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Pais devem observar protocolos para decidir se mandam ou não os filhos para a escola | /Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress
Demora na vacina, surgimento de novas variantes, pessoas mais novas apresentando quadros graves por conta da Covid-19, reinfecção. Estes são alguns dos motivos que levam pais a manterem os filhos no ensino remoto, mesmo após a reabertura das escolas.
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“Elas estão em casa desde março de 2020. Em março deste ano, quando houve o retorno, pensei em mandar, mas, devido às informações novas sobre o vírus, como a reinfecção e novas variantes, fiquei com medo (...). Eu vejo a necessidade delas de interação com os colegas, elas estão mais indispostas e irritadas, mas mandar para escola é algo que pretendo fazer no segundo semestre, porém, somente se houver uma real melhora da situação”, conta a bancária Laura Mendonça Tosta, 41 anos, mãe de Ana Clara, 12 anos, e Laís, 7 anos, ambas estudantes de uma escola particular da zona sul de São Paulo.
Moradora de Bauru, no interior paulista, a professora Ana Cláudia Santa Rosa, de 33 anos, também optou por manter os filhos Gabriel, de 12 anos, e Benjamim, 4 anos, alunos de uma escola privada da cidade, apenas no ensino remoto. “A escola deles já voltou com a lotação permitida de 35%, mas não me sinto confiante em mandá-los. O Gabriel, meu mais velho, também tem medo, mesmo querendo voltar, se sente inseguro. Já o Benjamim não fica de máscara e, por ser pequeno, ainda coloca coisas na boca, o que torna mais difícil para controlar. Por enquanto, se permitirem o ensino remoto até a tão sonhada vacina chegar, ficaremos assim.”
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Laura e Ana não estão sozinhas. Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP), quase metade dos pais de alunos de escolas privadas ainda se sentem inseguros para mandar os filhos para as aulas presenciais. “Realmente existem ainda pessoas que relutam em mandar seus filhos para as escolas, até porque a forma como o país conduz a pandemia é muito ineficaz. Hoje, o percentual das famílias que mandam seus filhos para as escolas é superior a 50%, mas já foi menor. Porém, as escolas têm investido para manter a segurança”, relata o presidente do SIEEESP, Benjamin Ribeiro da Silva.
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Escolas públicas
Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, na rede, a maior parte dos alunos segue assistindo aulas exclusivamente on-line, são 2,85 milhões nesta situação, contra 1,8 milhão de alunos comparecendo presencialmente, respeitando o limite de até 35% por dia. Já a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou não ter como verificar tal informação, visto que não há obrigatoriedade de presença no ensino presencial. Entretanto, o órgão afirma que 68,2% dos pais eram favoráveis ao retorno das aulas presenciais, quando houve a consulta sobre a volta às aulas.
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Nacionalmente, uma pesquisa da startup de dados Behup, revela que apenas 34% dos pais com filhos em escolas públicas confiam que a escola está preparada para realizar os protocolos sanitários, sendo que 55% dos responsáveis ainda não mandaram os filhos para as aulas presenciais. Entre os pais de escolas particulares, os números são 62% e 40%, respectivamente.
Com dois filhos matriculados no ensino infantil municipal da Capital, a professora Márcia Acebedo Lois, de 39 anos, reflete o que mostra a pesquisa da Behup. Mesmo com dificuldades para conciliar os horários de trabalho com as crianças em casa, ela e o marido só pretendem deixar que os filhos retornem às aulas presenciais, quando houver vacina para o público infantil. “Os dois são do grupo de risco, mas mesmo se não fossem não mandaria, pois, ainda que exista o esforço por parte da equipe para garantir os protocolos sanitários, o ambiente escolar não é seguro. A segurança efetiva se daria pela vacinação em massa, associada aos protocolos sanitários, fato que ainda demorará a ser realidade”, diz ela, que é mãe de Marina, 3 anos, e Matheus, 10 meses.
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De olho nos protocolos
Estudos em diversos países já demonstraram que crianças não são vetores importantes de transmissão do novo coronavírus e que escolas não são locais que aumentam a taxa de transmissão comunitária do vírus, o que fez com que diversos órgãos, como a OMS, Unicef e sociedades de pediatria no Brasil e na Europa afirmassem que o custo do fechamento das escolas para as crianças é superior aos benefícios. Ainda assim, a decisão das famílias deve ser respeitada.
Para quem tem dúvidas sobre enviar ou não as crianças para a escola, a pediatra Georgette Beatriz de Paula, do grupo Sabin – Campinas, aconselha prestar atenção aos protocolos. “Realmente é muito difícil a decisão de mandar ou não os filhos para a escola. É importante verificar se a instituição está aplicando os protocolos de forma adequada, observando se estão exigindo o uso de máscaras, mantendo o distanciamento entre as carteiras, disponibilizando álcool em gel, observando uma boa ventilação, pedindo para cada um carregar sua garrafa de água, entre outros. É claro que aqueles casos em que as crianças tenham doenças crônicas, ou indicação médica, é melhor que se mantenham em casa. Porém, no geral, as famílias devem pesar o risco e benefício de mandar para a escola”, finaliza.
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