Alerta: céu deixará de ser azul para ficar cada vez mais laranja, dizem cientistas

Sabe aquele lindo pôr do sol quando o céu fica todo laranja? A cena, que parece positiva visualmente, na verdade expõe um problema gravíssimo do planeta, que pode afetar diretamente a maneira como vivemos: a poluição atmosférica.

O acúmulo de partículas de poeira no céu muda nossa percepção sobre a luz que o Sol emite à Terra. Segundo o meteorologista do Climatempo César Soares, em entrevista à CNN, a cor alaranjada ocorre porque a frequência vermelha, emitida pelo Sol, tem menor interação com as partículas de poluição, como poeira e fumaça.

"Da mesma forma como a composição de oxigênio da atmosfera ressalta a coloração azul do céu, as partículas de poluição ressaltam as tonalidades vermelhas", explica o especialista. As queimadas, especialmente as causadas por mãos humanas, são capazes de piorar ainda mais esse fenômeno.

Por que o céu ficará cada vez mais laranja?

Os níveis de poluição atmosférica aumentam em nível alarmante todos os anos. As queimadas são um reflexo natural desse problema: com o tempo seco e o calor mais intenso que o normal, resultado direto do aquecimento global, muitos hectares pegam fogo e liberam grandes quantidades de poeira no céu.

Essa poeira é responsável por mudar a coloração do céu, deixando-o cada vez mais laranja. Segundo dados do MapBiomas, que monitora a intensidade das queimadas, o aumento do número de hectares queimados entre 2023 e 2024 foi de 79%. Se essa média continuar a cada ano, será cada vez mais difícil ver o céu azulado.

Edson Grandisoli, doutor em Educação para o Desenvolvimento Sustentável pela USP, ressalta os problemas que esse cenário traz para todas as pessoas. 

“As queimadas afetam muito além das regiões onde estão acontecendo. Muitos pensam que só a população do local onde está ocorrendo a queimada ou na região as pessoas sofrem, mas não é verdade”, diz o especialista, em entrevista ao portal do Governo do Estado de São Paulo.

Como se proteger dos efeitos das queimadas

Grandisoli afirma que as queimadas afetam significativamente a saúde das pessoas. O tempo seco e o ar carregado de poeira tornam a respiração mais difícil e desencadeiam diversas reações alérgicas nas vias respiratórias. 

“Isso prejudica a saúde das pessoas, principalmente crianças e idosos, agrava o quadro de desigualdades, aumentando o número de pessoas com doenças respiratórias e lotando os postos de saúde”, explica.

Stuart Palley, fotógrafo que noticiou mais de 125 incêndios florestais na Califórnia nos últimos dez anos, compartilhou ao National Geographic algumas dicas para manter a saúde das vias respiratórias em momentos de crise:

• Monitore as previsões locais do IQAr: o chamado Índice de Qualidade do Ar monitora a quantidade de partículas na atmosfera em cada região. Caso esse índice esteja acima de 40, tome medidas preventivas ao sair de casa, especialmente se você já possui problemas respiratórios; 
• Use uma máscara N95 ou superior: em situações em que a qualidade do ar esteja classificada como muito ruim (IQAr de 121 a 200) ou péssima (IQAr acima de 201), utiliza máscaras pra evitar que a poeira entre em suas vias aéreas;
• Invista em um filtro de ar melhor: se sua casa/escritório tiver ar-condicionado central, certifique-se de que seu filtro de ar seja classificado para partículas de 2,5 mícrons. Normalmente, ele custa mais do que um filtro de pó básico, mas filtra melhor as partículas menores de fumaça suspensas na atmosfera. Se o filtro estiver visivelmente sujo, substitua-o.
• Cuide dos seus olhos: Colírios genéricos de venda livre são ótimos para olhos vermelhos irritados por partículas, e ajudarão a lubrificar a superfície do olho e auxiliar na eliminação de contaminantes.
• Considere sair da cidade: se você ou alguém da sua família tiver problemas respiratórios graves, como asma ou bronquite, talvez sair do ambiente poluído seja a melhor opção. Se for possível, passe um tempo em alguma cidade do interior que esteja com a qualidade do ar melhor que as grandes cidades.