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Cotidiano

Brasileiros na Flórida saem de casa e traçam estratégias contra furacão Ian

A intensidade do Ian chegou a 235 km/h, perto de atingir a categoria 5

29/09/2022 às 09:24  atualizado em 29/09/2022 às 09:29

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Depois que resolverem ficar, brasileiros tiveram de tomar precauções especiai (foto de ilustração)

Depois que resolverem ficar, brasileiros tiveram de tomar precauções especiai (foto de ilustração) | Fernando Frazão/Agência Brasil

O furacão Ian, que nesta quarta-feira (28) chegou ao sudoeste da Flórida, nos Estados Unidos, após deixar um rastro de destruição no Caribe, tem assustado um grupo pouco habituado a eventos climáticos extremos desse tipo: brasileiros, que somam 400 mil no estado do sul americano, segundo o Itamaraty. 

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Uma delas é Mayara Oliveira, 25, que vive em Tampa, próximo à região inicialmente atingida pelo furacão nos EUA. Ela chegou a empacotar pertences pessoais e encher o carro com malas e até a TV para partir em direção a Miami, onde a previsão é de estragos menores, mas desistiu ao descobrir que as estradas estavam engarrafadas e que o trajeto que deveria durar menos de 4 horas levaria 8. 

"Tivemos medo de sermos surpreendidos no caminho. Nunca passamos por isso", diz ela, que vive há cinco meses na cidade com o namorado e trabalha como entregadora. 

Depois que resolverem ficar, foi preciso tomar precauções especiais. "Nossa casa não tem muita segurança, então colocamos o suporte da cama box tapando a janela, com medo de o vento quebrar o vidro e nos machucar." 

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Além disso, como há árvores próximas a todas as janelas, o casal colocou um colchão para dormir na sala, mais distante dos galhos. A casa até tem um cômodo no subsolo para proteção em caso de furacões, mas Oliveira afirma que não quer usá-lo, por medo de o lugar ser inundado caso haja algum dano estrutural ao imóvel, como um cano estourado. Algo que a tranquiliza é que tanto a casa quanto o carro têm seguro. 

Também foi preciso abastecer a despensa. Ela conta que encontrou comida facilmente nos poucos estabelecimentos abertos, mas houve dificuldade para achar água potável. "Viemos para a Flórida sabendo que aqui teria riscos maiores de catástrofes, mas jamais imaginei passar por uma situação dessa. Estamos com medo, não vamos negar", diz. 

Há quatro anos também em Tampa, João Gama, 22, afirma que já passou por outros furacões, mas que chegaram à cidade apenas como tempestades tropicais. Sabendo dos riscos, ele resolveu viajar até Orlando –mas se arrependeu ao descobrir que o fenômeno também pode causar estragos na cidade. 

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"Estamos todos muito assustados. A qualquer minuto a energia pode acabar e podem cair as torres de celular", diz. "Talvez eu estivesse mais seguro em casa, em Tampa, mas por enquanto estamos aqui, rezando e torcendo para que todos fiquem bem." 

A intensidade do Ian chegou a 235 km/h, perto de atingir a categoria 5, a mais forte da escala –só duas tempestades de categoria 5 castigaram os EUA nos últimos 30 anos, ambas na Flórida. A previsão é de que o fenômeno provoque inundações de mais de 5 metros de altura, além de ondas gigantes entre as cidades de Englewood e Bonita Beach. 

Milhões de moradores estão sob aviso ou ordem de saírem de casa nas reigões costeiras, mas o governador Ron DeSantis alertou nesta quarta que era tarde demais para quem ficou nos condados de Collier, Lee, Sarasota e Charlotte, previstos para serem atingidos pela parte mais forte da tempestade. "Hoje vai ser um dia bem, bem desagradável", disse DeSantis a jornalistas. 

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O furacão já deixou 1,1 milhão de pessoas sem energia na Flórida, 30 mil delas na região de Tampa. Só nesta quarta-feira as companhias aéreas cancelaram 1.712 voos com destino ou origem nos aeroportos de Orlando, Miami, Tampa e Fort Lauderdale, os principais do estado. Considerando os cancelamentos previstos para esta quinta (29), mais de 3.200 voos devem ser afetados. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou emergência no estado e enviou recursos de emergência. A Casa Branca afirma ainda que dispôs 110 mil galões de combustível, 3,7 milhões de refeições, 3,5 milhões de litros de água e 300 ambulâncias para atuar na ajuda às vítimas.

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