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Pesquisa com Tribolium castaneum revela que a proporção de gênero influencia comportamento sexual entre machos | Freepik
Pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, conduziram experimentos com a espécie de besouro Tribolium castaneum e descobriram que machos criados em colônias com número excessivo de fêmeas tendem a apresentar mais comportamento homo ou bissexual.
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A motivação para esse estudo vem de uma questão antiga da biologia: por que animais se envolvem em relações que consomem tempo, energia e representam riscos, sem necessariamente garantir vantagem na transmissão genética para a próxima geração?
No trabalho, os cientistas formaram populações de besouros com diferentes proporções de sexo ao longo de várias gerações. Em populações onde haviam muitos machos (cerca de 90%), a competição por fêmeas era intensa e os machos mostravam-se mais seletivos ao acasalar.
Por outro lado, em grupos com grande predominância de fêmeas (também em torno de 90%), a pressão para disputar parceiras diminuía e os machos passavam a manifestar mais variedade no comportamento sexual.
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Kris Sales, líder da pesquisa, explicou que “nas colônias dominadas por machos, os besouros se tornavam altamente competitivos para localizar e acasalar com fêmeas com eficiência”.
Ele ressaltou ainda que os resultados são específicos: “Esses achados não se aplicam necessariamente a animais com funções cognitivas e estruturas sociais mais complexas, como aves e mamíferos, que podem ter outras motivações para acasalamento entre indivíduos do mesmo sexo”.
Quando havia muitas fêmeas no grupo, os machos não sentiam tanta pressão para encontrar uma parceira específica. De acordo com os autores, “em comunidades dominadas por fêmeas, é muito provável que um macho que acasale aleatoriamente acabe cruzando com uma fêmea e, por isso, produzir descendentes”.
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Esse cenário reduz a seletividade na escolha de parceiras e favorece encontros entre machos, sejam homo ou bissexuais. No entanto, em colônias lotadas de machos, a necessidade de discriminar e montar fêmeas faz com que essas relações entre machos diminuam.
Os pesquisadores concluíram que não se trata de dominação nem de uma preferência sexual fixa, mas de uma falha de reconhecimento: os machos “não discriminam perfeitamente as fêmeas como parceiras”.
Embora o estudo traga uma nova lente para entender a sexualidade entre insetos, os autores alertam para os limites da generalização. A estrutura cognitiva e social de aves, mamíferos e humanos é muito mais complexa e, portanto, comportamento semelhante pode ter motivações bem distintas.
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Mesmo assim, esse experimento ajuda a mostrar como fatores básicos — como a proporção de sexos e a pressão para se reproduzir — podem moldar o comportamento de acasalamento.
Quando a seleção é relaxada, os machos parecem mais dispostos a acasalar com qualquer parceiro porque isso já aumenta as chances de reprodução em colônias com muitas fêmeas.
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