MP do Rio busca gravações para reconstruir operação com 121 mortes

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) determinou nesta quinta-feira (30/10) a verificação das imagens registradas pelas câmeras corporais dos policiais que participaram da Operação Contenção, na última terça-feira (28/10) nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Considerada uma das mais letais da história do País, a ação deixou 121 mortos, entre eles quatro agentes de segurança, além de resultar em mais de 100 prisões e na apreensão de 118 armas de fogo, em sua maioria fuzis, e 14 artefatos explosivos.

O procurador-geral de Justiça, Antônio Campos Moreira, afirmou que o acesso às gravações é “etapa essencial” para a apuração das circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação.

Segundo ele, o Ministério Público pretende analisar de forma independente as imagens e demais provas produzidas pelas forças policiais.

“A partir do relatório das polícias, do recebimento das imagens, dos primeiros laudos de necropsia, dos confrontos balísticos e dos depoimentos que já estão sendo colhidos, o Ministério Público vai construir uma avaliação técnica e autônoma sobre o que realmente aconteceu”, explicou Moreira.

O procurador classificou a operação como um episódio de “verdadeira guerrilha urbana” e reconheceu as dificuldades para a reconstrução dos fatos, especialmente porque parte dos confrontos ocorreu em área de mata fechada.

Ainda segundo o chefe do MPRJ, a investigação abrangerá toda a cadeia de decisão da operação, da autorização e planejamento à execução das diligências. Ele também reforçou que o órgão está aberto a ouvir testemunhas e moradores das comunidades afetadas.

“Temos no Ministério Público uma estrutura voltada ao monitoramento de operações policiais e um canal direto de diálogo com a população. Qualquer pessoa que nos procurar será acolhida com respeito e terá sua versão ouvida. Com base nesse conjunto de informações, poderemos formar uma visão técnica e precisa dos fatos”, concluiu Moreira.