Mara Gabrilli é eleita presidente de comissão voltada a migrantes e refugiados

A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) foi eleita na última quarta-feira (28) presidente da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados. A comissão terá como vice-presidente a deputada Carol Dartora (PT-PR) e como relator o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE).

O grupo terá como missão estreitar o diálogo entre o governo federal e as organizações que tratam do tema, entre elas, a Acnur, Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com fins de cooperar para a condução dos trabalhos destes grupos que atuam no auxílio a fluxos migratórios forçados. 

• Afegãos continuam no Aeroporto de Guarulhos à espera de acolhimento

Vários desafios deverão ser enfrentados pela Comissão a partir de agora. Um deles envolve os impactos causados pelas mudanças climáticas. Há uma interferência direta destas mudanças nos fluxos migratórios forçados. Gabrilli explicou que mais de 100 milhões de pessoas estão neste fluxo climático, além dos mais de 35 milhões de refugiados que fogem dos conflitos armados, das perseguições políticas, e da fome.

“Que possamos trabalhar sempre com empatia e inclusão. Essas são palavras-chave ao planejarmos e promovermos as políticas públicas para pessoas migrantes e refugiadas. Estou certa de que dedicaremos nossas melhores respostas para exercitar a escuta ativa das demandas e dos sonhos dessas populações de diversas origens, nacionalidades, religiões, raças, etnias, identidades de gênero, orientações espirituais, posicionamentos políticos e grupos sociais”, declarou a senadora à imprensa.

A cooperação é fundamental

O Brasil, país reconhecidamente acolhedor, na prática, ainda se mostra hostil à questão dos refugiados, considerando a violência, que possui índices muito altos, bem como os discursos de ódio, principalmente os voltados aos migrantes negros, como pontuou a vice-presidente do colegiado, deputada Carol Dartora.

O deputado Túlio Gadêlha, relator na Comissão, apontou a imensidade dos desafios atuais. O fluxo migratório está acelerado no Brasil, uma vez que há muitas pessoas que optam por morar por aqui, pois não temos guerras, e os desastres naturais são menores do que em outras regiões do mundo. O relator lembra também que a comissão se ocupará de olhar para os brasileiros que estão fora do país, pois, “muitas vezes eles precisam de um canal de diálogo com a embaixada, ou até com o governo local”, pontuou o deputado.

São Paulo vive ainda um problema pontual, para o qual os parlamentares têm destinado um olhar especial. A situação dos afegãos que vivem acampados no Aeroporto de Guarulhos, cerca de 209 pessoas estão nesta situação, e inclusive, agora, a preocupação é a disseminação da escabiose, doença conhecida no país como sarna, que é atribuída, essencialmente, à falta de condições básicas de higiene. A cidade de São Paulo não possui vagas suficientes para todos nos abrigos do município. 

Membros da comissão apontam que a Comissão é capaz de garantir a mobilização necessária para que haja orçamento para a obtenção de recursos para a execução de políticas públicas para migrantes e refugiados.