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Querer estar sempre certo pode ser insegurança; veja o que a psicologia diz

Querer estar sempre certo nem sempre é confiança; a psicologia aponta que o hábito pode ser defesa contra críticas, medo de errar e baixa autoestima, afetando as relações

Raphael Miras

12/12/2025 às 16:15

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Admitir um erro pode ser menos sobre perder e mais sobre ganhar espaço para algo que faz falta em muitas relações: leveza.

Admitir um erro pode ser menos sobre perder e mais sobre ganhar espaço para algo que faz falta em muitas relações: leveza. | Freepik

Em uma reunião de trabalho, alguém sugere um caminho diferente. Em casa, um comentário simples vira discussão. No grupo de amigos, a conversa termina com aquela sensação de que ninguém foi ouvido de verdade.

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Querer ter sempre a razão é um comportamento que aparece em situações comuns do dia a dia e, muitas vezes, é rotulado como “personalidade difícil” ou “temperamento forte”.

Só que a psicologia olha para esse hábito por outro ângulo: a necessidade constante de estar certo pode ter ligação com mecanismos internos mais profundos, especialmente a maneira como a pessoa lida com inseguranças, críticas e com a própria imagem.

Em vez de ser apenas teimosia, pode ser uma estratégia de proteção que, com o tempo, cobra um preço alto nas relações.

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O que significa sempre querer ter razão segundo a psicologia

Na psicologia, esse padrão costuma ser entendido como uma combinação de fatores cognitivos e emocionais. Um conceito frequentemente associado é o da inflexibilidade cognitiva, que descreve a dificuldade de mudar de ideia, considerar novas perspectivas ou revisar crenças antigas.

Na prática, isso pode fazer com que divergências sejam interpretadas como um desafio pessoal, não como uma diferença natural de opinião. O diálogo, então, deixa de ser um espaço de troca e vira um “campo de prova”, em que a prioridade não é compreender, mas defender a própria imagem a qualquer custo.

Esse tema, inclusive, ganhou força nas redes sociais com conteúdos como um vídeo da psicóloga Larissa Storino, em que ela responde dúvidas sobre essa necessidade de estar sempre certo, algo que muita gente reconhece em si ou em pessoas próximas.

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Quais são as principais causas de querer ter sempre a razão

Abordagens clínicas atuais apontam que o comportamento de precisar estar certo o tempo todo pode ter raízes em diferentes áreas da vida emocional. Em muitos casos, ele se conecta a experiências anteriores, modelos de relacionamento e estratégias de proteção que foram se consolidando ao longo dos anos.

Além de fatores individuais, como traços de personalidade mais rígidos, o ambiente em que a pessoa cresceu também pode reforçar esse padrão. Entre as causas comuns, destacadas por Souza, Pelegrini e Fineberg (2024), estão:

  • Medo de errar: o equívoco é vivido como falha pessoal. Admitir um engano gera desconforto intenso, como se a pessoa “perdesse valor” ao se corrigir.
  • Baixa autoestima e insegurança: confirmar que está certo funciona como uma forma rápida de reforçar o próprio valor e evitar a sensação de inferioridade.
  • Inflexibilidade cognitiva: há resistência em rever crenças ou aceitar informações que contrariem o que já se pensa.
  • Necessidade de controle: manter opiniões firmes pode dar sensação de ordem em situações que parecem imprevisíveis.

Em outras palavras: para algumas pessoas, ceder não é só “dar o braço a torcer”. Ceder pode soar como ameaça.

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Como esse comportamento afeta relacionamentos e o bem-estar emocional

Do ponto de vista das relações, a necessidade constante de ter razão costuma gerar desgaste silencioso. Conversas simples podem se transformar em disputas, porque o objetivo passa a ser provar algo, e não compreender o outro. A empatia diminui, a parceria enfraquece e a convivência vira um terreno de tensão.

Com o tempo, alguns sinais aparecem com frequência:

  • discussões se prolongam além do necessário;
  • erros pequenos ganham proporções maiores porque não há admissão;
  • outras pessoas passam a evitar certos temas ou até a conversa em si;
  • a pessoa arrisca de ser vista como rígida, pouco acessível ou “difícil de lidar”.

No campo emocional, insistir em estar certo o tempo todo pode aumentar ansiedade e tensão interna. A pessoa passa a monitorar situações para garantir que não será desmentida, limita a abertura ao aprendizado e pode sentir solidão por ser percebida como alguém que nunca recua.

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É possível lidar de forma diferente com a necessidade de ter razão

A psicologia indica que, embora esse comportamento possa estar bem enraizado, ele não é fixo. Com autoconhecimento e, em alguns casos, acompanhamento profissional, é possível reconhecer padrões, entender de onde vem a dificuldade em admitir erros e construir formas mais flexíveis de se relacionar com opiniões diferentes.

Algumas estratégias simples ajudam a reduzir a postura defensiva e a melhorar as relações:

  • Perceber os gatilhos: identificar em quais situações a necessidade de ter razão aparece com mais força, como em certos temas, com determinadas pessoas ou em momentos de estresse.
  • Diferenciar crítica de ataque pessoal: separar a ideia que está sendo questionada da própria identidade diminui a sensação de ameaça.
  • Praticar escuta ativa: ouvir de verdade, em vez de preparar contra-argumentos enquanto a outra pessoa fala, muda a qualidade de qualquer conversa.
  • Normalizar o erro: encarar equívocos como parte do desenvolvimento, e não como sinal de fracasso, facilita corrigir rotas sem viver isso como derrota.

No fim, admitir um erro pode ser menos sobre perder e mais sobre ganhar espaço para algo que faz falta em muitas relações: leveza. Quando a conversa deixa de ser duelo, ela volta a ser encontro.

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