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Pais e professores reclamam de janelas estreitas e com grades, o que prejudica a circulação de ar na unidade de ensino | Arquivo pessoal
Boa parte dos pais e professores da escola municipal Tarsila do Amaral, no Jardim Jaqueline, bairro da região do Butantã, na zona oeste de São Paulo, teme a volta às aulas presenciais para os alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental. Há reclamações sobre problemas estruturais, infiltrações e goteiras, danos na rede elétrica e, principalmente, circulação de ar insuficiente para um momento de pandemia do novo coronavírus.
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Segundo um professor ouvido pela Gazeta, o edifício da escola tem cerca de 50 anos, e não está preparado para garantir uma ventilação satisfatória para as crianças e profissionais da instituição.
“No Tarsila temos um problema sério com a questão da ventilação. As janelas são muito estreitas, muito danificadas. Apesar de não atender os protocolos nesse quesito, o governo se mantém intransigente [em relação ao retorno das aulas]”, diz o profissional, que prefere não se identificar, à reportagem.
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Com a iminência do retorno às aulas presenciais, após o governador João Doria (PSDB) ter decretado a educação como setor essencial, ele e outros professores temem o aumento de contágio pela Covid-19. “Com essa decisão do governo, continuamos negociando para a volta ser somente remota, a partir de 5 de março. Conhecemos a realidade da escola e sabemos o risco da volta presencial”.
Durante a pandemia, os professores mantiveram contato com os pais, e promoveram até vaquinhas para comprar cestas básicas para famílias em situação de extrema pobreza. A escola está localizada em uma região considerada socialmente vulnerável. “A gente nunca deixou de ter contato com a comunidade”, explica.
Pais também temem
Um problema histórico da escola, além da falta de ventilação, é a estrutura dos telhados e da fiação. No início deste ano, por exemplo, os alunos foram surpreendidos por “cachoeiras e rios” que se formaram no corredor da unidade durante uma forte chuva em São Paulo, de acordo com um funcionário.
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Os pais temem a falta de manutenção da escola. Vanessa Bertoldo, mãe de uma aluna do terceiro ano fundamental, escreveu uma carta aberta em que elogia a direção e os professores, mas reclama do espaço físico e estrutural.
“A escola tem problema sério no telhado. Quando chove entra muita água na escola, e as janelas estão quebradas, não conseguem abrir, são pequenas e com telas o que impede a sua abertura. O correto seria trocar essas janelas. A situação dos banheiros é precária, com falta de papel, sabonete, descarga ruim, limpeza”, explica.
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Além disso, a mulher também aponta falta de funcionários de limpeza e de auxiliares de educação, e diz que não deverá permitir o retorno presencial da filha.
“A minha filha está sentindo muita falta da escola, porém ela não volta nessas condições. Se voltar nessa forma, sem nem o básico, que são os funcionários de limpeza uma boa circulação de ar, é para se contaminar e ficar no fecha e abre escola. Para o psicológico das crianças essa situação é muito pior”, explica.
Para Fabiano de Cabral, pai de um aluno de 7 anos, a estrutura da escola é ampla, mas de fato tem um problema sério com circulação de ar. “É uma escola muito fechada, além de ser muito grande para poucos funcionários. Faltam funcionários. Então, o governador, nessa pandemia, quer mandar as crianças para escola para quê? Não tem sentido, não tem estrutura, não comporta”.
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Ele também explica que o filho sente falta de ir à escola, mas que os professores estão sendo muito eficientes e prestativos no ensino a distância. “A escola faz falta, muita falta para meu filho. Só que os diretores e professores estão dando suporte para a gente em casa. Tudo o que você pede em relação à educação e ao estudo dos filhos eles estão lá de prontidão para ajudar”.
Outra mãe, que se apresentou apenas como Kelly, também elogia os professores e reclama da estrutura da unidade.
“É uma boa escola porque tem profissionais comprometidos, mas em termos de estrutura não acho tão boa assim. É um prédio antigo e não acompanhou a evolução e crescimento do bairro”, diz.
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Segundo ela, a instituição é fria demais no inverno e quente demais no verão, por exemplo. “E com a pandemia tudo isso se agrava. Têm todos esses protocolos que estão tentando fazer a gente acreditar que e possível ter um retorno seguro, sendo eu não sentia confiança na escola nem antes da pandemia. Ficava sempre atenta e preocupada com os espaços e com a aprendizagem em geral do meu filho”, finaliza Kelly.
Prefeitura
A Gazeta entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo em relação aos problemas da unidade de ensino. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, “a EMEF Tarsila do Amaral está passando por reforma e manutenção que contempla a cobertura e impermeabilização do telhado. A reforma foi iniciada em janeiro com previsão para finalizar em abril”.
A nota continua: “A obra está orçada em R$ 349 mil e entre os serviços em execução estão a substituição da cobertura com impermeabilização das estruturas de drenagem, adequação das tubulações do reservatório de água, tratamento de trincas e rachaduras no prédio anexo, revisão das instalações elétricas, adequação de passa-prato para acessibilidade e pisos, e pintura das áreas afetadas”.
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Nada foi dito, porém, em relação ao problema de ventilação. Segundo o professor do início desta reportagem, de fato a reforma no telhado está sendo feita, depois de 10 anos de reivindicação, mas não há nenhum projeto para melhorar a circulação de ar.
“Para as janelas não tem nada oficial da prefeitura com relação a essa obra. E, mesmo se tivesse, não daria para fazer com os alunos na escola”, desabafa.
Atualização
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Após a publicação deste texto, a assessoria da Prefeitura de São Paulo entrou em contato com a Gazeta, para atualizar a questão do teto citada na reportagem. Leia a nota na íntegra abaixo. Além disso, a assessoria enviou duas imagens para comprovar que o teto se encontra em boa situação neste momento.
Nota da prefeitura:
"Em relação à matéria 'Escola no Butantã não tem condições de volta às aulas, alertam pais e professores', a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação (SME) esclarece que as fotos apresentadas na publicação são antigas. A unidade está passando por obras de reforma e a manutenção do telhado foi finalizada. Não há mais vazamentos, a unidade passa por pintura interna no momento.
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A reforma na unidade foi iniciada em janeiro com previsão para finalizar em abril. A obra está orçada em R$349 mil e entre os serviços em execução estão a substituição da cobertura com impermeabilização das estruturas de drenagem, adequação das tubulações do reservatório de água, tratamento de trincas e rachaduras no prédio anexo, revisão das instalações elétricas, adequação de passa-prato para acessibilidade e pisos, e pintura das áreas afetadas".
As imagens enviadas pela prefeitura:
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