolsonaro afirmam que o presidente tentará ampliar seus palanques para além da sua coligação formal. E avaliam que o recente respiro dele nas pesquisas e a força da máquina federal tendem a atrair candidatos da centro-direita nos estados.

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As parcerias avançam a despeito do histórico de atritos entre Bolsonaro e governadores que ganhou força na pandemia, quando o presidente abriu guerra contra medidas sanitárias contra a Covid-19 e foi alvo de críticas de parte dos gestores estaduais.

Foi o que aconteceu em Mato Grosso, estado que tem economia ancorada no agronegócio e tem forte viés antipetista. O governador e candidato à reeleição Mauro Mendes (União Brasil), que havia se afastado Bolsonaro na pandemia, agora anunciou apoio ao presidente.

A aliança foi selada há duas semanas após uma visita de Bolsonaro a Mato Grosso. Em entrevista à rádio Metrópole FM de Cuiabá, o presidente confirmou que apoiará a reeleição do governador.

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"Não tem atrito entre nós, estamos em paz. Mato Grosso é um estado importantíssimo para o Brasil, e harmonia entre eu e o Mauro Mendes interessa não só para Mato Grosso, mas para todo mundo. Então, estamos fechados e vamos tocar o barco aí", afirmou.

Para selar a parceria, o presidente pediu que aliados locais como o deputado federal José Medeiros (PL) e ao pastor Victório Galli (PTB) baixassem a temperatura nas críticas ao governador.

Medeiros, que é um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro no estado, diz que não vai criar obstáculos para a aliança: "Eu, pessoalmente, não tenho condições de caminhar com governador. Mas não serei um empecilho para a aliança. Voto não se joga fora."

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O acordo faz de Mauro Mendes favorito à reeleição, já que o governador não terá adversários competitivos no campo da direita e aliados do ex-presidente Lula seguem sem um nome para a disputa.

O cenário é semelhante em Mato Grosso do Sul, onde o ex-secretário Eduardo Riedel (PSDB) será candidato à sucessão do governador tucano Reinaldo Azambuja em uma aliança com PP e PL.
Mesmo com a pré-candidatura ao Planalto do tucano João Doria, ex-governador de São Paulo, Riedel afirmou que está "fechado com Bolsonaro".

"Estou em um partido que até hoje não decidiu se tem [candidato à] presidente ou não tem. [...] Entre os projetos que aí estão, eu coloco claramente minha posição pelo presidente Bolsonaro", disse Riedel há duas semanas em entrevista à imprensa local.
 

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Pré-candidata ao Senado na chapa de Reidel, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) deve atuar como ponte para consolidar o apoio do presidente ao tucano.

O movimento isola o deputado estadual Capitão Contar, que ensaia concorrer ao governo de Mato Grosso do Sul representando o bolsonarismo raiz. Ele chegou a se filiar ao PL, mas acabou migrando para o PRTB após se ver sem espaço para uma candidatura majoritária no partido.

Outro tucano que iniciou um movimento de aproximação com o presidente é o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato ao governo da Paraíba. Na última quinta-feira (5), ele prestigiou Bolsonaro em uma solenidade na cidade de Itatuba (110 km de João Pessoa).

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Uma possível aliança, contudo, demandaria negociações em âmbito local, já que os bolosnaristas lançaram o radialista Nilvan Ferreira (PL) como pré-candidato a governador. Procurado, Cunha Lima não respondeu aos contatos da reportagem.

No Amazonas, o governador Wilson Lima (União Brasil) também anunciou neste mês que vai endossar a candidatura à reeleição de Bolsonaro e negocia o apoio exclusivo do presidente.

O endosso acontece em um momento de tensão entre Bolsonaro e o governo do Amazonas em torno de um decreto do governo federal que altera a tributação e reduz a competividade das indústrias de bebidas não alcoólicas da Zona Franca de Manaus.

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O governador tenta reverter a decisão em Brasília, mas tem evitado críticas diretas ao presidente.
Caso a aliança se consolide, Lima deve ter Coronel Menezes (PL), ex-superintendente da Zona Franca de Manaus e amigo de Bolsonaro, como candidato ao Senado. Bolsonaro trabalha para derrotar o senador e candidato à reeleição Omar Aziz (PSD), que presidiu CPI da Covid.

"É como o presidente fala: tem a fase do namoro, do noivado e do casamento. Estamos entrando na fase do noivado", afirma Menezes sobre a provável aliança entre Bolsonaro e Wilson Lima.

Rondônia é outro estado em que a União Brasil estará com Bolsonaro. Eleito governador em 2018 pelo PSL, Marcos Rocha permaneceu no partido após a fusão e mantém apoio ao presidente.

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Ele deve dividir as atenções do presidente com o senador Marcos Rogério (PL), líder de tropa de choque de Bolsonaro na CPI da Covid e também pré-candidato ao governo.

Outro possível aliado é pré-candidato ao Governo do Ceará, deputado federal Capitão Wagner (União Brasil). Ele tem afirmado diz que trabalhará por um palanque amplo e aberto a outros presidenciáveis apoiados por aliados.

Mesmo sem cravar o apoio a Bolsonaro, o deputado já recebeu uma sinalização de apoio em agosto do ano passado, quando o presidente visitou o estado: "Tenho certeza que, assim como o Brasil tem um capitão, o Ceará terá brevemente um capitão também".

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), iniciou um movimento de reaproximação. Mas enfrenta desgaste entre as alas mais radicais do bolsonarismo após ter rompido com o presidente em meio a divergência sobre o enfrentamento à pandemia.

Dias atrás Caiado participou de um ato com Bolsonaro em Goiás e foi vaiado. Na última quarta-feira (4), o presidente comentou sobre a situação com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada: "Eu não tenho culpa disso não, tá? Ele colhe o que ele planta. Político colhe o que ele planta".

Para o secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, a aproximação com Bolsonaro em alguns estados não é uma surpresa, já que cada diretório tem liberdade para adotar a estratégia seja mais adequada. Ele nega que haja um movimento coordenado dentro do partido para apoiar o presidente.

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"O que eu posso assegurar que não existe nenhum tipo de orientação partidária nacional de aproximação nem de distanciamento com ninguém. [...] Essa não é uma tendência ou uma articulação nacional. O que existe é liberdade total para cada estado seguir o seu caminho", diz, o ex-prefeito de Salvador.

Pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto diz que manterá o seu palanque aberto e deve permanecer neutro na eleição nacional, mesmo com a possível candidatura de Luciano Bivar.

Procurado, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, preferiu não comentar sobre a adesão de tucanos à candidatura de Bolsonaro.

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