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Em dezembro de 2000, o antigo Grand Splendid reabriu como livraria da rede El Ateneo, após uma reforma que preservou o projeto original. | Wikimedia Commons
Há 25 anos, um antigo teatro na avenida Santa Fe, em Buenos Aires, trocou o roteiro das peças pelos enredos dos livros.
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Reconhecida internacionalmente como uma das livrarias mais bonitas do mundo, a Ateneo Grand Splendid celebra um quarto de século como livraria com mais de 200 mil exemplares nas estantes e um fluxo diário de visitantes que tratam o espaço como um verdadeiro ponto turístico.
Nos fins de semana, são milhares de pessoas circulando pelo salão principal, muitas delas brasileiras. Nem todas vão para comprar: há quem entre apenas para caminhar pelos antigos camarotes, fotografar a cúpula pintada e tomar um café no palco onde antes se apresentavam atores e músicos.
Para celebrar a data, o Ateneo prepara a abertura da “Experiência Grand Splendid”, no terceiro andar, perto da cúpula. O novo espaço, previsto para estrear entre o fim de dezembro e o início de janeiro, será um percurso imersivo pela história do edifício.
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O visitante poderá conhecer as diferentes fases do prédio, que já foi teatro, cinema e estúdio de gravação. Na antiga sala de ensaio, haverá uma área dedicada a Carlos Gardel, além de um café decorado com imagens da vida cultural do local. A proposta é reforçar o caráter de memória viva, e não apenas de comércio de livros.
Paralelamente, uma programação especial foi montada para o público, com sessões de autógrafos, como a de Gabriel Rolón, e o Ciclo Leer YA, voltado à literatura juvenil. A ideia é manter o salão em constante movimento, com encontros, debates e atividades voltadas a novos leitores.
O edifício que hoje abriga a livraria foi construído em 1903 para ser teatro, após a demolição de uma fábrica de carruagens. Primeiro, abrigou o Teatro Nacional Norte. Em 1919, foi comprado pelo empresário Max Glücksmann, reformado e rebatizado como Splendid Theater.
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O projeto, assinado pelos arquitetos Peró e Torres Armengol, apostava em conforto e modernidade: quatro fileiras de camarotes, centenas de poltronas, refrigeração, calefação e teto retrátil.
A fachada com inspiração grega, esculturas de Troiano Troiani e a cúpula pintada por Nazareno Orlandi ajudaram a criar o ambiente que hoje impressiona quem entra pela primeira vez.
O prédio também foi palco de inovações tecnológicas. Em 1923, recebeu as primeiras transmissões de rádio da Argentina, com a Radio Splendid. Nos andares superiores, funcionou a gravadora El Nacional Odeón.
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Nos anos 1920, concursos de tango reuniam nomes como Carlos Gardel e ajudavam a consolidar a relação do espaço com a cultura portenha.
A partir de 1926, a casa abraçou o cinema. Ali foi exibido o primeiro filme sonoro estreado em Buenos Aires. As peças teatrais seguiram até o início dos anos 1970, e o cinema permaneceu até fevereiro de 2000, quando “Beleza Americana” marcou a última sessão antes da grande transformação.
Em dezembro de 2000, o antigo Grand Splendid reabriu como livraria da rede El Ateneo, após uma reforma que preservou o projeto original. O palco virou café, os camarotes abrigaram estantes e o teto pintado continuou como protagonista nas fotos dos visitantes.
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Hoje, o espaço recebe cerca de 180 mil pessoas por mês e coleciona reconhecimentos, como a Medalha do Bicentenário e o título de “Testemunho vivo da memória cidadã”. Nas listas internacionais, costuma figurar entre as livrarias mais bonitas do mundo e se firmou como cartão-postal de Buenos Aires.
Para quem visita a cidade, a experiência costuma ser parecida: primeiro, a surpresa ao entrar no antigo teatro tomado por livros; depois, a vontade de ficar um pouco mais, folheando títulos, olhando para cima, sentando no café do palco.
Entre passado e presente, o Ateneo Grand Splendid segue em cartaz – agora com bilheteria feita de papel, tinta e leitura.
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