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Fabio Brazza durante participação no podcast Direto da Gazeta | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O cantor e compositor Fabio Brazza se prepara para lançar o álbum “A roda, a rima, o riso e a reza”, o nono da carreira, em que vai dar o passo definitivo para misturar os dois maiores amores musicais: o rap e o samba. A novidade deve chegar às plataformas digitais em 25 de abril.
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Entre as participações da novidade estarão Xande dos Pilares, Grafite, Criolo, Caju e Castanha, Mestrinho e Thaline Karajá, como explicou em entrevista ao podcast Direto da Gazeta nesta semana.
“Lancei oito álbuns de rap, estou há 10 anos fazendo isso. Me sinto pronto para buscar outros caminhos. Não significa que estou abandonando o rap, porque mesmo no samba trago o rap comigo. Estou escrevendo rap até quando faço samba ou escrevo um livro", analisou.
Segundo ele, o samba, por outro lado, o permite se apresentar de maneira menos sisuda, o que combina mais com o seu temperamento.
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“No samba consigo sorrir mais, mesmo sambas com críticas sociais. Nesse sentido, minha personalidade no dia é dia é mais samba do que rap”.
Ele revelou no podcast que o amor pelo samba vem de criança, muito influenciado pelo avô Ronaldo Azeredo – um dos precursores da poesia concreta no Brasil.
Nascido em Vila Isabel, no Rio, Azeredo inspirou o neto a gostar de Noel Rosa (1910-1937) e de outros nomes fundamentais do gênero musical.
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Na entrevista, o artista puxou o cavaquinho e cantou sambas de Noel, como Conversa de Botequim (a primeira que aprendeu com o avô), Três Apitos e Último Desejo.
"As rimas internas e a métrica de Conversa de Botequim me impressionaram profundamente", disse. "Depois meu avô me deu uma coletânea de Noel Rosa. Eu ficava ouvindo as músicas e lendo as letras. Aquilo foi minha faculdade, porque nunca tinha visto ninguém compor daquele jeito".
Não é de hoje, porém, que ele faz samba. Já misturou gêneros algumas vezes, seja em álbuns, seja em vídeos pela internet, e disputou sambas-enredos em escolas de samba.
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Brazza também lembrou como foi superar a depressão, transtorno que o afetou em 2019 a partir do término de um namoro. Ele transportou esse momento da vida para uma série de músicas, mesmo que se sentisse nesse período "brigado com o rap".
“Signifiquei o rap num lugar onde tinha de estar sempre sério, num lugar pesado, aquilo de ‘preciso salvar vidas’. Mas eu estava com depressão, não conseguia salvar nem a mim mesmo”, lembrou, emocionado.
O paulistano analisou que a depressão causa o fim da esperança, fazendo com que a pessoa não consiga enxergar um futuro ou sentido na vida.
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Um amigo o aconselhou a suportar e enfrentar a situação, afirmando que ele sairia mais forte e se tornaria um homem mais profundo e com uma arte mais rica.
“Quando saí da depressão é como se estivesse voltando da guerra, com as cicatrizes, mas o autoconhecimento que ganhei foi brutal. Hoje me conheço muito mais, então foi fundamental passar por aquilo”.
"Hoje sou mais intenso tanto na minha tristeza quanto na minha alegria, porque me conheço. Sei de onde a angústia vem, do jeito que vem, e como conversar e enfrentar o sentimento. Como usar isso a meu favor. Hoje falo para quem passa por isso para enfrentar, porque não adianta fingir que ela não está ali. Então, quanto antes você enfrentar, melhor vai sair daquilo".
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Torcedor fanático do São Paulo, Brazza destacou a sua relação com o futebol. Ele, inclusive, jogou na base do Palmeiras, mas aos 17 anos percebeu que não tinha nível suficiente para se destacar no esporte profissional, apesar de garantir ser bom de bola.
Como torcedor, garantiu que se transforma durante os jogos, principalmente nas derrotas mais dolorosas.
“Futebol mexe comigo, muitas vezes não consigo dormir de raiva. É preciso arrancar minha rede social nesses dias, senão saio xingando um monte de gente”, lembrou, um pouco constrangido. “O futebol revela o meu melhor e o meu pior”.
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Ele também destacou a admiração que tem por jogadores como Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, e como a conquista da Copa do Mundo de 2002 o marcou.
Brazza se tornou um rosto conhecido do canal Desimpedidos a partir de 2014, principalmente pelas “batalhas de MCs” relacionadas a clubes de futebol.
Os vídeos traziam um alto teor de homofobia, comum no futebol brasileiro, como chamar são paulinos de “bambis” e dizer que o ídolo corintiano Emerson Sheik “dava beijo gay”, em tom depreciativo.
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Ele explicou que se arrepende desse conteúdo, e lembrou que os termos não causavam queixas naquela época. “Que bom que os tempos mudaram”, salientou.
“Eu pensava: é só uma batalha de MCs, uma brincadeira, uma piada. Eu não enxergava essa maldade. Mas o preconceito, a homofobia, estão muito presentes no futebol. A construção da minha masculinidade passou pelo mundo do futebol’, lembrou.
“Já me culpei muito por ter falado merda em rima, mas, ainda mais depois da depressão, olho para trás e vejo que a história da minha vida não foi uma linha linear. Não é a jornada do herói, de quem faz tudo certo, mas cheia de erros e falhas”, destacou.
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“Minhas derrotas são minhas vitórias, porque foi a partir das minhas derrotas que tive que ser melhor”.
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