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Como o maior importador de roupas usadas da América do Sul enfrenta um problema ambiental sem precedentes | Foto: Reprodução/Imagem gerada por IA
Num caminho improvisado no deserto do Atacama, no norte do Chile, montanhas de roupas se espalham pelo solo árido. De camisetas a trajes de banho, o cenário surreal esconde um grave problema ambiental.
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Apenas em Alto Hospicio, comunidade próxima a Iquique, toneladas de peças são abandonadas todos os anos. "Sabe-se que ao menos 60% do que se importa é resíduo", afirma, à BBC, Edgard Ortega, da prefeitura local.
O país é o maior importador de peças de segunda mão da América do Sul, recebendo 90% desse mercado na região. As roupas chegam principalmente dos EUA e Europa, muitas delas descartadas por brechós ou doações não aproveitadas.
"Fazemos uma seleção dividida em primeira, segunda e terceira categoria", explica, à BBC, Paola Laiseca, da PakChile. Enquanto as melhores peças são revendidas, o restante muitas vezes acaba em lixões clandestinos.
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A moda rápida já é uma das indústrias mais poluentes do mundo. No Atacama, o problema se agrava: muitas peças contêm poliéster, material que leva 200 anos para se decompor. Com o tempo, liberam microplásticos que contaminam o solo e o ar.
Incêndios frequentes nos depósitos ilegais pioram a situação. "A fumaça pode provocar doenças cardiorrespiratórias", alerta, para a BBC, Gerson Ramos, do governo regional.
Autoridades discutem medidas como a inclusão das roupas usadas em leis de responsabilidade ambiental. Mas a falta de fiscalização e orçamento dificulta avanços.
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Enquanto isso, o deserto segue recebendo diariamente novas peças. "Ninguém quer viver em um lixão", diz, à BBC, o prefeito Patricio Ferreira. "Mas transformamos nossa cidade no lixão do mundo".
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