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Biógrafo revela detalhes do drama e do 'renascimento' de Casagrande

Em podcast da Gazeta, Gilvan Ribeiro revela bastidores de livros sobre Casagrande e fala sobre nova obra, em que se debruça sobre torturas ocorridas em manicômios do País

Bruno Hoffmann

08/04/2025 às 22:00  atualizado em 10/04/2025 às 19:49

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O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta

O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Jornalista esportivo e escritor desde a década de 1980, Gilvan Ribeiro ganhou reconhecimento nacional ao escrever três livros em que revela as agruras e as vitórias de Casagrande, comentarista e ídolo do Corinthians que teve uma série de overdoses pelo uso de drogas pesadas. Agora, o comunicador está para lançar outra publicação: “Bastidores da Loucura – A tortura nos hospícios, a luta antimanicomial e a vida de Carrano, o Bicho de Sete Cabeças”,

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Ele também lançou há pouco tempo "Malês: A revolta dos escravizados na Bahia e seu legado" (Planeta), sobre um dos episódios de revolta de negros escravizados mais relevantes da história do Brasil. Atualmente, é assessor parlamentar na Câmara Municipal de São Paulo.

O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta, apresentado pelo jornalista Bruno Hoffmann/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta, apresentado pelo jornalista Bruno Hoffmann/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro durante participação no podcast Direto da Gazeta/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Em entrevista ao podcast Direto da Gazeta, na última semana, Gilvan revelou sobre o novo livro, as vitórias de Casagrande e o episódio em que foi agredido por Serginho Chulapa, então treinador do Santos, na década de 1990.

Recusa inicial para escrever sobre Casagrande

Gilvan era editor do Diário do São Paulo, no fim dos anos 1990, quando Casagrande o convidou pela primeira vez para escrever a sua biografia. Ele, porém, recusou, por achar que não era momento de revelar as histórias de uso de drogas do jogador, por ele trabalhar na TV Globo.

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Não havia, percebeu, como falar da vida de Casagrande sem falar das drogas, que era uma questão central da vida do ex-atleta desde a adolescência.

“Ele era o principal comentarista da TV Globo, não tinha condições. Eu disse obrigado, estou honrado, mas agora não dá. Um dia a gente faz esse livro”.

O tempo passou e, em 2008, o jogador teve um acidente automobilístico feio na Lapa, na zona oeste de São Paulo. O motivo: ele estava há quase uma semana sem dormir por crises paranoicas constantes causadas pelas drogas. O ex-jogador via demônios e espíritos sem parar.

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Após o acidente, ele foi internado em uma clínica, e, quando saiu, meses depois, o projeto do livro teve início. Ele revelou que Casagrande não quis que Gilvan fosse um ghost-writter, mas um parceiro de fato do projeto.

“O Casagrande é um cara muito correto. Tanto que eu sou o narrador, o livro está em terceira pessoa”, contou.

‘Nem chope’

Casagrande não usa qualquer droga desde 2015, quanto teve uma recaída. Ele também cortou totalmente as bebidas alcoólicas, e não bebe sequer chope. Não por ter problema com álcool, mas porque a bebida o leva a ter vontade de usar cocaína.

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Desde então, segue o tratamento à risca, com a clareza que a doença o acompanhará por toda a vida.

“Pelo número de overdoses que ele teve, ele é um sobrevivente. Ele teve e continua tendo muita força de vontade e muito comprometimento com o tratamento”, revelou.

Ele também confessou que o amigo se abala, sim, quando recebe comentários de ódio referentes à sua doença pelas redes sociais, e que não lê qualquer comentário para não ter o risco de se entristecer.

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“Ele estava no Facebook, por causa dos amigos. Só que saiu quando tudo isso começou. Entrar em contato com esse ódio que rege a sociedade o afeta muito”.

Por outro lado, Casagrande também recebe muito carinho quando sai em público.

“A maioria da população brasileira apoia o Casagrande. Eu saio muito com ele. Vou a um restaurante, e famílias vêm falar com ele, abraçar. Ele, inclusive, virou um exemplo de recuperação para outros dependentes químicos”, lembrou.

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Gilvan lançou também "Sócrates e Casagrande: Uma História de Amor" e “Travessia”. Esse último aborda histórias de amigos de Casagrande que também enfrentaram problemas com drogas, como Nando Reis e Paulos Miklos, que se tornaram célebres como integrantes dos Titãs.

Luta antimanicomial

O comunicador lançará "Bastidores da Loucura" nas próximas semanas, em que revela histórias pesadas sobre os manicômios do Brasil. Muitos eram espaço de tortura e de encarceramento de pessoas negras e pobres e de presos políticos indesejadas pelas elites do País.

A obra traz uma biografia de Austregésilo Carrano Bueno, o homem que escreveu o livro "O Canto dos Malditos". A obra inspirou o filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky e lançado em 2000, protagonizado por Rodrigo Santora.

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“O pai encontrou na jaqueta dele uma pequena poção de maconha e o internou. Ele passou a tomar muitos choques elétricos e medicação pesada, mais de 20 comprimidos por dia. Isso deixou sequelas terríveis para ele”, relembrou Gilvan.

“Pela vida toda ele carregou essas sequelas emocionais, desenvolveu problemas de saúde mental, mas também se tornou um ativista, um militante contra os manicômios”, explicou. Carrano morreu em 2008, aos 51 anos, sem nunca ter se recuperado totalmente pelas sequelas causadas pelas internações.

Segundo ele, o País passa por retrocessos, por isso é importante haver obras que relembre os horrores dos manicômios pelo País.

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“A gente está vivendo um momento de muitos retrocessos no País e no mundo, né, com a ascensão da extrema direita. Tem até movimento antivacina, e já começa a surgir grupos contra a reforma psiquiátrica, que defende uma contrarreforma para a volta dos manicômios”, destacou.

Ele lembrou, ainda, que não eram incomum meninas de 12 ou 13 anos que trabalhavam como empregadas domésticas, eram estupradas pelos patrões e, ao engravidarem, eram enviadas para manicômios. “E elas passavam a vida toda lá”, afirmou.

Agressão de Serginho de Chulapa

Em 1994, como repórter do Diário Popular, Gilvan recebeu uma cabeçada violenta de Serginho Chulapa, então treinador do Santos, em uma partida contra o Corinthians no Pacaembu. Ele quase teve problemas permanentes em uma das vistas.

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O jornalista explicou que o técnico já estava nervoso durante o jogo, tanto que foi expulso pelo árbitro. Nos vestiários ele se mantinha especialmente alterado. O santista estava com uma liberação provisória para treinar, já que havia sido suspenso havia pouco tempo pelo período de cerca de um ano por dar um chute baixo violento em um dirigente do Guarani.

Gilvan esperou ao lado dele enquanto ele terminava de dar uma resposta para um outro jornalista, quando o treinador olhou para ele e disparou: "o que você tá olhando aí", em tom ameaçador. Ele respondeu que estava simplesmente acompanhando a entrevista para, ao fim, fazer as perguntas.

Serginho aparentemente se acalmou, mas um outro jornalista questionou: "O que é isso, o que aconteceu? Gratuitamente?". Gilvan virou e falou: "Tá tudo certo, ele tá nervoso, mas tá tudo certo". Na mesma hora Serginho o pegou pelo pescoço, perguntou "quem tá nervoso?" e deu uma cabeçada violenta no comunicador.

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Na sequência, com o jornalista no chão, Serginho tentou voltar para continuar com as agressões, mas Neto, o atual apresentador da Band, o pegou e levou para um vestiário do Pacaembu. Serginho seguiu atrás, descontrolado, agredindo inclusive os seguranças do Santos para alcançar o jornalista. 

"O [atacante] Macedo disse 'ele vai te matar', e me fez uma escadinha para eu pular um muro. Aí caí perto do vestiário do Corinthians e consegui fugir", relembrou, aliviado.

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