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Caminho do esgoto | /Arte Gazeta de S.Paulo
Na correria do dia a dia poucos param para pensar para onde vai a água que sai de nossas casas já como esgoto. Nesse especial sobre a água, a Gazeta vai mostrar um panorama da coleta e tratamento de esgoto nas três maiores cidades da região sudoeste da Grande São Paulo. Atualmente, apenas cerca de 3 mil municípios brasileiros, o equivalente a 55,2% do total, contam com coleta e tratamento de esgoto adequada.
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A água utilizada para lavar a mão, a louça, a roupa, ou para dar descarga segue um longo caminho até ser tratada ou simplesmente descartada nos córregos. Um dos principais desafios das companhias de saneamento de todo o Estado é aumentar o índice de coleta de esgoto nas residências e empresas e também de
tratamento.
Em Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra os índices avançam em passos lentos e os serviços de saneamento básico são de responsabilidade da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo).
Na cidade de Taboão da Serra, que conta com uma população estimada em 285 mil habitantes, a Sabesp coleta 96% do esgoto, mas só trata 51% desses resíduos. O restante se junta ao que não foi coletado e é despejado nos córregos e rios.
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"Ano passado já teve um reajuste nas tarifas de água e esgoto e na última semana foi anunciado um novo aumento. Agora o que eu não entendo é como pagamos uma taxa que é alta e o esgoto não é 100% tratado?. É preciso um trabalho mais forte por conta das companhias, principalmente para evitar os danos ambientais", disse o aposentado, morador de Taboão da Serra, Cicero Firmino de Lima de 69 anos.
Já em Embu das Artes, 76% do esgoto é coletado e 55% é tratado pela Sabesp, de acordo com dados da própria
companhia.
Um dos piores índices de coleta da região é o do município de Itapecerica da Serra. A cidade com cerca de 173 mil habitantes tem 56% do esgoto coletado. Dessa coleta, a Sabesp consegue tratar 98%.
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"As pessoas tem a percepção que, quando a água vai para o ralo, o problema tem fim naquele momento. Mas ali é o início do problema. Quando a pessoa produz dejeto é que começa a complicação. Há uma naturalização de que basta os dejetos irem para o rio que tudo bem, as águas vão levar tudo para bem longe. Mas não é bem assim que funciona numa região como a Grande São Paulo", disse em entrevista à Gazeta, Luiz de Campos, co-fundador do projeto Rio & Ruas, que tem como objetivo a valorização dos mananciais do Estado.
Ainda de acordo com Luiz, "se a vaca faz cocô perto do rio em uma cidade do interior, não há problema algum, porque aí sim o rio vai resolver o problema. Mas não em uma região como a Grande São Paulo. As pessoas precisam olhar para o rio e saber que, se o esgoto não fosse jogado lá, o rio seria tão bonito e limpo como em qualquer cidade do interior. O cheiro que está no rio não é do rio. É nosso", finalizou Luiz de Campos.
Além dos córregos municipais, o Rio Tietê, por exemplo, recebe resíduos industriais e esgoto não tratado de 19 dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo. Diariamente, são despejadas 690 toneladas de esgoto no rio mais importante do estado dono da maior economia no país. Nos anos 1990, a mancha de poluição no Tietê chegou a 100 quilômetros de extensão.
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Por isso, água para abastecimento humano está tendo que ser captada cada vez mais longe dos locais de consumo, nas grandes cidades. "A poluição dos mananciais é uma questão crítica. No caso da Região Metropolitana de São Paulo, as águas dos rios Tamanduateí, Pinheiros e Tietê não existem para consumo, por causa da poluição. O Tietê, lá na frente, é limpo, mas a disponibilidade da água na região de São Paulo é zero", diz o diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu Guillo.
Procurada, a Sabesp informou que "a cobrança da tarifa de esgoto corresponde ao volume consumido de água, como prevê a legislação em vigor e a Deliberação nº 106/2009 da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Essa cobrança é realizada sobre os serviços públicos que abrangem atividades, infraestruturas e instalações, envolvendo uma ou mais etapas de coleta, afastamento, transporte, tratamento e disposição final do esgoto".
Ainda de acordo com a companhia, a região dos três municípios citados na reportagem "está recebendo, por intermédio do Projeto Tietê, obras de execução dos coletores-tronco Pirajuçara (trechos 2 e 3) e Joaquim Cachoeira, incluindo interligações na RMSP. Com um investimento de R$ 45,9 milhões, tais obras vão colaborar gradativamente com a despoluição e a revitalização do rio Pinheiros".
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REAJUSTE NAS TARIFAS.
Em abril, a Sabesp divulgou um reajuste anual de 4,7242% sobre as tarifas de água e esgoto vigentes. As novas tabelas tarifárias passarão a vigorar a partir de 11 de maio.
Com o reajuste, as tarifas na Grande SP para um consumo de até 10 m³ de água sobem de R$ 8,48 para R$ 8,88 na categoria residencial social; de R$ 25,00 para R$ 26,18 na categoria residencial normal; e de
R$ 50,20 para R$ 52,57 nas categorias comercial, industrial e pública.
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é preciso avançar.
O Brasil ainda precisa avançar muito para oferecer à totalidade da sua população um serviço sanitário adequado. Para tentar reverter esse quadro, foi criada em 2007 a Lei nº 11.445 a qual estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico no País e no seu art. 52 determina a elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Considerado um marco para a área com metas e investimentos previstos para os próximos 20 anos, o Plano ainda não saiu do papel.
Atual situação do País.
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Em fevereiro deste ano, foram divulgados os novos dados do diagnóstico de água e esgoto do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano
de 2017.
As mudanças nos índices nacionais ainda são pouco expressivas para o setor. Em 10 anos, o atendimento de água no país sofreu pouca mudança em pontos percentuais, de 81,1% para 83,47%. O que hoje representa quase 35 milhões de pessoas ainda não são contemplados com esse serviço.
Do ponto de vista da coleta de esgoto, houve uma leve mudança, de 46,2 em 2010 para cerca de 55% em 2017, que impacta na vida de quase 100 milhões de brasileiros que não têm acesso a este serviço. No quesito tratamento de esgoto, em 2010 o volume era de 37,8% para 46% em 2017.
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Essas mudanças nos índices do SNIS (2017) mostram que a evolução dos serviços no país continua lenta e a prova disso também está nos investimentos, que em 2017 caíram para R$10,96 bilhões, frente aos
R$11,51 bilhões de 2016.
(Matheus Herbert)
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