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Cotidiano
O uso de cadeia de TV e rádio para esse fim jamais foi adotado pela gestão Bolsonaro nos três anos anteriores
09/05/2022 às 09:08 atualizado em 09/05/2022 às 09:16
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Michelle Bolsonaro durante mensagem sobre Dia das Mães | Reprodução/TV Brasil
A cinco meses das eleições presidenciais, o governo federal promoveu novamente uma ação atípica e usou na noite deste domingo (8) cadeia nacional de TV e rádio para que a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ministra da Mulher, Cristiane Rodrigues Britto, falassem sobre o Dia das Mães.
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Por quase cinco minutos, a esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a titular da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos fizeram considerações sobre o que é ser mãe, além de citarem programas do governo direcionados às mulheres.
"Por conhecer os desafios da maternidade, temos o compromisso de cuidar das mães do nosso país", disse Michelle no vídeo, acrescentando frases como "ser mãe é um trabalho em tempo integral" e "ser mãe é chamar para si a maior e mais divina das responsabilidades".
O uso de cadeia de TV e rádio para esse fim jamais foi adotado pela gestão Bolsonaro nos três anos anteriores, em 2019, 2020 e 2021. Além disso, a prática destoa das regras divulgadas pelo próprio governo federal para utilização do expediente.
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Segundo a norma do Planalto, "a formação de rede nacional de rádio e televisão [existe] para atender à solicitação de transmissão de pronunciamentos dos chefes dos três Poderes da República e, eventualmente, para transmissão de comunicados de ministros de Estado em temas de relevância e interesse nacionais, como campanhas de vacinação para evitar epidemias".
Michelle, que coordena o programa Pátria Voluntária, encerrou o vídeo dizendo abraçar "cada mãe desse Brasil [...], todas as mães heroínas deste país".
Como a Folha mostrou, cinco ministros que deixaram seus cargos em 31 de março para disputar as eleições de outubro convocaram cadeia nacional de rádio e TV neste ano para fazerem pronunciamentos.
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Nas aparições, eles misturaram anúncio de supostas ações federais a autoelogios, exaltação ao governo e à figura Bolsonaro, além de críticas a adversários.
Damares Alves, até então titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi uma das auxiliares do presidente que recorreram à estratégia de exibição. Filiada ao Republicanos, ela agora é pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal.
A Folha também relatou que, diante da alta rejeição de Bolsonaro entre as eleitoras, o entorno dele passou a defender maior participação de Michelle na campanha em busca da reeleição.
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A avaliação do núcleo que define a estratégia eleitoral do mandatário é a de que a companheira do presidente é carismática e pode ajudar a humanizar a imagem do chefe do Executivo, que conta com rejeição maior entre as mulheres, segundo as pesquisas eleitorais.
A Folha questionou o Palácio do Planalto sobre as razões para uso da cadeia de rádio e TV na noite deste domingo, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lançou sua pré-candidatura neste sábado (7), está à frente das pesquisas de intenção de voto para outubro.
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Segundo o mais recente levantamento do Datafolha, de março, o petista alcança 43% das preferências, mas Bolsonaro recuperou fôlego na corrida para o Palácio do Planalto e chegou a 26%.
Lula também se mantém na dianteira das simulações de segundo turno, mas o atual presidente encurtou as distâncias. No levantamento anterior do instituto, feito em dezembro de 2021, o ex-presidente vencia Bolsonaro por 59% a 30%. A diferença caiu para 55% a 34% em março.
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