A cidade que conquistou Dom Pedro II e é comparada à Atenas da Grécia

A 170 quilômetros de Maceió, no sul de Alagoas, está Penedo, uma das cidades mais antigas do estado e um dos destinos históricos mais importantes do Nordeste. 

Às margens do Rio São Francisco e com um centro histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o município é conhecido como a “Atenas Alagoana”, apelido que reflete sua tradição intelectual e cultural desde o século XIX.

Fundada oficialmente em 1613, Penedo conserva igrejas barrocas, casarões coloniais e ruas que remontam ao período do Brasil colonial. Com cerca de 60 mil habitantes, segundo o IBGE, a cidade combina o charme histórico com a tranquilidade da vida ribeirinha.

Patrimônio histórico e cultural

O conjunto arquitetônico de Penedo é um verdadeiro museu a céu aberto. Entre as principais atrações está a Igreja Nossa Senhora da Corrente, construída em 1765 e decorada com azulejos portugueses e altar folheado a ouro. 

Outro destaque é o Convento e Igreja Nossa Senhora dos Anjos, do século XVIII, conhecido por suas pinturas ilusionistas e talha rococó.

O Museu do Paço Imperial, localizado na Praça Doze de Abril, guarda lembranças da visita do imperador Dom Pedro II, em 1859. Já a Catedral de Nossa Senhora do Rosário, iniciada em 1690, impressiona pelos vitrais coloridos e pela fachada neoclássica.

Entre os símbolos culturais do município está o Teatro Sete de Setembro, inaugurado em 1884 e considerado o primeiro teatro de Alagoas. No topo do prédio, quatro estátuas representam as deusas da música, poesia, pintura e dança. 

O Forte da Rocheira, também chamado de Forte Maurício de Nassau, completa o cenário histórico com vista panorâmica do Rio São Francisco.

Berço da cultura alagoana

A vocação cultural de Penedo se expressa nas festas populares, na gastronomia e nas manifestações religiosas. Em janeiro, a cidade recebe a Festa de Bom Jesus dos Navegantes, que inclui uma procissão fluvial pelo São Francisco e atrai milhares de fiéis e turistas.

O município também tem tradição artística com o Festival de Cinema Brasileiro de Penedo, que marcou época nos anos 1970 e continua inspirando eventos culturais. 

A Casa do Penedo, criada em 1992, mantém uma biblioteca com mais de 20 mil títulos, além de acervos fotográficos e documentais sobre a história local.

Na culinária, os visitantes encontram pratos típicos como peixada de tilápia, jacaré ensopado e galinha de cabidela, geralmente servidos em restaurantes às margens do rio.

“Atenas Alagoana”: o apelido que atravessou séculos

O título de “Atenas Alagoana” surgiu no século XIX, quando Penedo se destacou pelo desenvolvimento educacional e artístico. O Convento dos Franciscanos, por exemplo, abrigava escolas de filosofia, latim e francês, o que consolidou a cidade como um centro intelectual de Alagoas.

Além do papel cultural, Penedo também foi um importante ponto de passagem durante a expedição imperial de Dom Pedro II, integrando a rota “Caminhos do Imperador”, que percorre 15 municípios nordestinos.

Quando visitar Penedo

O clima tropical de Penedo garante sol o ano inteiro, com temperatura média de 25 °C. O período mais indicado para visitar é entre setembro e março, quando as chuvas diminuem e o tempo favorece passeios a pé pelo centro histórico e tours de barco pela foz do Rio São Francisco.

De abril a agosto, a cidade vive meses mais úmidos, ideais para quem deseja conhecer as festas religiosas locais. Janeiro, com a Festa de Bom Jesus dos Navegantes, é especialmente movimentado.

Um destino que une história, fé e natureza

Penedo é mais que um ponto turístico: é uma viagem no tempo. O charme das ruas coloniais, o som das águas do Velho Chico e a riqueza cultural fazem da cidade uma das mais belas do Nordeste.

Conhecida como a “Ouro Preto do Nordeste”, Penedo preserva o passado sem abrir mão da vida contemporânea. Quem a visita entende por que ela continua sendo chamada de “Atenas Alagoana” — um verdadeiro tesouro histórico e cultural do Brasil.