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Portuguesa Santista faz 106 anos de olho na Copa do Brasil e com histórico de luta racial

Briosa faz aniversário como campeã da Copa Paulista e com a Copa do Brasil na mira; clube fez governo brasileiro se posicionar contra o apartheid

Bruno Hoffmann

Publicado em 20/11/2023 às 13:15

Atualizado em 20/11/2023 às 13:52

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O elenco atual da Portuguesa Santista / Divulgação/AAPS

A Portuguesa Santista completa 106 anos de fundação nesta segunda-feira - por uma coincidência feliz, no Dia da Consciência Negra, já que o clube teve papel fundamental para o governo brasileiro se posicionar contrariamente ao apartheid racial sul-africano, no fim da década de 1950 (leia mais sobre essa história abaixo). Agora, a Briosa prepara a volta ao cenário nacional para a disputa da próxima Copa do Brasil.

Como campeã da Copa Paulista da atual Copa Paulista, em outubro, a Portuguesa Santista poderia escolher entre disputar o Campeonato Brasileiro da Série D ou a Copa do Brasil em 2024. A Briosa optou pela segunda competição.

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Segundo o presidente rubro-verde, Sergio Schlicht, a escolha se deu por questão financeira e por planejamento do futebol.

“Maturamos ao longo da competição e tomamos essa decisão pensando na saúde financeira do clube e em um planejamento de médio e longo prazo para o futebol. Entendemos que é o momento de nos estruturarmos e investirmos para chegarmos à elite estadual e, depois, jogarmos um Campeonato Brasileiro da Série D”, explicou ele.

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História

O clube nasceu do sonho da colônia portuguesa de Santos, em 1917. Um dos fundadores sugeriu que a nova agremiação se chamasse Futebol Clube de Portugal. Já outros optaram por não usar o nome do país europeus devido à dúvida quanto ao êxito do projeto. Todos resolveram, então, criar uma associação portuguesa destinada a atletas.

No dia 20 de novembro de 1917, em uma barbearia, o clube foi fundado e batizado: Associação Atlética Portuguesa, hoje chamado de Portuguesa Santista ou Briosa.

Em 1941, a Portuguesa Santista se tornaria um dos clubes fundadores da Federação Paulista de Futebol, junto de Palestra Itália (atual Palmeiras), Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa de Desportos, Hespanha (atual Jabaquara Atlético Clube), Ypiranga, SPR (atual Nacional Atlético Clube), Juventus e Comercial Futebol Clube.

Posicionamento contra o apartheid

Em 1959, a equipe de futebol da Portuguesa Santista excursionava pela África. Um dos amistosos seria contra um time da Cidade do Cabo, na África do Sul. Os jogadores estavam no hotel quando um dirigente local trouxe o recado: “Nossa política não permite jogadores negros na partida. Entrem apenas com os brancos”.

A notícia chegou aos ouvidos de Dennis Brutus, presidente da Associação Esportiva da África do Sul, um branco que marcou a vida na luta contra o apartheid. Dennis havia criado a associação três meses antes, com a participação de Nelson Mandela, para combater o racismo no esporte.

De imediato, o ativista enviou um telegrama para o presidente do Brasil, Juscelino Kubistchek: “Soubemos que um time brasileiro, na Cidade do Cabo, está sendo impedido de contar com os seus jogadores negros para um amistoso contra um time local. Pedimos que o Brasil se levante contra o racismo. Queremos que o povo brasileiro mostre que não aceita o racismo”.

JK entrou em contato com os dirigentes da Portuguesa, demonstrando apoio à equipe. Foi a primeira vez que o governo brasileiro se posicionou contra o apartheid sul-africano. O jogo foi cancelado. Em entrevista à TV décadas mais tarde, Brutus, que morreu em 2009, deixou um recado aos brasileiros envolvidos no episódio: “Muito obrigado por ter nos ajudado na nossa luta por Humanidade”.

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