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O rapper Dexter, durante participação no podcast Direto da Gazeta | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
O rapper Dexter acaba de lançar D’Luxo, um álbum com clássicos compostos exclusivamente por ele entre 1999 e 2002 quando era integrante do grupo 509-E. As nove músicas ganharam uma produção mais atual e caprichada.
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Um dos maiores nomes do hip hop nacional, ele defendeu que a novidade tem também o papel de apresentar a sua produção mais antiga para as novas gerações.
“O motivo mais forte para lançar D’Luxo é que a nova geração precisa conhecer o que veio lá atrás, que muitos não conhecem. Teve músicas minhas que furaram a bolha, mas as outras também precisam ser conhecidas”, disse o artista, durante entrevista ao podcast Direto da Gazeta.
“Meu objetivo é fazer com que as pessoas que não conhecem passem a conhecer a minha discografia, o que eu escrevi”, continuou.
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Dexter acredita que o mercado musical impede de alguma forma que a música mais antiga chegue aos mais jovens, influenciado por interesses comerciais.
Apesar da percepção de desinformação inicial, Dexter tem recebido feedback muito positivo dos jovens que estão descobrindo seu trabalho por meio do D’Luxo. Segundo o artista, eles expressam felicidade e surpresa ao conhecerem as músicas, o que o deixa muito feliz
O nome é um trocadilho com o termo "deluxe", uma prática comum entre rappers americanos que fazem versões “de luxo” de seus trabalhos originais. Duas canções, Saudades Mil e Saudade Continua, conta com parceria com Lino Krizz, que compôs os refrões.
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O músico destacou que Pânico na Zona Sul, dos Racionais MC’s, foi a primeira que ouviu do rap nacional, no início dos anos 1990, e que encarou como uma “convocação” para o movimento hip hop. A letra falava sobre justiceiros que agiam nas periferias da Capital, principalmente da zona sul da cidade.
A partir do rap, revelou, passou a ter autoestima e orgulho de ser um jovem negro.
“Antes, eu sabia que eu era negro, mas eu tinha vergonha de ser, porque o racismo estava na minha frente, na escola, na rua, no futebol. A minha formação racial eu devo ao hip hop”, destacou.
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De acordo com ele, foi a partir do gênero que conheceu figuras como Chuck D e Gil Scott-Heron, e depois vieram figuras que falam diretamente sobre a causa negra, como Malcom X e Martin Luther King.
Ele lembrou que a educação formal, na escola, nunca o ensinou a amar ser negro. Foi só com o rap que esse entendimento chegou. “O rap foi meu professor”.
Dexter por vezes critica alguns artistas da nova geração do rap nacional, por uma pretensa falta de respeito às raízes do hip hop. Ele explicou:
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“Há quem não está cuidando do hip hop como deveria. O negócio virou um comércio desenfreado, só pensando em dinheiro no bolso e acabou. Os americanos ganham dinheiro, mas eles também cuidam, eles valorizam”, defendeu.
Ele disse que nunca se sentiu pessoalmente desrespeitado por jovens músicos, mas já “cobrou” colegas por sentir que as raízes do hip hop foi desrespeitada. “Fui conversar. Racionais, Gog, Câmbio Negro e outros nomes tem que ser respeitados. É uma obrigação”, declarou.
Para ele, há uma distinção entre o rap com raiz, consistência e essência e o que só se marca pela banalidade. “Hoje, tem um monte de qualquer um que faz rap”.
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Por outro lado, reconhece que ele também tem o que aprender com os mais jovens, principalmente com aqueles que respeitam a essência do movimento.
No ano passado, Dexter fez apresentações em Portugal e na Espanha, e voltará para esses países em agosto próximo. Ele afirmou que é uma emoção diferente se apresentar para brasileiros fora do País.
“Foi sensacional ver as pessoas se emocionando ao ouvir Saudades Mil. Foi uma música que falou muito com essas pessoas. Elas abraçam, choram, querem uma foto, uma palavra. É algo louco”.
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Em agosto ele também fará um show em que celebra os 52 anos de idade, 35 de carreira e 14 de liberdade, após passar mais de 10 anos preso por cometer assaltos.
No período de detenção conseguiu lançar álbuns com o 509-E, o que disse ter sido fundamental para a sua regeneração.
Em breve ele também pretende iniciar a segunda temporada do podcast Direito de Sonhar, em que conversa com convidados para debater o sistema prisional brasileiro.
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Na entrevista, Dexter também destacou o lançamento da cerveja artesanal Oitavo Anjo, que está sendo vendida pela site da Central da Cerveja e pelo bar SP Tap House, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
“A cerveja é deliciosa. Só bebam com moderação”, pediu, sorridente.
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