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Árvore presente no brasil pode ser peça chave para enfrentar a crise climática | Reprodução/Youtube
Com os efeitos das mudanças climáticas se intensificando, as cidades precisam encontrar formas eficientes de se adaptar. Ambientes urbanos são especialmente vulneráveis a extremos de temperatura, secas prolongadas e ondas de calor.
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Uma das estratégias mais promissoras envolve o uso das chamadas Soluções Baseadas na Natureza, como o reflorestamento urbano. Mas isso exige cuidado na escolha das espécies, já que as árvores precisam resistir ao estresse típico dos centros urbanos.
Entre as opções analisadas, uma espécie plantada em cidades brasileiras desde os anos 1950 tem chamado a atenção dos pesquisadores: a Tipuana tipu, nativa do norte da Argentina e do sul da Bolívia.
Um estudo realizado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP mostrou que ela tem alta tolerância ao estresse climático e pode ser aliada importante na construção de cidades mais resilientes.
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Durante a seca histórica de 2013 e 2014, quando se esperava que o crescimento das árvores fosse reduzido, a Tipuana surpreendeu.
A análise de seus anéis de crescimento revelou o oposto: a espécie acelerou seu desenvolvimento. Isso aconteceu porque a taxa de fotossíntese aumentou, o que elevou também a concentração de carbono em seus tecidos.
“Queremos compreender como podemos usar a arborização da melhor forma possível para adaptar a cidade às mudanças climáticas. Como a gente pode construir florestas urbanas que sejam resilientes”, explicou Giuliano Locosselli, autor do estudo, ao Jornal da USP.
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O levantamento foi feito em áreas como o polo petroquímico de Capuava, entre Santo André e Mauá, e o Parque Santa Amélia, em São Paulo. A coleta foi feita sem danificar as árvores, usando uma sonda de 5 mm de diâmetro.
“Sabe quando estamos doentes e temos que fazer uma biópsia, tirar um pedacinho do tecido para analisar? Foi isso que fizemos com a planta”, comparou Locosselli.
A Tipuana ainda permitiu aos cientistas observar mudanças históricas no ambiente. Seus anéis registraram transformações na poluição atmosférica após a retirada do chumbo da gasolina, em 1989, e até alterações no padrão dos ventos em 2006.
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“Todas as variações nos anéis de crescimento de árvores são fundamentais para entender o passado e aprender com as lições para olhar para o futuro”, destacou o professor Marcos Buckeridge, orientador do estudo, também em entrevista ao Jornal da USP.
Apesar de sua origem estrangeira, a Tipuana foi amplamente utilizada no paisagismo urbano. Atualmente, seu plantio é restrito a áreas tombadas ou específicas, como o Parque da Independência, onde suas copas verde-amarelas ganham destaque.
Além de se adaptar bem ao clima, a Tipuana não é uma espécie invasora, o que a torna ainda mais interessante para uso urbano.
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Ela ajuda a ampliar a cobertura vegetal, promove evapotranspiração, contribuindo para a umidade, e reduz as temperaturas da superfície, um fator essencial diante do aquecimento global.
A Tipuana pode não ser “a árvore do futuro”, mas parece indispensável para que ele seja viável.
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