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O que a psicologia recomenda para evitar que seu filho se interesse pelo mundo do crime

Estudo da USP comprova que apoio familiar e supervisão parental reduzem comportamentos infratores em jovens, fortalecendo autocontrole e desenvolvimento emocional

Julia Teixeira

12/05/2025 às 16:55

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Jovens com maior apoio, afeto e supervisão familiar tem menos propensão a praticar crimes

Jovens com maior apoio, afeto e supervisão familiar tem menos propensão a praticar crimes | Foto: Reprodução/Freepik

Um estudo da USP ressalta como a interação familiar, desde afeto à supervisão, podem ser importantes para a redução de criminalidade juvenil e para o desenvolvimento emocional de jovens

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O estudo aponta que adolescentes que identificam apoio familiar e preocupação por parte dos responsáveis, tendem a ter um melhor desenvolvimento emocional e de autocontrole, o que reduz a propensão de ações infratoras. 

Ana Beatriz Prado Schiavone, psicóloga da USP e autora da pesquisa, explica que o autocontrole é a regulação do comportamento social.

Este autocontrole está ligado a uma administração eficiente dos pensamentos, dos impulsos, das emoções e que esta habilidade pode ser melhor desenvolvida no convívio dos pais e responsáveis.

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“O estudo mostrou que há uma relação entre o autocontrole e comportamentos infracionais, e que adolescentes mais impulsivos e com necessidade de busca por sensações – duas dimensões do autocontrole – apresentam maiores chances de cometer delitos de diversas naturezas”, afirmou a pesquisadora ao Jornal da USP.

Sobre a pesquisa

Os dados foram coletados em 2022 com cerca de 2 mil adolescentes entre 13 e 17 anos, dos sexos feminino, masculino e não-binário, que eram estudantes da rede pública e privada da região de Ribeirão Preto e Sertãozinho.

A pesquisa faz parte do estudo Internacional Self-Reported Delinquency Study (ISRD4), que envolve 44 países ao redor do mundo. 

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Os jovens foram divididos em quatro grupos, considerando as duas dimensões do autocontrole – impulsividade e busca por emoções.

  • Alto Autocontrole (para os que apresentavam baixa impulsividade e baixa busca por sensações),
  • Baixo Autocontrole (alta impulsividade e alta busca por sensações),
  • Impulsivos (alta impulsividade e baixa busca por sensações) e
  • Buscadores de Sensações (baixa impulsividade e alta busca por sensações). 

Com base nessas categorias, foi examinada a conexão dos adolescentes com seus responsáveis, levando em conta práticas parentais, como laços familiares e monitoramento dos pais. 

Depois, o estudo investigou possíveis diferenças na participação dos jovens em atos infracionais, analisando o tipo, a frequência e a ocorrência de 14 categorias de crimes, incluindo agressões, posse de armas, pichação, roubo, invasão de sistemas e dano ao patrimônio.

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Sobre o relacionamento com os pais ou cuidadores principais, a avaliação incluiu afirmações avaliativas como “Tenho uma ótima relação com meu pai (ou padrasto)”; “Tenho uma ótima relação com minha mãe (ou madrasta)” e “Consigo facilmente obter apoio emocional e cuidado dos meus pais”.

Também foram conferidas afirmações como “Um adulto em casa sabe onde estou quando saio”; “Um adulto em casa sabe o que faço quando saio”; “Um adulto em casa sabe com quem estou quando saio” e “Um adulto em casa sabe o que faço na internet”.

Dos 1.869 adolescentes analisados, 564 foram classificados como Alto Autocontrole, com notas mais altas em ambas as dimensões, indicando maior domínio sobre comportamentos impulsivos e de busca por emoções.

 Outros 378 demonstraram Baixo Autocontrole, com pontuações mais baixas nas duas dimensões; 452 foram enquadrados como Impulsivos; e 475 como Buscadores de Sensações.

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Em relação aos aspectos familiares, os jovens do grupo Alto Autocontrole obtiveram as maiores pontuações em vínculo familiar e monitoramento parental, superando os outros três grupos (Baixo Autocontrole, Impulsivos e Buscadores de Sensações).

Também registraram menor participação em infrações. Os adolescentes com Baixo Autocontrole relataram os índices mais altos de envolvimento em delitos, seguidos pelos Buscadores de Sensações, que tiveram mais ocorrências que os grupos de Baixo Autocontrole e Impulsivos.

Quanto ao gênero, os grupos de Alto Autocontrole e Impulsivos apresentaram uma proporção menor de meninos, enquanto os Buscadores de Sensações tiveram menos meninas. 

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Não foram identificadas diferenças estatisticamente relevantes em relação ao tipo de escola e ao nível socioeconômico dos participantes.

Resultados da pesquisa

No levantamento geral, os atos infracionais mais relatados pelos jovens, cometidos nos últimos 12 meses, foram: brigas em grupo (7,3%), posse ilegal de arma (5,2%), pichações (4,9%), furtos em estabelecimentos comerciais (4,0%), invasão de sistemas (3,4%) e danos ao patrimônio (2,7%). 

Quando considerada a ocorrência ao longo da vida, os mesmos delitos apareceram, mas em outra ordem: brigas em grupo (13,9%), furtos em lojas (11,0%), porte de armas (9,8%), pichações (8,0%), pirataria digital (6,8%) e vandalismo (6,0%).

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Entre os adolescentes classificados como Alto Autocontrole, os relatos de envolvimento incluíram brigas coletivas e posse de armas no último ano, além de furtos em comércios ao longo da vida. 

Os Buscadores de Sensações apresentaram um perfil similar, com a adição do porte de arma entre as infrações mais cometidas em sua trajetória.

Já o grupo de Baixo Autocontrole destacou-se por brigas em grupo e pichações no período recente, além da posse de armas como a infração mais frequente ao longo da vida. 

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Por sua vez, os Impulsivos reportaram maior participação em brigas coletivas e furtos em estabelecimentos em ambas as análises.

No que diz respeito a delitos de maior gravidade psicossocial – aqueles que representam risco à integridade física ou emocional das vítimas –, a prevalência foi relativamente baixa em todos os grupos. 

No grupo de Baixo Autocontrole, esses índices foram de 2,5 a 10,5 vezes superiores aos do grupo de Alto Autocontrole

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Supervisão parental: um desafio duplo

Para Marina Rezende Bazon, professora e orientadora de Ana Beatriz na pesquisa, os achados corroboram pesquisas internacionais e reforçam a importância da supervisão por parte dos responsáveis. 

Em sua opinião, essa tarefa "é complexa, pois exige monitoramento simultâneo do ambiente virtual e presencial, além de lidar com a resistência típica da adolescência ao controle familiar", completou a pesquisadora.

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