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Cotidiano

Língua portuguesa foi uma das melhores heranças de Portugal, defende escritor

Vencedor do Prêmio Camões de Literatura, Germano Almeida escreve sobre o que escuta do povo de Cabo Verde

Leonardo Siqueira

05/12/2025 às 10:00

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Almeida participou virtualmente do FliParaíba, com mediação de Hélder Moura

Almeida participou virtualmente do FliParaíba, com mediação de Hélder Moura | Reprodução YouTube | Secult Paraíba

Germano Almeida, vencedor do Prêmio Camões de Literatura em 2018, afirmou no último sábado (29/11) que Cabo Verde usa a língua portuguesa para o ensino e para a vida social utilizam o crioulo, idioma oficial do país. Depois, Sérgio Botelho afirmou à Gazeta que um país miscigenado enriquece a cultura. 

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Sem conseguir estar presencialmente ao 2º Festival Literário Internacional da Paraíba, Almeida teve uma breve participação por vídeo devido a problemas no joelho. 

Para fechar a mesa com o tema territórios literários em trânsito - escritas em movimento, o advogado Thélio Farias completou escritor cabo-verdiano. 

Duas línguas

Aos 80 anos, Germano Almeida têm dificuldade em estabelecer território para a sua língua. O cabo-verdiano usa principalmente o português para se comunicar. Mesmo o seu país tendo um idioma próprio, ele não se sente a vontade com a escrita em crioulo. 

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“Os nossos meios sobretudo econômicos não permitiram, até agora, fazer um estudo sobre a nossa língua. A verdade é que todo o nosso ensino continua a ser feito em português. Embora, a vida social em Cabo Verde ocorra em crioulo”, explicou.

No entanto, se considera “viceralmente” cabo-verdiano e afirma que a língua portuguesa foi uma das melhores heranças que receberam de Portugal. Cabe aos habitantes da ilha cultivar esse idioma tão bem quanto o país europeu. 

Nascido na Ilha de Boavista, Almeida viveu toda a sua juventude em Cabo Verde. Aos 18 anos foi até Portugal para continuar os estudos e se licenciar em Direito, na Universidade de Lisboa. Até regressar para o seu país e exercer advocacia. 

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Durante os anos 1980 fundou ao lado do artista plástico Leão Lopes e o psicólogo Rui Figueiredo o que seria a segunda publicação literária mais importante de Cabo Verde, a revista cultural Ponto & Vírgula — que permitiu desenvolver a identidade escrita local. 

Seu livro mais conhecido é o romance “O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, marcado principalmente pelo humor e pela sátira. Na ausência de Almeida, Thélio Farias, membro da academia brasileira de letras da Paraíba, completou a mesa. 

“Germano escreve sobre o que, segundo ele, escuta do povo de Cabo Verde. O que escuta nas ruas, nas praças, na feira, na praia, no dia a dia da cidade. Não gosta de ser chamado de escritor, se diz apenas um contador de história”, disse o também advogado. 

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Para ele, a escrita simples de Almeida conversa com o morador de Cabo Verde, mas também com o de João Pessoa (PB), de Campina Grande (PB), Luanda (Angola), Guiné-Bissau e em outros lugares colonizados pelos portugueses. 

“Porque essas escritas territoriais são ligadas. Possuem voos e volta, possuem trens indo e vindo, possuem estradas de duas mãos, no asfalto, no avião, no trem do humanismo”, completou Farias. 

Botelho teve participação no jornal O Norte em um momento crucial para o fim das pescas de baleiaJornalista Sérgio Botelho diz que língua portuguesa é mais rica no Brasil por conta da miscigenação | Leonardo Siqueira | Gazeta de S. Paulo

Miscigenação

A língua portuguesa não se move somente entre os territórios no presente, o tempo é outra característica que permite aos dialetos se transformarem, assim defendeu Sérgio Botelho. Aos 75 anos, o jornalista escreve livros com base nas memórias de outra João Pessoa. 

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“O material que utilizo se insere no campo do saber em trânsito. Longe de ser um campo estático de ocorrências humanas e sociais, o memorialismo atua como se fosse um veículo carregado de fatos com destino ao presente e com olhos no futuro”, explicou Botelho.

O jornalista também acredita que a miscigenação fortaleceu a língua. Somente no Brasil, existem diversos dialetos do português, como o baiano, caipira, carioca e outros. A miscigenação permitiu uma variação única de palavras e sentidos. 

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras, apontou existirem cerca de 370 a 382 mil palavras na edição de 2021 — a estimativa é que esse número cresça.

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“Porque essa mistura é muito forte em qualquer sentido. Ela enriquece a diversidade cultural de um país. Um povo miscigenado, é um povo mais forte”, afirmou o jornalista à Gazeta.  

Encontrar um neologismo em Portugal é uma tarefa difícil hoje em dia, ao contrário do Brasil, “aqui todo dia tem uma neologia”. 

Por isso existe uma forte onda conservadora no país luso. A cultura brasileira tem cada vez mais força, não só nos programas de TV, como nas músicas e nas redes sociais. 

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Um exemplo é o fado, gênero musical que não pegou no Brasil, ao contrário da MPB, que ganhou força por lá. 

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