Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Conheça a sopa de ossos que divide opiniões entres especialistas | Freepik
De colágeno à digestão, o caldo de ossos é apontado como um preparo natural capaz de fortalecer articulações, melhorar a pele e até proteger o intestino. No entanto, especialistas afirmam que a maioria dessas promessas ainda carece de comprovação científica.
Continua depois da publicidade
O portal Life Pravda conversou com pesquisadores e nutricionistas citados pelo The New York Times para entender se o caldo de ossos é mesmo um superalimento ou apenas mais uma tendência do bem-estar.
O caldo de ossos, conhecido como “bone broth”, é preparado ao ferver ossos de boi, frango ou porco por longas horas, às vezes até mais de 24. O processo prolongado extrai proteínas, minerais e aminoácidos dos ossos e tecidos conjuntivos, resultando em um líquido espesso e saboroso.
Essa técnica, usada há séculos em diferentes culturas, voltou à moda entre influenciadores de saúde e entusiastas do “slow food”. Nas redes sociais, o caldo de ossos é apresentado como um elixir que “cura de dentro para fora”. Além de ser usado como base para sopas, ele é consumido puro, como uma bebida quente.
Continua depois da publicidade
A promessa de benefícios à saúde é o que mais atrai os consumidores. Entre os mais citados estão a regeneração das articulações, melhora da digestão, fortalecimento da pele e até o reforço da imunidade. Mas o que dizem os cientistas?
Muitos acreditam que os aminoácidos presentes no caldo, como a glicina e a prolina, ajudam na produção de colágeno, essencial para tendões, ligamentos e cartilagens.
Keith Baar, professor da Universidade da Califórnia, afirma que a ideia “faz sentido em teoria”, já que suplementos de colágeno e gelatina mostraram resultados positivos em alguns estudos.
Continua depois da publicidade
Essas pesquisas, no entanto, envolveram suplementos concentrados e não o caldo de ossos em si. A quantidade de aminoácidos presente no caldo caseiro ou industrializado pode variar muito, e, em muitos casos, ser insuficiente para gerar efeitos reais.
Segundo Louise Burke, professora de nutrição esportiva na Universidade Católica Australiana, ainda não há evidências de que o caldo de ossos tenha os mesmos efeitos dos suplementos de colágeno. Ou seja: ele pode ser nutritivo, mas não há garantias de que proteja suas articulações.
Um dos principais argumentos dos defensores do caldo é seu potencial anti-inflamatório intestinal. Isso se deve à glutamina, um aminoácido presente em grandes quantidades na bebida. Estudos com suplementos de glutamina mostraram efeitos positivos na redução de inflamações intestinais.
Continua depois da publicidade
O gastroenterologista Michael Camilleri, da Clínica Mayo, destaca que um estudo com camundongos observou menor inflamação intestinal após o consumo de caldo de ossos por 10 dias. Mas ainda não há pesquisas que confirmem o mesmo efeito em seres humanos.
Camilleri acredita que o caldo pode ter algum benefício para a digestão, especialmente por ser leve e de fácil absorção. No entanto, ele alerta: ainda é cedo para considerar o alimento uma “cura natural” para o intestino.
O colágeno também é o protagonista quando o assunto é beleza. O dermatologista Rajani Katta, do Baylor College of Medicine, explica que o colágeno é fundamental para a firmeza e elasticidade da pele.
Continua depois da publicidade
Porém, até o momento, não existem estudos que relacionem diretamente o consumo de caldo de ossos à melhora da aparência da pele.
Mesmo que o caldo contenha aminoácidos que ajudam na produção de colágeno, isso não significa que o corpo irá direcioná-los especificamente para a pele. A forma como o corpo absorve e utiliza esses nutrientes é complexa e depende de muitos fatores.
Assim, embora o caldo possa ser uma opção nutritiva e reconfortante, não há provas de que ele substitua os efeitos dos cosméticos ou suplementos de colágeno voltados à estética.
Continua depois da publicidade
O caldo de ossos pode ser uma adição saudável à dieta, especialmente para quem busca uma fonte leve de proteína e um alimento reconfortante em dias frios ou de convalescença. Ele ajuda na hidratação, saciedade e pode substituir sopas industrializadas com alto teor de gordura.
Mas há ressalvas. Como explica a nutricionista Amy Braganini, versões prontas podem conter muito sódio. Além disso, o cozimento prolongado dos ossos pode liberar traços de chumbo, razão pela qual especialistas recomendam limitar o consumo a uma ou duas porções semanais, especialmente em gestantes e crianças.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade