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A origem do apelido de "porco" para o Palmeiras está conectada a um acontecimento triste. | Wikimedia Commons
Em novembro de 2024, Corinthians e Palmeiras se enfrentaram em mais um Derby paulista pelo Campeonato Brasileiro.
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Durante a partida, algo inusitado aconteceu: uma cabeça de porco foi arremessada no gramado da Neo Química Arena, em uma cena que ficou marcada para os dois lados.
A cabeça do animal faz alusão ao apelido do clube alviverde, que tem uma história longa e complexa.
A origem do apelido de "porco" para o Palmeiras está conectada a um acontecimento triste. Em abril de 1969, dois jogadores do Corinthians, Lidu e Eduardo, morreram em um grave acidente de carro, causando uma grande perda para o clube.
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A dor tomou conta do Parque São Jorge, sede do Corinthians, onde trinta mil pessoas se reuniram para homenagear os atletas. Lidu, de 22 anos, e Eduardo, de 25, eram titulares e jovens promessas, e suas mortes foram um grande baque para a equipe que buscava títulos.
O acidente ocorreu horas depois de um jogo em Sorocaba. Lidu perdeu o controle do Fusca na Marginal Tietê, e o carro capotou três vezes até parar na outra pista. Ambos foram levados ao pronto-socorro, mas chegaram sem vida, deixando o Corinthians fragilizado.
Poucos dias após a tragédia, o Corinthians fez um pedido à Federação Paulista de Futebol. O clube alvinegro solicitou autorização para substituir Lidu e Eduardo por outros jogadores, mesmo que o prazo de inscrição já tivesse terminado.
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Uma reunião foi realizada em 3 de maio de 1969 com todos os representantes dos clubes paulistas. O pedido do Corinthians precisava do aval dos 13 times para ser aceito, mas a votação terminou rapidamente, em menos de 40 minutos.
O Palmeiras foi o único clube a negar a solicitação corintiana. A decisão foi proferida pelo diretor de futebol José Gimenez Lopes, que alegou que a aprovação deveria vir de órgãos superiores como a CBD (anterior à CBF) e o Conselho Arbitral da Fifa.
Nos bastidores, o presidente corintiano da época, Wadih Helu, reagiu com insatisfação à negativa. Ele disse que o Palmeiras havia agido com "espírito de porco", marcando o nascimento do apelido pejorativo usado por torcedores rivais por anos.
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O Palmeiras conviveu com o apelido "porco" de forma negativa por cerca de 17 anos. No entanto, em 1986, uma iniciativa audaciosa buscou transformar o termo em um símbolo positivo para o clube e sua torcida.
O então diretor de marketing do Palmeiras, João Roberto Gobbato, liderou esse movimento de ressignificação. Com o apoio de líderes das principais torcidas organizadas, como a Mancha Verde e a TUP, a ideia de abraçar o apelido ganhou força.
A estratégia era adotar o nome para tirar o poder da ofensa. Inicialmente planejada para a final do Campeonato Paulista de 1986, a adoção do grito foi adiada para um clássico contra o Santos após a derrota inesperada na final.
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Em seguida, antes de um jogo contra o São Paulo, líderes de organizadas desfilaram com um porco no estádio. A revista Placar também ajudou, colocando o jogador Jorginho na capa com um porco, com a manchete "O Palmeiras quebra um tabu: dá-lhe, porco."
Assim, o apelido deixou de ser uma ofensa. Tornou-se um grito de incentivo: "Dá-lhe, porco!". O mascote de porco foi consolidado ao lado do periquito, o mascote tradicional, e hoje faz parte da identidade do clube, inclusive com um mascote oficial nomeado Gobbato em homenagem ao ex-diretor de marketing.
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