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Município virou símbolo do aperto urbano e da falta de espaço para crescer | Ilustração/Diário do Litoral
Com ruas cheias, prédios colados e nenhum terreno livre, Taboão da Serra, na Grande São Paulo, se tornou o retrato mais claro do excesso urbano. O município, que já foi uma pequena vila rural, hoje é conhecido como o verdadeiro “formigueiro humano” paulista.
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O apelido não é exagero. Com mais de 13 mil habitantes por quilômetro quadrado, Taboão da Serra é uma das cidades mais densamente povoadas do Brasil. Segundo cálculos simples, seria como colocar quase 92 pessoas para jogar em cada um dos 140 campos de futebol que caberiam em um quilômetro quadrado — muito além do que qualquer espaço urbano comporta com conforto.
A história de Taboão da Serra começou no início do século XX, quando ainda era chamada de Vila Poá e fazia parte do território de Itapecerica da Serra. Naquele tempo, a área de cerca de 20 km² era basicamente composta por plantações e sítios. A paisagem rural dominava e o ritmo de vida era outro.
Foi só em 1959, com a emancipação política, que o município ganhou autonomia e começou a receber infraestrutura. Praças, parques e escolas começaram a surgir, acompanhando o crescimento populacional. O desenvolvimento, inicialmente tímido, preparava o terreno para o boom que viria nas décadas seguintes.
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O fator decisivo para essa mudança foi a localização. Estar ao lado da capital paulista fez de Taboão um refúgio acessível para quem buscava morar perto de São Paulo sem pagar os altos preços da metrópole. A proximidade com grandes vias, como a Régis Bittencourt, também ajudou.
Com o passar do tempo, o município se tornou uma opção estratégica: morar em Taboão significava ter o melhor dos dois mundos — preços mais baixos e fácil acesso à capital. Mas esse movimento em massa teve um custo: a cidade cresceu demais para o espaço que tinha.
Hoje, com mais de 273 mil habitantes, Taboão da Serra já está praticamente “cheia”. Em uma área de apenas 20 km², não há mais espaço físico para novas construções significativas. Segundo os dados divulgados, a taxa de urbanização é de quase 100%, o que significa que o município é completamente coberto por construções, ruas e infraestrutura.
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Mesmo assim, a população continua crescendo. Novos moradores chegam, os prédios sobem cada vez mais colados uns aos outros e o trânsito se intensifica. O espaço urbano, comprimido, já não dá conta do fluxo de pessoas e veículos que circulam diariamente.
O fenômeno da densidade excessiva gera impactos diretos na vida de quem mora ali. Ruas congestionadas, falta de áreas verdes e pressão sobre os serviços públicos fazem parte da rotina dos taboanenses. A cidade tornou-se o exemplo perfeito do que acontece quando o crescimento urbano acontece mais rápido do que o planejamento.
Esses elementos tornam o cotidiano cada vez mais desafiador. A cidade não é apenas populosa — é densamente compacta, uma espécie de laboratório vivo sobre os efeitos da urbanização desenfreada.
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Segundo reportagem do Diário do Litoral, Taboão da Serra representa o limite físico do crescimento urbano na Grande São Paulo. Com cada pedaço do território ocupado, o município ilustra o preço do avanço sem controle e da falta de planejamento regional.
O resultado é uma paisagem em que os prédios se tocam, as ruas se estreitam e o espaço parece sempre menor do que deveria ser. É um retrato do que muitas cidades brasileiras podem enfrentar no futuro, caso não repensem sua expansão e uso do solo.
Apesar das dificuldades, Taboão da Serra segue vibrante e ativa. A cidade continua atraindo novos moradores, seja pela localização estratégica, seja pela infraestrutura consolidada. Mas o apelido de “formigueiro humano” revela mais do que curiosidade: mostra a necessidade urgente de repensar como as cidades crescem e se sustentam.
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No fim, o pequeno município da Grande São Paulo é um símbolo da metrópole moderna — um lugar onde o espaço acabou, mas as pessoas continuam chegando. E cada novo habitante torna ainda mais evidente a pergunta que paira sobre Taboão: até onde é possível crescer sem espaço?
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