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O excesso de cera pode causar perda auditiva temporária | Imagem gerada por IA
As hastes flexíveis, popularmente conhecidas com o nome comercial “cotonete”, não são recomendadas para limpar o ouvido — hábito comum no Brasil. O próprio fabricante inclui um aviso nas embalagens. Essa prática pode causar machucados no canal auditivo e até perfuração do tímpano.
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Para responder às principais dúvidas sobre a forma correta de limpar o canal auditivo, a Gazeta ouviu Tatiana Guthierre, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês.
A pele do nosso ouvido é renovada de dentro para fora, quando ela vai saindo, traz o cerume que foi produzido pelas glândulas ceruminosas ao longo do canal.
Quando usamos hastes flexíveis, acabamos empurrando o cerume para dentro do conduto auditivo, o que pode causar uma massa compacta de cera e sensação de abafamento na audição.
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Além disso, podemos causar pequenos machucados na pele do ouvido, que é naturalmente mais frágil do que a pele do restante do corpo. Isso porque, logo abaixo dela, há o osso do conduto auditivo, sem a camada de gordura e músculos presentes em outras partes.
Costumamos dizer que a melhor forma de remover o cerume é com o “cotovelo” (sem usar objetos). Ou seja, não devemos introduzir nada dentro do canal do ouvido para essa remoção.
O indicado é lavar com o dedo durante o banho e secar usando a ponta do dedo (apenas até onde alcança) ou um tecido macio. Às vezes, a própria toalha de banho não é a ideal, por ser muito felpuda ou grossa.
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O cerume (cera de ouvido) tem função de proteção do canal auditivo. Ele tem fatores antibióticos e anti-inflamatórios que protegem a pele. Pela viscosidade, o cerume repele a entrada de água e de insetos, entre outras coisas.
Pode ser um problema, por causar obstrução do canal e sensação de entupimento maior, diminuindo temporariamente a audição. Mas não causa nenhuma lesão além do inconveniente de ter que ir ao médico otorrinolaringologista para remover o cerume.
Deve ser um cuidado rotineiro, inclusive para pacientes que usam aparelhos auditivos. Estes, naturalmente, pela colocação dos dispositivos, acabam empurrando o cerume para dentro do canal, o que atrapalha a ação das próteses auditivas.
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Fones não interferem na produção de cerume. O que eles fazem é possivelmente empurrar a cera para dentro do conduto, podendo causar rebaixamento auditivo temporário até que o cerume seja removido.
As características do cerume estão mais relacionadas ao tipo de pele do que à idade, de fato. Uma pele mais oleosa tem maior tendência a aumento da produção de cerume.
Alguém com dermatite pode ter mais coceira no ouvido e maior descamação da pele dentro do conduto, o que faz acumular cerume mais rapidamente.
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Em um banho habitual, a água não costuma entrar tanto nos ouvidos. A própria cera o protege, pois tem características hidrofóbicas (repele a água).
No entanto, alguns pacientes que têm predisposição a otites externas — inflamação do canal externo do ouvido — de repetição podem acabar favorecendo uma infecção.
Isso é mais comum no período de férias, quando as pessoas frequentam mais piscina, praia e ficam molhadas ou mergulhando por períodos mais prolongados que o habitual. Nesses casos, é comum vermos aumento na frequência de otites externas.
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A forma correta de secar é com o dedo envolvido em um tecido delicado, secando apenas até onde ele alcançar.
Não há nenhuma recomendação científica para a limpeza dos ouvidos de forma invasiva que não seja feita ou supervisionada por um médico — de preferência, um médico otorrinolaringologista.
Devemos tomar muito cuidado com esses “tratamentos milagrosos”, pois podem causar danos aos pacientes. Já atendi pacientes que fizeram sessões com vela e sofreram queimaduras no conduto auditivo.
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Existem também dispositivos com câmera e hastes vendidos na internet para que a própria pessoa remova a cera. Como médicos, não recomendamos esses procedimentos.
O risco de lesão existe e a própria pessoa (ou outra sem o treinamento adequado) pode não ter a mão firme o suficiente e acabar machucando até o tímpano.
No verso da embalagem de Cotonetes um aviso: “O produto não deve ser inserido no canal do ouvido devido ao risco de perfuração do tímpano”. Mas então, para que servem as hastes flexíveis?
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A fabricante indica o uso do produto para “limpar delicadamente às áreas mais sensíveis, como a parte externa da orelha (desde que não atinja o canal do ouvido), nariz, o umbigo, as dobrinhas do pescoço e pernas do bebê”.
Além disso, o uso para maquiagem também é recomendado. O canal auditivo é autolimpante e, por isso, limpar o ouvido com o dedo é a forma mais recomendada.
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