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Cotidiano

Negacionistas antivacina se aproveitam da culpa materna

A afirmação foi feita por Natalia Pasternak, uma das principais divulgadoras científicas do país e presidente do Instituto Questão de Ciência

Natália Brito

09/08/2022 às 10:13  atualizado em 09/08/2022 às 10:30

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Os negacionistas, diz a microbiologista gaúcha, recorrem a emoções que turvam a boa análise de risco e exploram o fato de que costumam ser elas as responsáveis a saúde de seus filhos.

Os negacionistas, diz a microbiologista gaúcha, recorrem a emoções que turvam a boa análise de risco e exploram o fato de que costumam ser elas as responsáveis a saúde de seus filhos. | DIVULGAÇÃO/GOVERNO DE S.PAULO

Mercadores da dúvida e do negacionismo se valem do sentimento de culpa que recai sobre as mães nas sociedades patriarcais para alavancar pautas antivacina.

A afirmação foi feita por Natalia Pasternak, uma das principais divulgadoras científicas do país e presidente do Instituto Questão de Ciência, durante a primeira palestra do ciclo Fronteiras do Pensamento nesta segunda, em São Paulo.

O argumento se baseia numa pesquisa recente que identificou os principais perfis que fazem panfletagem contra vacinação em redes sociais –e percebeu que muito desse conteúdo é dirigido a mulheres.

Os negacionistas, diz a microbiologista gaúcha, recorrem a emoções que turvam a boa análise de risco e exploram o fato de que costumam ser elas as responsáveis a saúde de seus filhos.

Vacinar é uma decisão ativa, explica ela, e a inação é sempre uma escolha mais fácil porque exime a pessoa de responsabilidade sobre seu ato, independentemente das evidências.

"Esses mercadores vendem uma falsa certeza de que a vacina traz perigos, que se você tiver uma vida saudável não precisa se preocupar. E, se der algo errado, é apenas a ordem natural das coisas. Assim você me exime da culpa."

A pesquisa citada por Pasternak encontrou 12 perfis de mídia social que geram 65% do conteúdo antivacina no Facebook e no Twitter. "Não se engane, desinformação mata, mas também dá lucro."

Certezas são reconfortantes, como o exemplo demonstra, e o debate de Pasternak com o professor Stuart Firestein, da Universidade Columbia, girou em torno de como a ciência é impregnada pela dúvida e pela ignorância –e não pode deixar de ser.

"O conhecimento serve só para produzir ignorância de mais qualidade, ou seja, sofisticar as perguntas que são feitas", disse Firestein, que tem livros e cursos seminais sobre a importância da incerteza no processo científico.

O professor ilustrou sua defesa fervorosa do fracasso com citações como a de Marie Curie que afirmou celebremente que o cientista não consegue ver aquilo que está feito, apenas o que está por fazer.

"Galileu estava errado sobre a maneira como a Terra gira em torno do Sol. Kepler chegou mais perto da verdade alguns anos depois. Mas Galileu estava menos errado que Ptolomeu, que defendia que o Sol girava em torno da Terra."

A falha precisa ser entendida como algo essencial no progresso científico, não como algo que devemos lamentar, disse Firestein. E Pasternak apontou a importância de aproximar a sociedade dos cientistas pra que aprendam com mais naturalidade sobre esse processo e consigam acessar seus resultados, tornando-se menos vulneráveis aos mercadores do negacionismo.

O ciclo Fronteiras do Pensamento segue com uma programação online e presencial –em São Paulo e Porto Alegre– até dezembro, com nomes como Élisabeth Roudinesco, Luc Ferry, Steven Johnson e Marcelo Gleiser.

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