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Admitir um erro pode ser menos sobre perder e mais sobre ganhar espaço para algo que faz falta em muitas relações: leveza. | Freepik
Em uma reunião de trabalho, alguém sugere um caminho diferente. Em casa, um comentário simples vira discussão. No grupo de amigos, a conversa termina com aquela sensação de que ninguém foi ouvido de verdade.
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Querer ter sempre a razão é um comportamento que aparece em situações comuns do dia a dia e, muitas vezes, é rotulado como “personalidade difícil” ou “temperamento forte”.
Só que a psicologia olha para esse hábito por outro ângulo: a necessidade constante de estar certo pode ter ligação com mecanismos internos mais profundos, especialmente a maneira como a pessoa lida com inseguranças, críticas e com a própria imagem.
Em vez de ser apenas teimosia, pode ser uma estratégia de proteção que, com o tempo, cobra um preço alto nas relações.
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Na psicologia, esse padrão costuma ser entendido como uma combinação de fatores cognitivos e emocionais. Um conceito frequentemente associado é o da inflexibilidade cognitiva, que descreve a dificuldade de mudar de ideia, considerar novas perspectivas ou revisar crenças antigas.
Na prática, isso pode fazer com que divergências sejam interpretadas como um desafio pessoal, não como uma diferença natural de opinião. O diálogo, então, deixa de ser um espaço de troca e vira um “campo de prova”, em que a prioridade não é compreender, mas defender a própria imagem a qualquer custo.
Esse tema, inclusive, ganhou força nas redes sociais com conteúdos como um vídeo da psicóloga Larissa Storino, em que ela responde dúvidas sobre essa necessidade de estar sempre certo, algo que muita gente reconhece em si ou em pessoas próximas.
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Abordagens clínicas atuais apontam que o comportamento de precisar estar certo o tempo todo pode ter raízes em diferentes áreas da vida emocional. Em muitos casos, ele se conecta a experiências anteriores, modelos de relacionamento e estratégias de proteção que foram se consolidando ao longo dos anos.
Além de fatores individuais, como traços de personalidade mais rígidos, o ambiente em que a pessoa cresceu também pode reforçar esse padrão. Entre as causas comuns, destacadas por Souza, Pelegrini e Fineberg (2024), estão:
Em outras palavras: para algumas pessoas, ceder não é só “dar o braço a torcer”. Ceder pode soar como ameaça.
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Do ponto de vista das relações, a necessidade constante de ter razão costuma gerar desgaste silencioso. Conversas simples podem se transformar em disputas, porque o objetivo passa a ser provar algo, e não compreender o outro. A empatia diminui, a parceria enfraquece e a convivência vira um terreno de tensão.
Com o tempo, alguns sinais aparecem com frequência:
No campo emocional, insistir em estar certo o tempo todo pode aumentar ansiedade e tensão interna. A pessoa passa a monitorar situações para garantir que não será desmentida, limita a abertura ao aprendizado e pode sentir solidão por ser percebida como alguém que nunca recua.
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A psicologia indica que, embora esse comportamento possa estar bem enraizado, ele não é fixo. Com autoconhecimento e, em alguns casos, acompanhamento profissional, é possível reconhecer padrões, entender de onde vem a dificuldade em admitir erros e construir formas mais flexíveis de se relacionar com opiniões diferentes.
Algumas estratégias simples ajudam a reduzir a postura defensiva e a melhorar as relações:
No fim, admitir um erro pode ser menos sobre perder e mais sobre ganhar espaço para algo que faz falta em muitas relações: leveza. Quando a conversa deixa de ser duelo, ela volta a ser encontro.
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