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Padaria São Domingos | Eduardo Anizelli/Folhapress
No coração da Bela Vista, a Padaria São Domingos mantém acesa uma tradição que atravessa gerações.
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Fundada em 1913 pelo italiano Domingos Albanese, a casa segue no mesmo endereço há mais de um século, preservando memórias da família e o sabor do pão italiano que se tornou referência na cidade.
A história do negócio se confunde com a própria história do bairro e da imigração italiana em São Paulo.
Depois da morte do fundador, em 1945, o comando passou para o filho e, mais tarde, para o neto Domingos, sempre ao lado da esposa, Anita, muito querida pelos clientes e figura decisiva para a sobrevivência da padaria.
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Na década de 1960, o projeto de abertura da avenida Radial Leste–Oeste previa a desapropriação do imóvel onde funciona a padaria. A notícia trouxe preocupação à família e ao comércio local. Se o plano fosse adiante, o prédio seria demolido e a tradição de décadas corria o risco de acabar.
Anita Albanese, porém, não se conformou. Bem relacionada com políticos, artistas e lideranças da época, ela se mobilizou para defender o imóvel e o negócio da família. Graças à sua articulação, o traçado da nova avenida foi desviado e o prédio foi preservado.
O resultado dessa vitória pode ser visto até hoje: a rua São Domingos é interrompida logo à esquerda da padaria e o sobrado onde o negócio nasceu continua em pé, agora protegido como patrimônio pelo Conpresp.
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Desde a fundação, a padaria funcionou no térreo, enquanto a família Albanese morava no pavimento superior. O sobrado simples, típico da Bela Vista, era também lugar de encontro e de boa mesa.
De acordo com matéria publicada na Folha de S.Paulo, um dos visitantes frequentes era o compositor Adoniran Barbosa.
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O músico costumava ir ao local para comer fusili com molho de calabresa e bife à milanesa preparados por Anita. A amizade com a família reforçou ainda mais a ligação da padaria com a memória afetiva do bairro e da cidade.
A Padaria São Domingos segue instalada e em funcionamento no mesmo endereço de 1913, na rua São Domingos, 330. O imóvel, com salão comercial no térreo e residência no andar de cima, é tombado pelo Conpresp desde 2002 e integra o conjunto de bens protegidos da região.
Das instalações originais, o estabelecimento preserva algumas prateleiras de madeira escura e a disposição tradicional do salão, com o balcão de atendimento ao fundo. Nas paredes laterais, prateleiras e expositores refrigerados exibem pães, queijos, frios, linguiças, doces e antepastos.
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Nos fins de semana, as filas para comprar os pães costumam dobrar a esquina da rua Conselheiro Ramalho. Há quem vá de longe em busca do pão italiano, do pão de linguiça e de outros produtos artesanais que se tornaram marca registrada da casa.
O preparo do pão italiano é motivo de orgulho para a família. Segundo os proprietários, as receitas vêm sendo passadas de geração em geração e mantêm a técnica tradicional desde os tempos do fundador.
O pão italiano São Domingos é produzido por fermentação natural e de maneira artesanal, no mesmo forno usado pelos antepassados.
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A ausência de produtos químicos e o cuidado no processo garantem pães de crosta firme, miolo úmido e sabor característico, que conquistaram fregueses dentro e fora do bairro.
Ao longo dos anos, o cardápio cresceu sem abandonar as raízes. Além do tradicional pão italiano, a casa comercializa pães recheados, doces, queijos, linguiças, antepastos e o famoso pão de linguiça, preparado com ingredientes selecionados.
Parte da produção é vendida no balcão e parte segue para restaurantes, supermercados e lojas da cidade, que utilizam o pão italiano São Domingos em receitas e cestas de pães.
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Mais do que um estabelecimento comercial, a Padaria São Domingos é referência local e urbana. Ela preserva a memória da imigração italiana, resiste às mudanças do entorno e mantém uma relação afetiva com moradores, antigos fregueses e novos clientes que chegam em busca de história e sabor.
Hoje, o negócio segue nas mãos dos herdeiros de Domingos Albanese: Eliana Albanese, Felipe Albanese Neto e Silvio Albanese.
A família mantém o compromisso de seguir no mesmo endereço, com a mesma essência e com o legítimo pão italiano que ajudou a construir a identidade da Bela Vista.
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