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Cotidiano
Assaltos, roubos e agressões têm se tornado cada vez mais frequentes no terminal
04/07/2022 às 10:59 atualizado em 04/07/2022 às 11:30
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Movimentação na estação Barra Funda do Metrô (arquivo) | Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
Passageiros que circulam pela estação Barra Funda, da Linha-3-Vermelha do Metrô de São Paulo, relatam que casos de violência têm se tornado cada vez mais frequentes no terminal, que é um dos maiores da cidade.
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"Simplesmente deram uma rasteira em mim e puxaram minha bolsa. Eu estava caída, era só eles irem embora, só que não era o bastante, e começaram a me chutar", conta a designer Yakari Camada sobre a agressão praticada contra ela por adolescentes.
Depois que Yakari compartilhou destalhes deste episódio em uma rede social, mais de 2.000 comentários de internautas revoltados com a insegurança surgiram. As histórias de vítimas de furtos no local se multiplicaram na plataforma. "Trabalho próximo à estação. Nós estamos sofrendo com esses assaltos. Várias vezes pedimos socorro para a polícia e guardas do Metrô, mas não resolvem nada", afirma Samanta Farias.
Um segurança que trabalha na linha 3-Vermelha – e que preferiu não se identificar – afirmou ao portal "R7" que roubos e furtos são realmente muito frequentes no terminal. "São meninos, menores de idade, que agem em grupo. Normalmente ficam nas rampas, onde a visão dos seguranças e as imagens das câmeras ficam encobertas. Nós corremos atrás deles, mas é muito difícil pegar porque somos poucos", revelou.
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De acordo com testemunhas, muitos dos roubos ocorrem em uma rampa que liga a parte central do complexo a uma rua onde passam ônibus municipais.
"Ao sair da rampa, já na parte inferior, um grupo veio em minha direção e eu seria assaltada se um homem não tivesse se aproximado e fingido que estava comigo", detalhou uma jornalista que trabalha na região.
Não há seguranças monitorando a rampa, que está repleta de pichações e com as estruturas de acrílico quebradas. O Metrô informou que a responsabilidade sobre essa área é da Socicam, empresa que administra o terminal rodoviário da Barra Funda. Por sua vez, a companhia terceirizada não se manifestou sobre os caso de violência.
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Entre as vítimas dos crimes cometidos na região do terminal, muitas são mulheres. A estudante Natany de Moraes, de 31 anos, relata que quase foi assaltada no feriado de Corpus Christi. "Meus amigos estavam atrás de mim, mas eles [os assaltantes] acharam que eu estava sozinha. Lá [na estação] tem muita ocorrência de arrastões, então tem que ficar de olho aberto, porque os seguranças simplesmente não fazem nada."
Segundo o segurança do Metrô ouvido pela reportagem, a falta de equipes de segurança nas estações pode explicar o aumento de assaltos e roubos na estação. Ele diz que, quando há jogo de futebol, muitos seguranças são encaminhados para outras estações e a vigilância na Barra Funda se torna mais fraca.
Outras estações da Linha Vermelha também têm ocorrências similares. A universitária Ana Beatriz Costa conta que voltava para casa quando presenciou três meninos abordando uma mulher. Ela diz que um deles segurou os braços da vítima, outro pegou a bolsa dela, e o terceiro revistou os bolsos da calça. Eles fugiram correndo.
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Adolescentes infratores
De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, presidente da Comissão Especial de Adoção e Direito à Convivência Familiar de Crianças e Adolescentes da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), "há um aumento da população desses jovens nas ruas de São Paulo, e alguns sobrevivem como pedintes, em situação de trabalho infantil ou cometendo furtos e roubos".
A Prefeitura de São Paulo revelou por meio de um censo que crianças e adolescentes em situação de rua se concentram em mais de 520 pontos da capital.
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Os jovens podem receber diversos tipos de responsabilização, caso pegos em flagrante. "Adolescentes com mais de 12 anos só podem ser apreendidos em atos com violência ou grave ameaça. Em furtos, pegos em flagrante, são levados pra delegacia e liberados com o comparecimento dos pais ou responsáveis. Em roubos, pegos em flagrante, podem ficar detidos e são encaminhados para a Fundação Casa", explicou Alves.
Os jovens podem responder a processos nas Varas da Infância e Juventude ou receber medida socioeducativa de liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade.
Dos 4.765 jovens em atendimento na Fundação Casa, 1.569 foram apreendidos por roubo qualificado (32,93%), 178 por roubo simples (3,74%) e 122 por furto qualificado (2,56%).
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O que dizem Metrô e SPP
O Metrô de São Paulo afirmou em nota que vai analisar as imagens do circuito interno de monitoramento para averiguação dos casos. "A companhia mantém agentes de segurança pela estação, que realizam rondas constantes. É importante que os passageiros comuniquem todos os casos a um funcionário para a adoção de rápidas medidas."
A Secretaria da Segurança Pública não comentou especificamente os casos de violência na Barra Funda. A pasta comentou que realiza desde maio a Operação Sufoco.
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"Até o momento cerca de 6.500 pessoas foram detidas e 366 armas de fogo ilegais retiradas das ruas. Também foram recolhidos simulacros de armas, cartões bancários, máquinas de cartão, celulares e carcaças de celulares. A Operação Mobile também é desencadeada para combater roubos e furtos de celulares. Nas áreas da 1ª e 3ª seccional, responsáveis pelo Anhangabaú e pela Barra Funda, respectivamente, 1.947 celulares foram apreendidos e 15 pessoas presas somente no mês passado."
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