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A vila operária escondida em São Paulo que resiste desde 1917

Um pedaço da história operária que sobrevive no coração da Zona Leste

Pedro Morani

19/09/2025 às 19:08  atualizado em 22/09/2025 às 19:10

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Conheça esse pedacinho da história bem no coração da Zona Leste

Conheça esse pedacinho da história bem no coração da Zona Leste | Foto: Youtube/Reprodução

Escondida no bairro do Belenzinho, a Vila Maria Zélia foi erguida em 1912 pelo médico e industrial Jorge Street, que buscava oferecer moradia digna aos cerca de 2.500 funcionários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. 

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Havia escola, capela, farmácia, ambulatório, coreto, quadra esportiva e espaços de convivência
Havia escola, capela, farmácia, ambulatório, coreto, quadra esportiva e espaços de convivência
Hoje, embora muitas casas já tenham perdido suas características originais, alguns espaços resistem
Hoje, embora muitas casas já tenham perdido suas características originais, alguns espaços resistem
A descaracterização de parte das construções começou nesse processo: reformas, demolições e novas fachadas alteraram o aspecto original da vila (Fotos: Youtube/Reprodução)
A descaracterização de parte das construções começou nesse processo: reformas, demolições e novas fachadas alteraram o aspecto original da vila (Fotos: Youtube/Reprodução)

O projeto ficou a cargo do arquiteto Paul Pedraurrieux e foi concluído em 1917. Na época, a vila chamou a atenção por parecer uma pequena cidade independente. Havia escola, capela, farmácia, ambulatório, coreto, quadra esportiva e espaços de convivência. 

Tudo foi planejado para garantir qualidade de vida em um período em que a maioria dos trabalhadores paulistanos vivia em cortiços insalubres.

A proposta inovadora fez da Vila Maria Zélia um símbolo do urbanismo social e da transformação da capital paulista no início do século 20. Não era apenas um conjunto de casas, mas um experimento de comunidade estruturada em torno do trabalho.

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Dos industriais ao patrimônio histórico

Após sua inauguração, a vila passou por diferentes mãos. Em 1924, foi adquirida pela família Scarpa e, posteriormente, pelo Grupo Guinle. Porém, dificuldades financeiras levaram ao confisco da fábrica e da vila pelo governo federal já nos anos 1930. Assim, a comunidade passou a ser de acesso público.

Em 1968, pela primeira vez, os moradores puderam comprar suas casas, encerrando décadas de aluguel. No entanto, a descaracterização de parte das construções começou nesse processo: reformas, demolições e novas fachadas alteraram o aspecto original da vila.

Nos anos 1990, o governo reconheceu a Vila Maria Zélia como patrimônio histórico. Ainda assim, a proteção não impediu que muitos dos edifícios comerciais fossem abandonados, o que resultou em furtos de materiais e episódios de vandalismo, ameaçando o legado arquitetônico.

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A memória viva de Maria Zélia

Poucos sabem, mas o nome da vila é uma homenagem à filha de Jorge Street, Maria Zélia, que morreu precocemente em 1915, aos 16 anos. O industrial decidiu batizar a comunidade em construção em memória da jovem, preservando sua lembrança para sempre.

Hoje, embora muitas casas já tenham perdido suas características originais, alguns espaços resistem. A antiga farmácia, por exemplo, abriga o Grupo XIX de Teatro, responsável por manter atividades culturais no local. A capela também segue de pé, integrando o patrimônio ainda ativo.

A atuação da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia é essencial nesse processo. O grupo organiza eventos e ações para revitalizar a área, reforçando o papel da vila como símbolo da memória operária de São Paulo, um espaço onde o passado continua dialogando com o presente.
 

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