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Cotidiano

Procurador da República em SP diz que mulheres têm 'obrigação sexual'

Anderson Santos classifica o feminismo como 'transtorno mental'; após as mensagens, ele deverá responder em representações do MP Federal

20/07/2022 às 10:30  atualizado em 20/07/2022 às 11:01

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Ministério Público Federal em SP

Ministério Público Federal em SP | Reprodução

O procurador da República, Anderson Santos, é alvo de duas presentações enviadas à Corregedoria do Ministério Público Federal após a publicação de mensagens consideradas machistas e com conotação de incentivo ao estupro. Nas publicações, ele associa o feminismo a transtorno mental e afirma que mulheres têm "obrigação sexual" para com seus parceiros.

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As mensagens teriam sido compartilhadas por Anderson a uma lista interna do MPF e provocaram reação entre procuradoras. Elas afirmam que as declarações legitimam o "estupro matrimonial". 

A Corregedoria do MPF deve agora analisar as representações de modo que ele fica sujeito a advertência, censura, suspensão ou demissão.

Santos negou que tenha defendido a prática de crime de estupro. Ao "g1" ele  disse que fez o comentário na rede interna do MPF para debater sobre a monogamia com colegas. Outra intensão seria discutir sobre a necessidade de existência de uma criminalização do adultério. 

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Segundo o procurador o debate de faz pertinente diante de decisões na Justiça que ainda levam em conta a falta de sexo para anular casamentos. 

"Não é o caso de cobrar e exigir que a mulher faça sexo. É dá ensejo a se for reiterado [a falta de sexo] ao pedido de divórcio. Eles querem, na verdade, dizer que estou defendendo estupro de mulheres. Claro, se defendesse, seria uma incitação ao crime, mais do que quebra de decoro, seria caso de ação penal pública", declarou.

Sobre as representações das quais é alvo Santos diz que elas se devem ao clima polarizado na PGR. "A conversa foi muito mais longa e eu apontei que os progressistas em verdade não querem casar, porque não querem assumir as responsabilidades de um casamento, tais quais a monogamia e o débito conjugal. Então eles começaram a descaracterizar o casamento para poderem ter o status de casado sem o ônus devido. Isso causou muita revolta", disse o procurador.

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Mensagens 

O primeiro texto publicado por Santos veio a público no início da noite desta segunda-feira (18) e classifica o feminismo como "transtorno mental". Ele sugere que será criada no futuro uma CID [Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde]. 

“A feminista normalmente é uma menina que teve problemas com os pais no processo de criação e carrega muita mágoa no coração. Normalmente, é uma adolescente no corpo de uma mulher. Desconhece uma literatura de qualidade e absorveu seus conhecimentos pela televisão e mais recentemente pela internet”, escreveu. 

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Em seguida, diz que as mulheres que buscam empoderamento procuram preencher alguma espécie de "rejeição". 

“Na maioria das vezes, a sua busca por empoderamento é na verdade uma tentativa de suprir profundos recalques e dissabores com o sexo masculino gerado pelas suas próprias escolhas de parceiros conjugais”.

"DÉBITO CONJUGAL'

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Santos defendeu que é “de fundamental importância recuperar a ideia do débito conjugal no casamento” e fez uma citação bíblica. 

“O marido pague a sua mulher o que lhe deve, e da mesma maneira a mulher ao marido”, publicou, citando o livro de Coríntios. 

“O progressismo nos convenceu que o cônjuge não tem qualquer obrigação sexual para com o seu parceiro, levando muitos à traição desnecessária, consumo de pornografia e ao divórcio”, continuou. 

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Segundo o procurador, “esse é um drama vivido muito mais pelos homens diante das feministas ou falsas conservadoras. A esposa que não cumpre o débito conjugal deve ter uma boa explicação sob pena de dissolução da união e perda de todos os benefícios patrimoniais”.

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