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Cotidiano

São Paulo desperdiça 33 mil toneladas de alimentos por ano

Volume é descartado nas 955 feiras da capital paulista, sem contar os mercado e sacolões municipais

Nilson Regalado

06/12/2024 às 10:30  atualizado em 06/12/2024 às 13:21

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São Paulo desperdiça 33 mil toneladas de alimentos por ano

São Paulo desperdiça 33 mil toneladas de alimentos por ano | Divulgação/Instituto Cidade Amiga

Não se discute que o feirante é resiliente, dedicado e presta grande serviço à sociedade, ao levar alimento fresco e saudável aos quatro cantos de São Paulo. São quase 70 mil feirantes só no município, que acordam cedo, enfrentam sol, chuva e desconforto para cumprir seu ofício. 

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Mas as feiras livres também são sinônimo de desperdício. Cálculos da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável apontam que 33 mil toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano só em São Paulo. 

E esse volume de comida é descartado apenas nas 955 feiras livres realizadas em toda a cidade, sem contar os 15 mercados municipais, os 16 sacolões municipais e as centenas de supermercados privados. 

Na avaliação do especialista em resíduos sólidos Victor Argentino, entre 45% e 55% de todo esse 'lixo orgânico' que as feiras livres geram, na verdade, é desperdício alimentar.

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E, perdas de comida contribuem para 8% a 10% das mudanças climáticas. Além disso, o mundo joga no lixo um bilhão de refeições diariamente.

"O que tratamos como resíduos ainda são alimentos. Precisamos estruturar redes de resgate de alimentos, bancos de alimentos, para que todos esses alimentos não virem resíduo e o que a gente não conseguir resgatar para essa finalidade, aí, sim, a gente envia para compostagem", revelou Victor Argentino à Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.

Na tentativa de reduzir a insegurança alimentar e diminuir a carga nos aterros sanitários, a Prefeitura criou o Programa de Combate ao Desperdício e à Perda de Alimentos. A iniciativa beneficia 410 entidades assistenciais cadastradas no Programa Municipal Banco de Alimentos (PMBA).

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O 1º Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo, divulgado no final de setembro, trouxe dados inéditos sobre a relação dos paulistanos com a falta de alimentos.

Segundo o estudo, aproximadamente 1,4 milhão de pessoas residiam em domicílios onde a fome era constante. Isso representa 12,5% da população da capital paulista, estimada em 11,45 milhões de habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além de 1,5 milhão (13,5%) vivia em residências com acesso reduzido a alimentos (insegurança alimentar moderada). Isso significa 13,5% da população paulistana.

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E cerca de 2,8 milhões de pessoas (24,5%) residiam em domicílios nos quais foi constatada a preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro próximo (condição classificada como insegurança alimentar leve). Ou seja, na soma, 50,5% dos paulistanos vivem em algum grau de insegurança alimentar e nutricional.

Ativista do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Vera Helena Villela, reconhece haver "várias políticas na cidade", mas ressalta que "elas ainda não conversam" entre si, o que prejudica o resultado dos esforços.

E até a Ceagesp entrou no esforço para conter a fome e a insegurança alimentar em São Paulo. Segundo o diretor operacional da maior central atacadista de alimentos in natura da América do Sul, José Lourenço Pechtoll, diariamente cerca de 60 a 70 toneladas de frutas, verduras e legumes sem valor comercial são doados a entidades assistenciais e bancos de alimentos do município.

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Conselho municipal

O 1º Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo foi conduzido pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da Capital, em parceria com o Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo (OBSANPA), com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com a Universidade Federal do ABC (UFABC).

E a realização do estudo só foi possível graças à emenda parlamentar, solicitada pela bancada feminista do PSOL. As 3,3 mil entrevistas foram feitas entre maio e julho por pesquisadores do Vox Populi, em nove áreas do município.

Os entrevistados responderam a perguntas elaboradas com base na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, principal baliza para mensurar a fome no País, e a pesquisa usou amostragens baseadas nos resultados do Censo do IBGE de 2022.

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Programa Municipal

A Secretaria Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional, vinculada à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, afirma que mantém o Programa de Combate ao Desperdício e à Perda de Alimentos.

O Programa "consiste em aumentar o aproveitamento dos alimentos, mitigar o desperdício e contribuir para a redução da insegurança alimentar e nutricional". E arrecada alimentos sem valor comercial, promovendo "iniciativas de melhoria na cadeia produtiva e no processo de doação".

Segundo a Secretaria, até outubro de 2024 foram arrecadados 127.132 quilos de alimentos, dos quais 124.460 quilos foram doados apenas pelo Programa de Combate ao Desperdício e à Perda de Alimentos.

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A cidade de São Paulo tem um Banco de Alimentos que, até 15 de novembro, arrecadou 1.459 toneladas, doou 1.312 toneladas e enviou para compostagem 37 toneladas. Os alimentos são distribuídos para organizações da sociedade civil cadastradas.

Feiras têm 110 anos

As feiras livres foram formalizadas em São Paulo em 1914, por meio de um ato do então prefeito Washington Luiz. A iniciativa foi o reconhecimento de algo que já ocorria informalmente na cidade.

A primeira feira livre oficial, realizada a título de experiência, teve 26 feirantes, no Largo General Osório. A segunda ocorreu no Largo do Arouche, com 116 feirantes, e a terceira foi no Largo Morais de Barros.

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A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) calcula que, só em 2023, o desperdício de frutas e hortaliças no varejo nacional provocou um prejuízo de cerca de R$ 4,1 bilhões.

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